Carlos Drumond de Andrade Contagem do Tempo

O piano que toca em silêncio


Irredutível é o suspirar da miragem, ela que me invoca tão estranhamente no indefinido. Não tomo partido de mim mesmo, não esfrio pensamentos, não enxugo lágrimas de ninguém. Era escrita uma carta, uma carta que levava tudo dentro, até o suspiro da tua ingenuidade. Toda a gente pensava que eu era o tal, tu pensavas que eu era o tal, o tal que transparecia insignificância, egoísmo, vaidade. Nunca que as minhas palavras me tomaram por quem eu não sou, nunca que o tempo invejou meus desabafos, nunca que o caminho se desviou dos meus pés, nunca que os meus segredos se deram por derrotados, mas a alma fica como uma vida inacabada. Todos os dias são como histórias não contadas, amava-te até ao ponto de me conhecer a mim próprio, sonhava ser a roupa que vestias, e enquanto me mentias suava-me a pele por acreditar em ti. A partir daí sonhei ser tudo, enquanto tudo desistia de mim. Em que deveria acreditar? Em génios? Em iluminados? Em moradores e filósofos de rua? Quando me cruzei com a estrada soavam vozes, mas não era a minha loucura, nem nenhum interprete, eram chamadas de atenção. Tudo o que eu tinha naquele momento eram versos, estava escrito nas tabuletas, " vem por aqui". Estupidamente acreditei em tabuletas, quando deveria acreditar em humanos...senti-me um à parte no meio de tanta gente, pensamentos cruzados como quem mente, e a inveja é tão à quem de quem sabe bisbilhotar. Olho o piano, tocam-me as palavras quando te foste embora, e chora, chora a flor que murchou nos meus braços.

Não existe mudança onde não quer ser mudado.

Todo município é produto dos cidadãos que vivem nele.

Para que se estabelaça uma intimidade com a arte. A partir de um dado momento, essa neurose da fantasia da realidade, precisa ser deixada de lado e partirmos para universos mais profundos no cerne da existência e derivações.

Todos nós somos diferentes!!!!!!! A diferença nos permite, tocar indivualmente e universalmente a pluralidade do todo na particularidade do específico....

Mesmo diante de perigo eminente em nosso caminho é preciso que tenhamos a ousadia de seguirmos caminhando.

O que é estranho ou normal? O que causa estranhamento e promove a normalidade? É preciso manter a mente aberta ao mundo das possibilidades.

Não quero prisões mais humanizadas somente pelos seres humanos que lá se encontram, mas para que não tenhamos seres piores no nosso meio depois que saírem de lá.

Conforme o resultado de nossa trajetória que percebemos se valeu a pena termos vivido.

Podemos colocar um sapo num majestoso trono, mas ele não demorará a sair pulando em direção a um pântano qualquer.

Quanto mais responsável e informado é um eleitor, mais dificuldade ele tem diante da escolha em quem votar.

Tenha paciência: colher um limão antes que a fruta esteja madura não servirá para fazer uma limonada e sanar sua sede.

É devido a sermos podados pelas circunstâncias da vida que ficamos mais fortes e maiores e ainda produzimos mais flores e frutos.

Nem tudo que uma pessoa tem é dela em essência. O ter verdadeiro exige conquista e mérito.

A maior ousadia que um ser humano pode ter é de buscar ser quem ele de fato é.

Desejas que as pessoas despertem para a leitura? Comece deixando com que elas te vejam lendo.

Poderia existir uma única palavra para designar verdade, luz e libertação.

Com o passar dos anos compreendemos que muitas das oportunidades, coisas e pessoas que achávamos que havíamos perdido, na verdade para nosso bem delas nos livramos.

Não é porque a sociedade formatiza algo como lícito que se torna legal de fato, pois nem tudo convém mesmo quando permitido o seja.

Somos reféns da justiça, pois quem julga a própria ação da justiça além dela mesma?