Aviao sem Asa Fogueira sem Brasa sou eu assim sem
Quando eu havia
lido essas palavras
do Presidente
interpretei de
maneira
precipitada que
a luz havia voltado:
"hemos recuperado
el cuerpo eléctrico
del país y no
podemos
dejar que se
caiga de nuevo".
A luz
voltou,
mas não em
todos os lugares
e a água ainda
está a caminho,
da mesma forma
espero que
a reconciliação
encontre o seu
destino porque
opositores
e defensores
estão reunidos
para vencer
este ataque
produzido
por culpa do
Império do Inferno,
faço votos que se
encontre e puna
os autores desse
crime bárbaro.
Por que me preocupo
com essa falta
de luz e água?
Porque eu quero
saber como está
o General preso
injustamente
há um ano,
pois ele está
muito mal
fisicamente.
Quero saber
como está
o Luís Carlos
que foi preso
abruptamente,
quero saber
de tanta gente
e de quando
virá a liberdade
daqui para frente.
É o abuso do absurdo
com o nosso coração:
os planetas dançam,
as horas passam,
eu não sei de nada
e você também não.
O mundo rodopia,
e nós sequer sabemos
dos presos políticos
detidos nas duas siglas
o quê sobra é a grave
e cruel silenciação;
a única certeza
que todos nós temos
é da plena escuridão.
Que venha a luz
e que acabem com
o silêncio de metal
que está sufocando
a minha poética de
um jeito sem igual.
Bom Jardim da Serra
Beijo de amor dado
no Mirante da Serra
do Rio do Rastro,
Eu te amo muito
e tenho muito o quê
te contar por onde
foi aberto o primeiro
caminho entre o Sul
e o Planalto Serrano.
Bom Jardim da Serra
a tua gente amável
sempre me faz voltar
ao meu destino que
foi escrito ali no teu
Caminho do Conventos,
Comigo vives nos meus
melhores pensamentos
e altos sentimentos.
Meu enternurado do Sol
no Cânion das Laranjeiras,
Gentil aroma de maçã
e o vento geladinho tal
como selvagem hortelã,
Só me faz acordar ainda
melhor para viver a vida,
E desfrutar desta cidade
fascinantemente divina.
Do Império não
prevejo o melhor,
porque essa história
eu bem conheço,
sei que não dá para
abrir mão do receio.
No relógio da vida
eis o giro do tempo,
que não venha mais
nenhum tormento.
Porque da trincheira
sou o último soldado,
ideologia poética,
aceno total de paz
e oração de devota:
implorando a liberdade
do General e da tropa.
Guabiruba Poética
Eu te amo do pé
até o topo do Mirante,
e no Morro São José
onde o Sol te beija
como um diamante.
Tu és amada por mim
com vasos nas mãos,
com teus sabores postos
na mesa e com teu povo
que é a tua maior riqueza.
Eu te amo com toda
a tua História raiz
e imigrante europeia,
És a Guabiruba poética.
Tu ergueste cidade e memória
com teus bravos filhos
originários, alemães,
italianos, poloneses e austríacos,
e fez-se assim muito brasileira.
Eu te amo com as linhas
da vida entrelaçadas
com a querida Brusque,
por todas as jóias têxteis
que tu na vida fizestes.
És a Guabiruba poética,
e assim te amo por tudo
o quê fostes, és e ainda será,
no meu coração tu és o quê
demais precioso sempre existirá.
A cautela exigida
Que eu deveria ter
Por andar sozinha
E nua nessas letras,
É fazer a mensagem
Caber na métrica.
Não consigo retê-la
Porque a injustiça
Assombra o peito,
Ela criou o preso
E arremessou
Para bem longe
A cons(ciência)
Da tua cabeça.
A liberdade espraiou
Nos corações
Dos eleitos guardiões
Das Américas,
Os sinos não hão
De dobrar nem por ti,
Devolva cada filho
Da onde o senhor
Não deveria ter tirado
Da austral realidade,
Aprenda a conviver
Com a verdade.
Por andar
Sozinha
Eu deveria:
Ter cautela.
Só consigo
No máximo
É equilibrar
O quê escrevo.
Em dias
Normais
Deixei tudo
para trás.
Sei que te
Impuseram
O tirano
Silêncio.
Em todos
Os tempos
E verbos,
Por ti não
vou parar
De gritar
Em todos
Os versos:
-Que não
aceito!
Seguem não
Temendo
Nenhum veto,
Meus poemas
São pacíficos,
Mas estão
Em protesto.
