Caixão com Espelho
Quem encontra um cônjuge sábio, acha um espelho de si mesmo; e quem o cultiva com amor, colhe dias longos e fecundos.
O homem moderno não carrega um relógio no pulso — carrega um espelho onde enxerga o seu pavor de morrer. Quanto mais caro o relógio, mais profunda a ilusão: ele não deseja marcar as horas, mas esquecer que está sendo marcado por elas.
Vaidades em Silêncio
No espelho do tempo vi rostos que brilham,
e logo escurecem sob o véu do esquecimento.
Ali jazem sábios e tolos, nivelados pela poeira,
porque a morte não distingue quem muito sabe
de quem apenas sonhava.
Trabalhei com as mãos, com o peito e com o fôlego,
e o que ergui com sacrifício, deixei para outro.
Ele não sabia o preço do cansaço,
mas herdou o fruto da minha fadiga.
Isso também é vaidade.
Vi os homens traçarem metas, mapas e mandatos,
mas Deus, com um sopro, os redistribui.
Ajuntam os perversos e escondem o ganho,
mas ao final, tudo é entregue ao justo
sem que ele tenha pedido.
O sucesso é uma guerra silenciosa.
Não por nobreza, mas por competição.
Cada aplauso ecoa a inveja do vizinho.
E a multidão que aclama hoje,
amanhã aplaude outro.
O homem que só tem ouro é pobre.
Trabalha sem parar, conta moedas,
mas não tem com quem partilhar
nem um sorriso verdadeiro.
Isso também é vaidade.
A fama? Ela dança no alto das torres,
mas despenca no silêncio dos anos.
Quem era rei agora caminha anônimo,
e ninguém se lembra de sua coroa.
Quem ama o dinheiro nunca dorme.
Sempre acordado, sempre alerta,
mas nunca satisfeito.
O coração que se apega ao ouro
não conhece descanso.
Olhei para os olhos dos que cobiçam,
e vi um abismo sem fim.
A alma que deseja tudo
nunca reconhece o que tem.
E perde o que realmente importa.
O riso dos tolos é barulho vazio,
como lenha seca estalando em vão.
Riem alto, mas não sabem do que.
Depois, o silêncio volta — pesado e oco.
E vi o funeral dos injustos.
Enterrados em pompa, elogiados em verso.
Mas eram lobos vestidos de cordeiro.
E a cidade que os temia, agora os aplaude.
Isso também é vaidade.
Quem entender essas coisas,
não as temerá — mas as superará.
Porque o sábio não coleciona elogios,
nem corre atrás do vento.
Ele busca o Eterno, e caminha leve,
sabendo que o verdadeiro tesouro
não se vê com os olhos.
Chega de esperar que os outros enxerguem meu valor. Eu me olhei no espelho e entendi: quem tem que me escolher todos os dias... sou eu. Me cuido, me respeito, me priorizo. Já me perdi tentando agradar, já me deixei de lado para caber em lugares apertados demais para minha essência. Mas hoje? Hoje eu sou abrigo, não carência. Sou presença, não sobra. Me valorizar não é mais uma escolha, é sobrevivência. Amor-próprio virou minha blindagem, meu grito de liberdade. E quem quiser ficar, que saiba lidar com a mulher que renasceu. Me escolhi. E não volto atrás.
Beleza interior e exterior
A beleza que você vê no mundo a brilhar,
É espelho da luz que insiste em morar
No canto mais calmo do seu coração,
Onde mora a paz e a inspiração.
Os olhos que notam o bem e o florir
São os mesmos que sabem sorrir,
Pois só enxerga o encanto quem tem
Essa mesma beleza em seu próprio além.
O mundo reflete o que dentro há em ser:
A beleza que você vê... é você.
SimoneCruvinel
Eu olhei para o espelho e não me vi
Aquele reflexo de um ser rancoroso e tão mal amado
tinha certeza que não era eu ali
Cabelos embaraçados, postura curva, roupas despojadas e um olhar fundo
O mundo até chegava a ser mais turvo, eu não via mais o mundo de jeito profundo
Cor, amor, autocuidado
Ideias que larguei depois de receber o dourado
Mente que obedecia apenas por comandos, analisei a minha visão de desmandos foquei no espelho e lembrei
Era sim eu ali, apenas me iludi...mas foi a vida adulta que me fez ficar assim...
se olhe no espelho e contemple a verdade absoluta de todas as suas ações visando sua própria felicidade.
O Poeta Não É o Espelho, É a Ponte
Nem tudo que diz o poeta
sai do fundo da sua alma.
Às vezes, é a dor de um outro
que sua sensibilidade acalma.
Ele lê no olhar calado,
no gesto que ninguém viu,
o sentimento que grita mudo
e que no peito do outro explodiu.
Não é preciso ter vivido,
nem ter chorado aquela dor.
O poeta sente por dentro
o que pulsa no redor.
Às vezes, escreve um poema,
às vezes, vira canção.
E quem ouve logo pensa:
"esse verso é solidão..."
Mas engana-se quem julga
que é dele a emoção.
O poeta é tradutor da alma,
não precisa explicação.
É dom que poucos carregam:
dar forma ao que é invisível.
Ser a voz de quem se cala,
e fazer sentir o impossível.
Então, se um poema te toca,
ou uma música te faz chorar,
não pense no autor com pena —
agradeça por ele te revelar.
