Boas Ferias Vou Sentir sua falta
...
Sou eu assim
Claro, escuro
Dom Juan
Dom Casmurro
Jovem, maduro
Arcaico, imaturo
Sou eu assim
Brilhante, obscuro
Veia sábia
Sangue burro
Mente que queima
Cheiro de esturro
Sou eu assim
Um carinho
Um murro
Mastigável
Osso duro
Gritaria e sussurro
Sou eu assim
Estufa, ar puro
Céu sem fenda
Inferno com furo
Outrossim
Seguro, inseguro
Sou eu assim
Passado, futuro
Intenso presente
Esquecido, expoente
Bem assim
Em cima do muro
...
Forjei as rugas do meu semblante com a juventude da minha alma e consolidei a promessa de nunca mais anoitecer. Retalhei minha tela com ensejos do meu propósito, e percebi que de noite ainda era dia, que o sorriso não anoitecia e que o choro desvanecia.
Armei meu picadeiro com as farpas do deboche alheio, preparei meu espetáculo com as lascas da inveja distraída e protagonizei uma história singular, de expectativa abstraída. Frustrei as pretensões do inimigo ao virar de costas para inabilidade opositora, e com este simples gesto, provoquei o conluio e a fúria em manifesto.
A incompetência se vestiu com os farrapos da imperícia, e inapta, limitou-se a bradar, intolerante, blasfemando contra a sabedoria e a jornada do herói itinerante. Foi quando as pedras do silêncio ignorante se chocaram com as vidraças emolduradas pela voz de um certo lábio. A poesia virou arma, e o errante se curvou ao sábio.
...
Quem me dera persuadir a surdina
com meu talento.
Ver minha utopia clarear a cegueira
do desatento.
E minha palavra sorrir nos olhares
o meu relento.
Quem me dera matar a sede
com ideologia.
Esculhambar o que não procede
com analogia.
E minha palavra substituir o dislate
da apologia.
Quem me dera entender a trajetória
de cada vento.
Ver meu privilégio esmagar a vitória
sem merecimento.
E minha palavra vencer a escória
de algum pensamento.
Quem me dera inebriar as volúpias
sem burocracia.
Administrar a incontinência verbal
sem posologia.
E minha palavra despertar a inconsciência
da letargia.
Quem me dera preencher o som
com meu sustento.
Ver minha lisura consumir o tempo
com discernimento.
E minha palavra rachar o deboche
do descaramento.
...
Olhos fechados
Nariz diligente
Ouvidos apurados
Paladar aguçado
Eu machucado
As nuvens divorciadas
A solteirice amarela
Ardi, anoiteci
A flor da pele
Eu queimando
A casa inacabada
O véu de cada árvore
Uma profusão de cores
Identidade própria
Eu boquiaberto
O templo azul e branco
Dragão traveste vitória
Confluência de calçadas
Casas, ruas, estradas
Eu caminhando
Quem vai
Quem chega
A roupa ao relento
O galo fora de hora
Eu indagado
Ansiedade abduzida
Eu livre, imerso
Um folha em branco
Um lápis zeloso
Eu escrevendo
Sensações partilhadas
Verso meu
Prosa minha
Espírito, matéria
Eu abençoado
Detalhe contemplado
Silêncio ressignificado
Um café delicioso
Nenhuma palavra
Eu bebendo
E no final
É a vida me dizendo:
- Relaxa, se aquieta
- Tudo vai dar certo
Eu saciado
Acho que quando morremos, não sofremos do outro lado porque partimos, mas sofremos porque não podemos levar os que amamos conosco.
...
Quem teme ser vencido
Tem certeza da derrota
Quem tem o brio rescindido
Vê surgir a bancarrota
Se a arte de vencer
É aprendida no revés
A mão dá, a mão tira
O impulso vem dos pés
Não há virtude sem vitória
Nada vale o que nos custa
Protagonize sua história
Valorize sua busca
A utopia é covarde
Quando a alma esmorece
Covardia já vai tarde
Vinte lutas, uma prece
De que serve ao Homem
Conquistar o mundo inteiro
Encaminhe o teu, os seus
Como fez o carpinteiro
Se a moda é pisar na Lua
A discórdia acelera
A vida é curta, nua e crua
Plante e regue a sua terra
...
Eu não escrevo
Apenas transbordo
Extasio sensível
Deleito bombordo
Farejo meu verso
Divago nascente
Acho minha rima
Desatino poente
Haverá um dia
Em que a sinestesia
Mudará de endereço
E morrerá: poesia
Mas enquanto isso
Arda comigo
E se não for riso
Chore! se preciso
E com estas lágrimas
E a cal da minha glória
Farei o cimento
Da minha história
É perspectiva
Utopia futura
Feridas expostas
Minha arquitetura
E neste relevo
De altos e baixos
Mostro meu acervo
E todos meus passos
Saudades! Maurício Villas Boas
Se a saudades é o pedacinho do amor, eu sinto as duas coisas.
