Vanessa Brunt

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Descobrimos os atalhos quando nos perdemos.
Ninguém acha um caminho melhor sem sair do caminho de sempre.

Inserida por claramagalhaes

MAL BENDITO

Se recebesse a notícia
De que amanhã irá morrer
Este choro importaria
Ou seria só "auê"?

Se importa, meu bem, repare
Não é mentira que tudo passa
Calúnia é dizer que nada sobra
Mas são dos restos que vem a graça:

As mais árduas batalhas
A maior das grandes dores
As perdas mais canalhas
Os mais fortes dos horrores
Não vêm para qualquer um
Não acontecem sem razão.
Os melhores soldados
São os postos em ação.

É assim mesmo...
Existe sim o que está escrito
E se não existe: inspire o ar.
O que é bem dito, não ganha borracha
Porque se não mata, bendito será!

Inserida por claramagalhaes

Não precisa fazer sentido.
Só precisa fazer algo ficar.

(Se faz algo ficar, faz sentido)

Inserida por claramagalhaes

Amo detalhes
Daqueles reais
Todo verso importa
Se não deixa em paz.
Amo o que odeio
Que bem que me faz!
Tudo o que fica
É porque algo, não mais

Inserida por claramagalhaes

SEM HUMILDADE NÃO HÁ INTELIGÊNCIA

Um sábio grosseiro vira burro.
Se há arrogância na palavra,
Ninguém quer ouvir o seu saber.
Se ninguém ouve, é só sussurro
Dito de longe, na grande bancada
Fazendo de nada valer.
A graciosidade é o primeiro passo
Para o sabido não ser fracasso.
Um conteúdo mal dito,
Mal feito, mal posto,
Parece pura ignorância
Parece pressuposto.
O esperto tem que ter paciência,
Tem que se mostrar igual
Para então
Ser xeque-mate,
Para então não funeral.
Se ninguém ouve, se ninguém entende,
Quer ser o que: Além de empate?
Carisma é a primeira arma
Para o sábio não ser quem late!
Conseguir admiração é o que faz
Ser reconhecido.
Um grosseiro é só um grosseiro
Um sábio é comedido.
A gentileza dá beleza ao feio
E inteligência ao inteligente!
A estupidez deixa o esperto, inepto
E faz do lindo, um feio demente.

Inserida por claramagalhaes

O MELHOR DOS MEUS DRAMAS

Nunca fui de fazer dramas para afetar os outros com lágrimas dissimuladas e discursos de intensidade barata, mas sempre fui dramática. Você sabe. Não é que eu aumente fatos e sentimentos, é apenas aquela coisa de que eles já brotam acrescidos e alargados em mim. Tudo o que passa por esse meu peito tem o costume de ficar profundo, singular e agigantado. Até nas pessoas que nem se preocuparam em trazer originalidade, falando e agindo como com tantas outras, eu enxerguei o que de incomum e maior poderia abstrair. Entretanto, é a primeira vez em que me deparo com tão algo imenso, tão incalculável e real. É clarividente a lisura e autenticidade do oceano que vivo agora, é transparente que desta vez não é grande só partindo de mim, e que o meu âmago não ampliou nada, ele apenas está fazendo o exato reflexo do que já existe por si só como gigante: Doa a quem doer, olhe quem olhar. É dos dois lados e não somente interna, a nossa enormidade. Por isto mesmo, por já sermos o drama, a intensidade, o mar inteiro, é que resolvi me ater à realidade para falar de nós.

A verdade é que não preciso que você venha para que eu sobreviva. Preciso é tomar na hora certa aquele remédio horrível que o médico me indicou na semana passada. Preciso comprar papel higiênico e consertar o meu micro-ondas quebrado a quase um mês, porque é necessário que eu esteja limpa e alimentada para não cair dura no chão por doenças ou anorexia não intencional (isso existe?). Preciso fazer atividades físicas, porque a minha respiração está péssima e aquela dor que senti noite passada pode ser consequência da minha preguiça e sedentarismo. Preciso de muita coisa, mas não de você. Não para existir, não para que meus órgãos funcionem e para que meu coração continue pulsando o sangue que necessito.

Contudo, não sei como seria a etapa de aguentar a dor de perder as suas manias e cuidados. Não quero nem pensar. Porque justamente por não precisar, é que surge a questão do querer, e eu quero. Não porque vou morrer se não tiver, porém, porque só estarei agora vivendo bem e realizada, ao ter. É que não almejo só sobreviver, só existir, só perambular pela vida com o básico necessário. Quero viver, ser e acrescer. Foi um dos desejos que você despertou em mim com tudo o que veio a lecionar. Quero então, a evolução tão descrita pelos velhos de alma. E para isto, eu preciso de você. Careço dos nossos planos para que a minha esperança seja revitalizada nos dias difíceis e do seu colo acompanhado de palavras que me ajudam a acreditar um pouco mais em mim quando tudo parece perdido. Quero a garra que ganho também quando vejo a força que temos e que sou capaz de possuir por nós. Preciso dos seus afagos que me mostram que não devemos só tomar um remédio para que a saúde esteja normalizada, mas sim, para estarmos vivos e dispostos para cuidar também de quem amamos. Preciso dos nossos risos e da sua massagem agressiva que me faz lembrar que as dores também podem ser engraçadas, se olharmos de um ponto de vista mais bem humorado, ou um tempo depois. Preciso das suas teses, brincadeiras, de você por quem é, sendo e estando presente para que haja mais do que apenas o ar e as obrigações no meu mundo, para me tirar do universo prescrito, mostrando que a vida vai além da sobrevivência, que se trata de viver, e que viver sozinho não faz tanto sentido assim.