Amanheceu
mais um dia
sem notícia,
Exatamente
como eu
imaginava,
É por causa disso
que não mais
não me permito
não tocar
neste assunto,
O silêncio
tem sido
indecente
e abusivo
e não está
parando
de transbordar,
é de direito divino
não parar de falar.
Testemunha daquilo
que eu não vi
ao mundo tenho que
fazer esse relato:
ecoou o som do
berimbau quebrado,
no chão o Moa
foi estirado por
causa das doze
facadas de um
sujeito autoritário.
Avança a violência
política programada,
só não vê a verdade
aquele que não quer:
avança o plano da
instalação de um
regime de exceção,
engulo a seco o meu
receio por ser mulher.
Implacável é a dor
pátria que sinto no
meu peito que ecoa
a indignação contra
os repressores dos
dois lados que com
ambas as retóricas
tornaram o diálogo
quase impossível
impedindo que o
povo unido encontre
o melhor caminho.
Dizem que as urnas
não funcionaram
no primeiro turno,
uns até as filmaram,
eu não sei o quê irá
daqui para frente
conosco acontecer.
O povo mesmo que
não cedeu a sedução
passou por um
caminho apertado,
e os que caíram
na tentação do papo
estão arrependidos.
É triste ver que
tem gente que
não se permite
fazer o caminho
de volta porque
reduziu a sua
crença na vida
em viver da
aprovação alheia
só por achar que
pode fazer uma
plateia para
sempre satisfeita.
Você que gosta de
zombar com os
nervos alheios só
para aparentar
fazer parte de um
plano que nunca
te pertenceu,
é bom que saiba
que a vida cobra,
e que tens a total
a responsabilidade
de responder pela
democracia que
ajudou a esconder.
Quando o segundo
turno passar não
adianta querer
fingir que a mim
não provocou
e que a honra
de ninguém atingiu,
porque o quê
deveria ser falado
por causa da
sua baderna
foi impedido de
ser esclarecido,
e levará o país a
um destino maldito.
Enquanto eu
não ouvir
a voz daquele
que defende,
Serei oceano
de versos
em transbordamento,
Porque já pelo signo
do destino,
Tens mais do que
a glória suficiente,
Você mergulhou
para salvar a tua gente,
E eu a distância serei
um poema por dia
Com as cordas
do meu coração
pela tua libertação.
Na urgência de falar
152 vezes o quê sinto,
Eu me autorizo sem
documentário clamar
Por aqueles que presos
não deveriam estar.
Sou aquela que
quando o verso
Se encerra não
paro de reclamar.
Aos poetas cabem
a coragem de falar
Em qualquer tempo
lugar e aonde for
Ordenado calar.
No raiar e declinar
de cada dia é de direito
Nosso ter passaporte
Para qualquer lugar,
só porque somos poetas,
E o Universo é o nosso lar.
Eu estou aos gritos,
E dando mais de mil
Voltas em círculos,
Porque é impossível
Aceitar uma prisão
Que começou do nada,
E não houve comunicação.
Não há como aceitar
Prisão sem provas
E sem julgamento,
Porque não deixa de ser
Uma tortura em silêncio.
Assim em alta tensão
Soube da notícia
Que recebeste a visita
Da sua família
Como o céu azul recebe
O calor do sol,
E isso é de direito,
E não uma concessão.
Dizem que você está
Sendo bem tratado,
Mas ainda não
É justo e jamais
Será o suficiente,
Porque todos sabem
Que és inocente.
Que me custe
asua simpatia,
E mesmo que
eu fale muito,
Ainda não será
o suficiente,
Pois falo não
para agradar,
Mas para colocar
os fatos no
Seu devido lugar.
Abro o paraquedas,
salvo o verbo para
Que salvem as letras,
em missão de dar um
Fim na tirania e dar
asas à liberdade
Do lado dos profetas.
Que me custe
aantipatia alheia,
Não me importo,
sou ouro e crisol,
Sei lidar com
aalucinação insana
Que não reconhece
que a política
Também faz os seus
militares presos,
E supõe quea
libertação deles
Não nos adianta,
e que não resolverá
O problema do país,
a arrogância jamais
Irá me impressionar,
pode virar a cara
E levantar o nariz!
Abro o suficiente
a verdade,
E sei que adianta,
porque nada se faz
Quando não se tem
Mais a liberdade.
Porque eu quero fazer
O caminho de volta,
A começar por aquilo
Que me inspiro, penso e falo,
Desejando transformar
Somente em todo o carinho.
