Caixão com Espelho
Parece um pouquinho embaraçada; permita que lhe apresente esta perna de carneiro, Alice... Carneiro; Carneiro... Alice.
Posso lhes servir uma fatia?
_É claro que não, fere a etiqueta cortar alguém a quem você foi apresentada. Levem o assado!
"Nós conseguimos enxergar tudo num espelho, obscuramente. Às vezes conseguimos espiar através do espelho e ter uma visão de como são as coisas do outro lado. Se conseguíssimos polir mais esse espelho, veríamos muito mais coisas. Porém, não enxergaríamos mais a nós mesmos."
Perguntaram uma vez a George Bernard Shaw:"Uma pessoa pode viver apenas mantendo suas mãos nos bolsos?"George Bernard Shaw disse: "É claro que pode. Mas os bolsos devem ser de uma outra pessoa".
“Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é”.
( Alberto Caeiro [Heterônimo de Fernando Pessoa], In Poemas Inconjuntos - In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001.)
Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapatiasse no meu caixão.
Apenas sugestão... Presente pro aniversário da sogra?
Que tal um caixão? É muito provável que ela vá precisar!
Pelo vidro do meu caixão eu olhei as vastas sombras das cadeiras a luz de velas do meu funeral. Ninguém veio ao meu enterro,nem amigos e nem parentes.E meus inimigos que em vida irritei e nojo causei,se ausentaram.E assim imaginei meu velório,triste e ilusório,memórias de um defunto vivo.
Semana da volta
Um sino toca, badala
de lá pra cá
De lá flores brancas, caixão
semana santa pisoteada
por procissão.
Um silêncio nas ruas
vozes ao coro
vozes antigas.
Me remeto ao passado,
de quando acreditava
existia tempo
sonhava o futuro
Havia muito chão
terra na mão.
Há tanta paz lá no fundo
em vem a voz de Deus,
dos apóstolos, dos crentes.
Eu só via a pipoca estourar
no carrinho da pracinha
se confundia com o cheiro
de vela.
Com sandálias abertas
como a de Cristo,
eu não entendia nada,
só os amigos que corriam
quando ainda eram vivos.
Sentes?
é o cheiro da chuva,
da pura chuva.
Trouxe o perfume
da minha mãe já falecida,
o céu escureceu
as vozes continuam
arrastadas com tanto peso
e esperança.
O coral é impecável
a casa de Deus tão cheia
povoada por almas pecadoras
um ambiente nostálgico
e fúnebre.
Já me vi um filho
já me vi um intelectual
um bobo
e um alcoólatra
já até me vi poeta.
Hoje me vejo um morto.
E eu nunca vou esquecer
da igreja da minha cidade
do interior de minas.
Agradeço, mas dispenso esse presente. Afinal, qual a utilidade de um caixão para quem está vivo... E também para quem está morto? Hein?
Caixão... Não conheço presente mais inútil. Tanto para quem está vivo quanto para quem não está mais!
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