Aviao sem Asa Fogueira sem Brasa sou eu assim sem
Antigamente todos me tratavam mal, não sou mais um marginal. Mas se estar à margem for negar o que não me convém, então eu sou marginal.
E eis que de repente agora mesmo vi que não sou pura.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.
Nota: Trecho de poema publicado no livro "Poesias Inéditas (1930-1935)", de Fernando Pessoa. Link
...MaisTenho fé em mim mesmo, a minha experiência com Deus é por aí, sou muito pragmático, cético. Sou otimista. Se não fosse, num certo momento eu teria dançado. Mas, em relação à minha vida, o que está acontecendo é uma busca muito grande de felicidade que eu estou encontrando.
sou impaciente
anuncio todos os meus atos
uma semana antes.
Não é confortável o que te escrevo. Não faço confidências. Antes me metalizo. E não te sou e me sou confortável.
Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome. – Sou pois um brinquedo a quem dão corda e que terminada esta não encontrará vida própria, mais profunda. Procurar tranquilamente admitir que talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas. Ou senão morrerei de sede. Talvez não tenha sido feita para as águas puras e largas, mas para as pequenas e de fácil acesso. E talvez meu desejo de outra fonte, essa ânsia que me dá ao rosto um ar de quem caça para se alimentar, talvez essa ânsia seja uma ideia – e nada mais.
Sou feita do amor daqueles que me tanto amaram nesta vida passageira, sou feita do afeto tão precioso dos meus escassos, porém dedicados amigos. Sou a princesinha que cansou de sonhar acordada com seu príncipe encantado, sou a donzela que largou a vida de rainha atrás de aventuras, sou a adulta que não suporta a ideia de velhice… Sou o que perdi.
Não sou uma coisa que agradece ter se transformado em outra. Sou uma mulher, sou uma pessoa, sou uma atenção, sou um corpo olhando pela janela. Assim como a chuva não é grata por não ser uma pedra. Ela é uma chuva. Talvez seja isso que se poderia chamar de estar vivo. Não mais que isto, mas isto: vivo. E apenas vivo é uma alegria mansa.
Tudo o que não sou não pode me interessar, há impossibilidade de ser além do que se é.
Sei o que é o absoluto porque existo e sou relativa. Minha ignorância é realmente a minha esperança: não sei adjetivar. (...) Olhando para o céu, fico tonta de mim mesma.
Não estou à altura de imaginar uma pessoa inteira porque não sou uma pessoa inteira.
Sou desastrada, não tenho o corpo perfeito, gosto rápido das pessoas, meu cabelo é bagunçado, mas tento ser forte.
Quando sou visto, tenho, de repente, consciência de mim enquanto escapo a mim mesmo, não enquanto sou o fundamento de meu próprio nada, mas enquanto tenho o meu fundamento fora de mim. Só sou para mim como pura devolução ao outro.