Aviao sem Asa Fogueira sem Brasa sou eu assim sem
Às vezes, tudo que se quer é chorar, mas a única coisa que se pode fazer é sorrir, dizendo 'estou bem' enquanto consola alguém que nunca está tão mal quanto você.
Ah! Se os ditados só deixassem as verdades
Se águas passadas não movessem moinhos
Mas deságuam no presente futuro
Meu coração, um moinho de cordas
lançado aos moinhos de vento!
Vai longe meu pensamento!
Um origami de uma ave que nem sei o nome
Vai arfando enquanto cai o lenço.
O lençol sobre um corpo.
Por um momento
Eu pensei que o pensamento fosse o sonho
E o sono fosse à noite e o tempo.
São as marcas do passado
Que escalam as escadas do meu quarto,
Sem escadas, sem escalas, como um astro,
Que surgiu pela janela sonolenta.
Foi um vulto, mas meu corpo não esquece
Que sentiu o vento, o vulto e a prece.
Eu esqueci da prece.
A pressa toma conta da nossa vida.
Eu tomei conta disso um dia,
Mas de repente a conclusão desaparece,
Como uma promessa esquecida,
Um raciocínio que se perde...
O que serão das promessas não cumpridas?
Das palavras não ditas, não ouvidas?
Mas sentidas, em cada pedaço da alma
E das almas esquecidas ainda em vida?
Serão almas congeladas?
Há um pedaço do mundo, alto e fundo
Para onde tudo vai.
Vai um sopro que Deus manda,
vai o sonho que se esqueceu
o pensamento que se perdeu
nas voltas que o mundo dá.
As paredes do seu quarto,
O primeiro amor sentido,
Todo o medo resumido,
Todo sorriso amargo.
Um morcego apavorado
Mora ainda aí contigo.
Não se assombre se um dia
Lendo... encontrá-lo ao seu lado.
É um limbro... diga assim.
Mas não está acabado.
É o limbro que habita em ti.
É um embrulho, é um sopro,
É o futuro do passado,
É o moinho do moinho,
Esquecido há tanto tempo,
Inerente a ti e tudo.
Nada faz meu coração saltar
Mais que o timbre da sua voz!
Talvez o timbre do seu beijo
Ou o timbre do seu suspiro...
Nada mais.
Um caso antigo, de eternidades...
Quando abro a porta, não é um homem ou um menino,
São histórias e estórias, fotografias e possibilidades...
É só por isso que no fundo do peito palpito.
A verdade é que palpito. Nada mais.
E com você está tudo seguro
E uma segurança calma se apodera de mim
Não há medo do escuro e do futuro
Basta sentir que estás aqui
Porque mesmo sem querer é meu escudo.
A verdade é que te amo. Nada mais.
Mil e uma coisas na minha cabeça
Mil e uma coisas onde está o amor
Mil e uma coisas onde estás tu. <3
Ele me iludiu...
Ele me iludiu...e pelo que parece, a culpa é minha. Minha por ter acreditado no que ele dizia, acreditado que ele realmente me amava. Agora eu me vejo chorando, porque eu realmente o amo, não deveria, mas mesmo assim o amo. Fiquei do lada dele cada momento que ele precisava, queria sempre ver ele bem, mal era de ficar mandando nele, ou do tipo grudenta, mas quando ele precisava de alguém era la q eu estava, do lado dele, segurando sua mão e o ajudando.
Ateu, ateu, ateu
o que movem os caminhos teus?
A quem entrega os apelos teus?
Quando nós recorremos a Deus?
Ateu, ateu, ateu
o que te motiva a viver?
No que a vida te cativa?
O que vai ser quando morrer?
Vai viver só por dinheiro?
Vai viver só por viver?
Sem acreditar em nada...
sem ter nada a perder...
E o seu eu? É só ciência?
Sua alma, sua consciência?
Meu querido amigo ateu
Se esse mundo é fruto da ciência
e não de Deus
Façam um altar pra ela
Seguirei os passos teus!
Você disse que apoia a igualdade,
mas fala que o movimento feminista é inútil.
Sinto lhe dizer, mas se você apoia a igualdade,
você é feminista.
A mão sobre o lápis desenha
nosso destino de papel
tão frágil.
Antes molhava bico da pena
Hoje molhava o bico do seio
Se a caneta não presta, saculeja
O lápis é de grafiti, de diamante.
Sou eu, presa a uma folha de papel
é uma representação de mim
mais contente, mais completa
poderia me substituir
é mais eu do que eu mesma.
Mas a folha entra em decomposição
mais rápido que meu corpo
vida curta e feliz
vida longa e duvidosa...
meu corpo é de carbono
o lápis é de carbono
é de grafiti, de diamante
meu corpo de grafiti
meus corpos de carbono
sorriem com a analogia.
Você me desenhou
quantas vezes mesmo?
Você me desdenhou
ou me desdenhará?
Me sinto tão amada
mas amar não sei.
Me vejo desenhada,
desenhar não sei.
Parece que estou viva,
mas não sei viver.
Tentei te desenhar,
ficou engraçado...
as proporções corretas,
como faço?
Ora cabeçudo, ora cabecinha
Ora barrigudo, ora barriguinha.
Pego meu lápis e rabisco
um movimento inconsciente
talvez movido por um subconsciente
o destino do lápis incerto
na minha mão o destino do lápis
e minha vida de rabisco.
Tem gente que dá nó no osso
vontade de mastigar-lhe o miolo
querer que lhe atingisse um raio imenso
um raio do céu do firmamento.
Tem gente que dá gelo e fogo
gelo que não sara e fogo que não ferve
tem gente que não serve
com gelo ou fogo, queima
e tenta a paciência
é gente que só teima!
Tento prever a curva do a
Não é um a? O que será?
Tento prever um movimento de linha reta
Mas o pincel ziguezagueia sobre o ar.
Tento decifrar os lábios
Mas as sílabas se juntam umas às outras
Mas os lábios ziguezagueiam palavras soltas.
Assisto meu destino
Meu destino de rabisco
Sobre a tela um arabesco
Um rabisco pitoresco
Meu destino, meu destino, meu destino de rabisco
Aramaico? Argentino? Que desenho formará?
Fará uma cruva completa antes de a tinta acabar?
Asco
A cabeça tonta cede a ronda
E o pescoço solto torno tomba
E o corpo morno compra
Um sorriso frouxo que assombra.
O corpo em retalhos
Quase um espantalho
Tenta disfarçá-lo
Um sorrir amargo
Um sentir tão asco
O amor não precisa ter sentido.
O amor basta ser sentido.
Por você, meu amor, suplico:
O amor é um precipício;
Mas é também o chão acochoado.
É a vida;
E, por isso mesmo, é a morte.