Dia Nacional do teatro
Eu tenho grande preocupação de algum dia finalmente descobrir quem sou, pois assim acabarei apartado do sabor dessa aventura que é perder-me de mim mesmo todos os dias!
Comece o dia com a determinação de finalizá-lo sem a necessidade de contabilizar algum arrependimento!
Um dia a guerra quis apaziguar a paz. A noite quis iluminar o dia. A loucura vestiu a lucidez, os equívocos acenaram para as convicções e o sonho banhou-se no mar das realidades. Nesse dia todas as verdades migraram para a insignificância, pois tudo que importou ao coração foi seu próprio delírio. Assim nasceu o amor!
Não há dia ruim e nem menos especial para quem coloca os pés fora da cama, movido pela disposição de tornar o mundo melhor!
No dia em que o ser humano vencer seu próprio egoísmo, todas as demais imperfeições serão demandas mais facilmente removíveis!
A sabedoria é um rio que percorre longa viagem e que só descansará no dia que encontrar um mar chamado simplicidade!
Decidi que deveria ignorar a aprovação coletiva no dia em que percebi que a vida é um bombardeio de críticas e a morte é uma avalanche de hipócritas elogios. Por isso, mesmo vivendo em paz com todos que posso, digo que o amor de Deus é tudo que me basta!
Só os maus e os hipócritas necessitam de um dia para relembrar o advento do Salvador e o amor ao próximo. Porque de sol a sol é Natal nos corações onde Cristo já nasceu!
Se é de amor que estamos falando, tenhamos a premissa de que nada que um dia morra, dele de fato proceda!
SONETO NOTURNO
No olhar do entardecer silencioso
o dia adormece e se põe a sonhar
envolto no aroma, da noite, precioso
se vai derreado nos braços do luar
Se há choro, porque há fado danoso
também, há perfume de rosa pelo ar
se alguém soluça, há evento doloroso
pois, no amor, aquele não soube amar
E neste lusco fusco do tempo ditoso
vai-se o tempo no ininterrupto caminhar
pois, a vida no tempo é tempo vaporoso
Assim, vem o dia, logo a noite a tombar
num ciclo do destino um tanto misterioso
mas, que na existência, é um poetar...
Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano
MEIO DIA NO CERRADO
Meio dia. Um canto do cerrado ermo
O silêncio quebrado pelo som do sino
A solidão na saudade sem meio termo
Céu nublado e vigorosa chuva a pino
O vazio cai na calma como um castigo
Não há burburinhos e nem um destino
O planalto devastado, ausente e antigo
Está deserto de fantasmas e de almas
A minha angústia não encontra abrigo
O vento nos buritis, parece bater palmas...
Luciano Spagnol
12'00". Novembro, 2016
Cerrado goiano