Carlos Drumond de Andrade Contagem do Tempo

Chorarmos por daqui a cem anos não estarmos vivos é loucura semelhante à de chorarmos por não termos vivido há cem anos.

Normalmente, são tão poucas as diferenças de homem para homem que não há motivo nenhum para sermos vaidosos.

O valente tem medo do seu adversário; o covarde tem medo do seu próprio temor.

Os elogios de maior crédito são os que os nossos próprios inimigos nos tributam.

O pesar e o prazer andam tão emparelhados que tanto se desnorteia o triste que desespera quanto o alegre que confia.

O avarento gasta mais no dia da sua morte do que gastou em dez anos de vida, e o seu herdeiro mais em dez meses do que ele na vida inteira.

O ódio e a guerra que declaramos aos outros gasta-nos e consome-nos a nós mesmos.

A pena é a língua da alma.

A nossa grande e gloriosa obra-prima é viver a propósito.

As oportunidades do indivíduo não as definiremos em termos de felicidade, mas em termos de liberdade.

A arte de agradar é a arte de enganar.

A guerra, assim como é madrasta dos covardes, é mãe dos corajosos.

A religião supre o juízo e a razão que falta em muita gente.

É pelos defeitos que podemos governar os que nos amam.

Aquele que perde a reputação pelos negócios, perde os negócios e a reputação.

Sem os males que contrastam os bens, não nos creríamos jamais felizes por maior que fosse nossa felicidade.

Não há no mundo palavras tão convincentes como as lágrimas.

Paciência e nada de pressas fazem mais do que a força e a ira.

Sopra o vento
Segura-te borboleta!
Na pétala da flor.

Mudamos de paixões, mas não vivemos sem elas.