Zygmunt Bauman

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O capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento.

Zygmunt Bauman
Modernidade líquida. [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001

Interrupção, incoerência, surpresa são as condições comuns de nossa vida. Elas se tornaram mesmo necessidades reais para muitas pessoas, cujas mentes deixaram de ser alimentadas – por outra coisa que não mudanças repentinas e estímulos constantemente renovados… Não podemos mais tolerar o que dura. Não sabemos mais fazer com que o tédio dê frutos. Assim, toda a questão se reduz a isto. Pode a mente humana dominar o que a mente humana criou.

Zygmunt Bauman
Modernidade líquida. [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001

Sinto-me em casa em qualquer lugar, embora não haja um lugar que eu possa chamar de lar.

Zygmunt Bauman
Modernidade líquida. [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001

Quem quiser conservar um enxame de abelhas num curso desejável se dará melhor cuidando das flores no campo, não adestrando cada abelha.

Zygmunt Bauman
Modernidade líquida. [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001

Vivemos o fim do futuro.

Hoje, o medo da exposição foi abafado pela alegria de ser notado.

A paixão por se fazer notar é um exemplo importante, talvez o mais gritante, dos nossos tempos, nos quais a versão atualizada do cogito (penso) de Descartes seria: 'Sou visto (observado, notado, registrado), logo existo'.

A internet e o Facebook nos tranquilizam e nos dão a sensação de proteção e abrigo, afastando o medo inconsciente de sermos abandonados. Na verdade, muitas vezes você está cercado de pessoas tão solitárias quanto você.

Os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas possam estar certos...

Esquecemos o amor, a amizade, os sentimentos, o trabalho bem feito. O que se consome, o que se compra, são apenas sedativos morais que tranquilizam seus escrúpulos éticos.

Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente. Na sociedade contemporânea, nada é feito para durar.

“Medo” é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito.

O pressuposto da vulnerabilidade aos perigos depende mais da falta de confiança nas defesas disponíveis do que do volume ou da natureza das ameaças reais.

Afinal, viver num mundo líquido-moderno conhecido por admitir apenas uma certeza – a de que amanhã não pode ser, não deve ser, não será como hoje – significa um ensaio diário de desaparecimento, sumiço,extinção e morte. E assim, indiretamente, um ensaio da não-finalidade da morte,de ressurreições recorrentes e reencarnações perpétuas

Nossa vida está longe de ser livre do medo, e o ambiente líquidomoderno em que tende a ser conduzida está longe de ser livre de perigos e ameaças. A vida inteira é agora uma longa luta, e provavelmente impossível de vencer, contra o impacto potencialmente incapacitante dos medos e contra os perigos, genuínos ou supostos, que nos tornam temerosos

Burlar o tempo e derrotá-lo no seu próprio campo. Retardar a frustração, não a satisfação.

Para evitar a catástrofe, primeiro é preciso acreditar na sua possibilidade. É preciso acreditar que o impossível é possível. Que a possibilidade sempre espreita, inquieta, debaixo da carapaça protetora da impossibilidade, esperando o momento de irromper.

A casca de civilização sobre a qual caminhamos é sempre da espessura de uma hóstia. Um tremor e você fracassou, lutando por sua vida como um cão selvagem.

Como indica o nome que assumem (reality show), um nome que não sofre oposição dos
espectadores e que só é questionado por uns poucos pedantes particularmente
presunçosos, o que eles mostram é real; mais importante, contudo, indica
também que “real” é aquilo que mostram. E o que mostram é que a
inevitabilidade da exclusão – e a luta para não ser excluído – é aquilo no qual a
realidade se resume. Os reality shows não precisam ficar repetindo a mensagem:
a maioria de seus espectadores já conhece essa verdade

Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo.

Os filhos estão entre as aquisições mais caras que o consumidor médio pode fazer ao longo de toda a sua vida.

Nos compromissos duradouros, a líquida razão moderna enxerga a opressão; no engajamento permanente percebe a dependência incapacitante.

A solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico comum.

O desvanecimento das habilidades de sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como objetos de consumo e a julgá-los, segundo o padrão desses objetos, pelo volume de prazer que provavelmente oferecem e em termos de seu "valor monetário".

O amor-próprio é construído a partir do amor que nos é oferecido por outros.