ô vontade de sentir aquecer o frio que invade o meu amago, é tão frio que chega arder, ele me corrói por dentro. machuca só de pensar. és minha linda pequena. minha princesa mulher. saudades de você...
Eu á amo com todas as minhas forças. saudades de você.
Ass. Maurício Villas Boas!
...
Meu sábado com cara de segunda tem um leve presságio de domingo com os pés descalços. Inebriante sensação de vitória acometeu minha cafeína matinal, e eu recusei o fardo que me desviara do propósito.
Meu cérebro não é latifúndio da aristocracia de direita, e sim uma colmeia com a mais pura e linda quimera esquerdista.
...
Tão bom quanto ruim
Saber que sou tanto
Para tão pouco
Tão bom quanto ruim
Saber que meu canto
Vai me deixar rouco
Tão bom quanto ruim
Saber que seu espanto
Vai me deixar louco
Tão bom quanto ruim
Saber que meu acalanto
Embala tampouco
Tão pouco
Tão rouco
Tão louco
Tampouco
Tão poesia quão prosa
Saber que meu pranto
Regou sua rosa
Tão poesia quão prosa
Saber que seu manto
De linho airosa
Tão poesia quão prosa
Saber que, no entanto
Tem mente invejosa
Tão poesia quão prosa
Saber que, entretanto
A inveja é onerosa
Meu pranto
Seu manto
No entanto
Entretanto
...
Ansiedade, não me devore
Ansiado estou, regozijo diário
Aflição, não me apavore
Preocupado estou, eterno cenário
Instantâneo não perdura
A unanimidade é burra
Estou a levar uma surra
O frenesi me sussurra
Afobado estou, imutável otário
Felicidade, não me demore
Apurado estou, mal do sagitário
Sorte, me revigore
Dedicado estou, é deficitário
Prosperidade que não dura
A velocidade me empurra
Estou a pedir com condura
A alucinação me esturra
Acalmando estou, sou retardatário
Sucesso, não evapore
Preparado estou, é fiduciário
Resiliência: não comemore!
Consciente estou, pois é temporário
A idade amadura
O tempo me urra
Visto armadura
Venci a ditadura
Saciado estou, sou majoritário
...
Liberdade é manifestar...
Nome e sobrenome sem receio
Sonhos e conquistas dos anseios
Amores e afirmações sem rodeios
Viver é expandir...
Sem invadir os limites de ninguém
Falar, ser ouvido e compreendido por alguém
Concordar ou discordar sem retificações
Somar e ratificar sem abreviações
É poder andar, cantar
Dançar, rir e chorar
É ser carne, osso e espírito
Gargalhar sem motivos
Sorrir para as crianças
Espreitar o subjetivo
É poder ficar feliz ou triste
Errar, perdoar, aprender e evoluir
Aplaudir o privilégio
Exorcizar o sacrilégio
É fazer nossa alma fluir
...
Solidão
Viés fúnebre
Spa do diabo
Vinho, vinagre
Miolo amassado
Esmurro a madeira
Isola
Congregação
Esguelha da alma
Terreiro de luz
Charuto, cachaça
Oxalá, sua cruz
Espada de Ogum
Amola
...
Quando espreito condições adversas, as tiro das sombras e as coloco sob a luz. Assim confronto meus maiores temores a partir da racionalização da origem. Caso fuja do que chegou para testar minhas fraquezas, posso ficar acorrentado no passado ou encadeado no futuro.
Depressão, ansiedade e ausência íntegra de uma reconexão com um presente que espera o máximo de mim. A guerra interior é desencadeada, e eu crio minhas trincheiras para eliminar tudo que tenta esmagar meu coração.
Reviro minhas gavetas e busco na dor extrema, aquilo que pode ser a base do iceberg. Neste exato momento expando minha consciência e volto a respirar evolução e prosperidade.
Um guerreiro não parece, ele é.
...
Sonhar é ansiar o impossível
Realizar é tornar factível
Escrevi não tinha tinta
Recitei não tinha verso
Comprimi não tinha cinta
Inverti não tinha inverso
Adoeci não tinha leito
Pari não tinha feto
Amamentei não tinha peito
Dormi não tinha teto
Engordei não tinha roupa
Mastiguei não tinha dente
Ruminei não tinha boca
Atirei não tinha pente
Laborei não tinha aula
Soletrei não tinha letra
Capturei não tinha jaula
Discuti não tinha treta
Projetei não tinha escala
Plantei não tinha rosa
Viajei não tinha mala
Conversei não tinha prosa
Garimpei não tinha ouro
Meditei não tinha mantra
Amarelei não tinha louro
Contraiu não tinha câimbra
Planejei não tinha plano
Juntei não tinha caco
Enxuguei não tinha pano
Naveguei não tinha barco
Acordei não tinha sol
Encorajei não tinha luta
Relacionei não tinha rol
Atendi não tinha escuta
Rezei não tinha vela
Advoguei não tinha caso
Adotei não tinha tutela
Posterguei não tinha atraso
Subi não tinha escada
Abri não tinha janela
Queimei não tinha largada
Fritei não tinha panela
Escavei não tinha terra
Soprei não tinha vento
Amputei não tinha serra
Superei não tinha talento
...