Não há autoritarismo
Que siga para frente,
Sempre que a vontade
De vencer e a esperança
Forem sem demora reunidos,
A fé na vida faz o paraíso.
Quem ofende a liberdade
Sempre merece o meu riso,
E quando a mim resiste
Desestruturo com os meus
Versos até fazer passar
O conflito e a tempestade.
Pensar jamais será ofensa,
Sentir e se expressar
Constroem Nações inteiras,
Não paro de por ti exigir,
Porque se livre te farei,
Assim livre eu permanecerei.
Timbó Profunda
Eu, poetisa, da cidade vizinha,
te celebro por tudo aquilo que
fostes, és e sempre será na vida.
Ando contando no calendário
os dias da Festa do Imigrante
que para setembro foi transferida.
Eu, poetisa daqui de Rodeio,
te celebro até mesmo
enquanto a festa não vem.
Porque te amo do alto e com
o mesmo balanço do Morro Azul,
És filha bonita de Santa Catarina
e jóia preciosa da Região Sul.
O tempo está passando
e eu não estou brincando,
Muitos ali morreram,
e eu sigo clamando...
O pedido de socorro ainda
não chegou na caixa-postal
correta para salvar as vidas
dos heróis feridos de Azovstal.
O tempo está passando
e ninguém está escutando,
Muitos ali morreram,
e eu sigo gritando...
Rodeio lá no Nova Brasília
Rodeio lá no Nova Brasília
eu me encontro com
a nossa gente tão querida
perto da BR-470
chegando quase em Ascurra,
Rodeio lá no Nova Brasília
tu levas com toda a ternura,
e por ali fico contigo festiva.
Rodeio lá no Nova Brasília
eu escutei aquela cantiga
que cantava a minha Noninha,
Memória de infância
sempre vale mais que toda a poesia.
Onde eu amarrei
minha alma pegando
até inspiração como
esta emprestada
para fazer a consciência
da América Sul libertada
diante de um rumo
incerto e não sabido.
Desde o dia que você
deixou de acreditar
na sua Nação estamos todos
nadando em céu naufragado,
e ouvindo o eco da nossa voz
em pleno Oceano Atlântico
pedindo que resgatem o Esequibo.
Muitos estão se distraindo,
imobilizando o tempo no exílio
e eu um poemário épico
tenho escrito pela liberdade
de um General e uma tropa
presos por causa
de um brutal autoritarismo.
No meio das madrugadas
como esperasse notícias
eu tenho acordado
desde o dia vinte e quatro
de fevereiro quando
a Rússia invadiu a Ucrânia.
As notícias que espero
nunca mais irão chegar
porque não passam apenas
de um código genético
da memória que levo
nas veias de quem nunca
mais na vida vai voltar.
A sucessão de calúnias,
as mentiras e as chamas
do Porto de Mykolaiv,
falam muito sobre tudo
aquilo que deveria ter
sido detido desde o início.
O Batalhão e o povo
foram levados de Mariupol
para uma área ocupada,
e até agora ninguém mais
sabe de nada qual será
o resultado deste jogo,
e todos assistem no sofá.
Chamam de proteção
aos civis desocupar uma
área pela guerra ofendida,
mas eu chamo pelo nome
que deve ser dado porque
o povo foi é sequestrado.
As cartas que nos Correios
de Mariupol chegavam
elas nunca mais irão chegar
porque ali virou necrotério,
e quem foi sequestrado
provavelmente terá chance
na vida a liberdade voltar.
Muita gente não fingiu
que não viu que a mentira
imperial desde o início
foi criada para invadir,
torturar, roubar e matar,
e o tirano segue sem parar.
Não posso fechar meus
olhos, os meus ouvidos
e minha boca porque
em nome do respeito
da minha inteligência
não posso fingir que nada
disso e muito mais não vi.
Tive o meu eu interpelado
por um alguém que disse
deixe o inimigo forte
enfrentar o inimigo fraco,
prefiro é que esta guerra acabe
e voltem para o seu quadrado.
Não gosto de cultivar ódio
em qualquer circunstância,
quando a História é muito
ruim não há como contar
suavemente e se ninguém
parar aquele ordinário
qualquer um será invadido.
Luhansk, Donetsk, Kherson,
Simferopol, Sevastopol,
Severodonetsk e Irpin,
e tantas outras neste inferno
sem hora para ter fim
sendo muralhas da civilização.
Se o mundo vier a esquecer
escrevi o máximo que pude
para este capítulo não apagar,
e tudo o quê pude apreender
com este ensinamento duro
admito que cresci ao menos
para mais esta História recordar.