Minha alma sente frio
Arrepio, calafrio
A saudade está no cio
Esvazio, um vazio
Suas cinzas pelo rio
Nostalgia, sem seu brio
...
Sete dois; comecei a ensaiar o livre arbítrio no ventre da minha genitora, e materializei meu elo com o mundo já no primeiro choro. O aprendizado, a dor e o desconhecimento do provérbio "só se afoga quem sabe nadar". Afundei nas minhas primeiras tentativas ao optar pelo gume errado da faca, e lembrei que a piscina amniótica não serviu como treino.
Criei uma carapaça tão forte quanto a armadura de Ogum, "cascorei" e saí cavalgando até tropeçar com a fraqueza dos fortes. A ansiedade antagônica e latente me desviou do tempo do Homem, e hoje ainda me sinto responsável pela erupção de algo adormecido perante a visão daqueles que ignoram.
Enquanto meu âmago ainda espera por um comportamento diferente do mundo, torço calado por uma reação massiva à minha voz.
...
Quando me predisponho a sentar, escrever e decifrar a vida com doses de eloquência e pragmatismo, faço associações e remissões para um raciocínio coerente e fechado. Invariavelmente, meus pensamentos estão associados ao propósito e remetidos aos vínculos estabelecidos entre o nascer e morrer.
Propósito para termos um futuro que impulsione nosso presente, e vínculos porque não construímos destinos com carreira solo. Temos os que torcem incondicionalmente, os que aplaudem, os que invejam, os que são indiferentes, e aqueles que fazem acontecer junto. Todas essas interações na busca por um sentido, tornam-se vínculos.
É muito surreal achar que um propósito almejado e plantado ao longo de uma jornada linda e exaustiva, bem como os vínculos impagáveis que construímos ao longo deste percurso, aconteçam sem explicações ou justificativas. É muito raso acreditar que tudo faz parte de uma cadeia fria e evolutiva, com legados inteiros virando pó sem uma perpetuidade espiritual. Não se trata de apego, mas de sanidade.
Prefiro acreditar em um fio invisível que estabeleça conexões após nossa desmaterialização, que nos conecte aos nossos antepassados e tudo aquilo que absorvemos de aprendizado para uma encarnação mundana. Prefiro desacreditar que depois de tanta luta e troca, tenhamos que nos preparar para uma finitude, um desfecho vazio para os que partem e cruel para os que ficam.
A vida nos ensina o poder dos significados, e por isso buscamos um sentido para tudo. Eu imagino uma morte travestida de renascimento, um legado ativo das pessoas que tive a sorte de conviver, e uma consciência imortalizada para uma evolução espiritual. Se meus pensamentos são fruto de um delírio pessoal, porque existimos e aprendemos a amar tanto a vida quanto o próximo?
...
Meu coração
Sangue calejado
Minha missão
Destino arrojado
A verdade liberta
Presente, passado
Minha porta aberta
Laroiê, tá trancado
Destranca e liberta
Meu fardo pesado
Esperança aquieta
Sonho alvejado
Coragem desperta
Olhar marejado
Poeta disserta
Aplauso versado
...
Devotei boa parte da vida ao acaso, mas foi o descaso alheio que implodiu nas minhas entranhas. Frustro, afoguei minhas expectativas em lágrimas de descrença e vi minha magia exclusa da vulgaridade que se agarra aos abecedários triviais.
Segui sem estupidificar minha mensagem, e vi os frutos da minha imaginação morrerem em terrenos inóspitos. Direcionei minha alma para os que enxergam além dos estribilhos que viram bordões na boca dos insipientes, e reagià força centrípeta que comprime toda a manada no senso comum.
Sustentei meu cerne, mas perdi para os estereótipos e protótipos que pregam o populismo. Vi o frenesi da criação transbordar de erudição pelas minhas próprias mãos, e naufraguei em um mar inepto e desprovido de sentido.
Quase meio século e sinto que estou ermo, mas prostituir meu talento seria divagar em tempestades de sucesso, enlouquecer diante de algo que não se presume e me resume sem autenticidade.
Entre aniquilar minha essência e pluralizar, fico singular.
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