Dizem que a tristeza é o que mais aflora o nosso lado artístico, porque nos fechamos em nós para digerir as mágoas, assim, refletindo até expelir em imagens caladas. E quando alegres, queremos viver, tanto que não "podemos" parar para compartilhar aquilo, só que você, que me faz tão bem, me dá vontade de correr para a vida e de desmembrar em palavras, de tentar os dois. E mesmo que seja bem mais fácil não falar nada, porque quem sente faz mais do que cita e o cotidiano vai levando algumas das juras e das lindas palavras, e transformando tudo em apenas pequenos (e tão grandes) atos, ainda assim, eu falo. O amor continua a ser aquele que usa a voz e comete, não esquecendo nem de um e nem do outro. E esta é mais uma das coisas que você tem efetivado e consolidado no meu novo estar. Por isso eu afirmo sempre para mim mesma, todos os dias, o quanto é surpreendente a forma com que você chegou de mansinho e provou que as minhas teorias sobre o amor podem ser concretas mesmo sem um cavalo branco e as palavras do Nicholas Sparks citadas dia após dia. Que é na rotina, nas durezas da vida e na intimidade construída que a ligação realmente está presente, fazendo o seu papel. Que não tem isso de enjoar, que no amor de verdade a gente luta, segura no que prende a estrutura, mas não joga fora tão fácil assim. Você quebrou as minhas asas só para reconstruí-las, e me mostrou que a realidade pode ser linda também, mesmo que com suas guerrilhas bobas.

Eu podia estar remoendo minha carga de dores passadas. Aliais, não posso dizer que sou dessas pessoas que conseguem simplesmente abandonar as mágoas. Tenho o terrível costume de reler a minha vida inteira e debater como aquelas feridas chegaram onde puderam. Então eu podia sim, continuar dessa maneira, vivendo com um pé lá atrás e metade do outro aqui, no entanto, você me dá vontade de olhar para frente e estar no agora, de observar a sua paciência e entender que generalizar não adianta quando se trata de construir algo sólido. Que cada pedacinho de cada ser é diferente e deixa uma saudade inigualável.

É que é de dar agonia tanto amor! Você me emociona. Faz com que eu pergunte e responda, com que eu amadureça meu autoconhecimento e meu repertório, não como naquele amor que eu descrevi a uns meses atrás, e sim como naquele que eu nem sabia que existia, como aquele que me ensina como é. Porque você é a verdade mais bonita que conheci. Só peço é que nunca desacredite, que não abandone aquele nosso acordo de sempre falarmos um com o outro antes de ouvirmos os burburinhos. Só peço que tente entender a quantidade infinita desse calor que você plantou aqui, que faz com que o meu receio de acordar descabelada na frente de alguém e de escancarar os meus defeitos mais chocantes sejam uma bobagem, quando ao seu lado.

Então venha. Fique. Nunca foi tão bom lutar contra dragões e inverdades como está sendo agora. Traga as suas cicatrizes, isso não é problema, eu sou cheia delas também. Continue mostrando tudo, cada pedaço, porque eu quero descobrir novos com a sua existência. Vamos nos curando e deixando as bagagens pesadas no armário dos fundos. Não vamos jogá-las fora, porque é preciso abrir essas malas vez ou outra, porém já não quero futucar, reorganizar, renascer os mortos... Por isso venha, esteja. Leve-me. É por ser grande demais que aceito este amor como é: de verdade. Nem sempre tão lindo, nem sempre como queremos. Mas sem máscaras, e com uma intensidade tão absurda que para explicar até o meu drama vira indiferente. E para quem não acreditar, dane-se. É tudo grandão assim mesmo! Podem jogar as pedras no castelo, estamos aqui preparados, porque ele não é de areia e nem feito só do que o meu coração quis achar. Ele é tão de verdade, que cada tijolo que o mundo tasca pela janela, vira só mais um para segurar a base.

SE TENTAR

Se for para tentar, tente de verdade. Não se distraia (não se torne hipnotizável por discursos que possam ferir seu intuito), não permita que bagunças anteriores fiquem espetando as metas (se não puder subtrair as desordens, apague-as por hora. Saiba fazer diferente a partir daqui), e não pule para os meios mais fáceis, eles sempre são os mais frágeis. Caso contrário, nem se atreva a sequer insinuar a busca/investida. Isso pode significar perder cada pedaço, partes do que ainda fazem com que a ideia de insistir se instale, fragmento por fragmento de um todo. Isso pode custar o seu sono, a sua fome, o seu intelecto, as suas valentias e até a sua lucidez. Pode significar perder ganhos anteriores e a fé em si para todas as outras coisas, ou ao menos e principalmente, a crença dos envolvidos, que mesmo que vejam que o resultado não está sendo imediato, tenha a certeza, vão admirar mesmo é o seu esforço, mais até do que se ganhasse de mão beijada.

Se não for tentar de verdade, se for para tentar mais ou menos (o que nem existe), procure outra coisa, algo que estimule os seus sentidos a um ponto em que sua garra seja desperta.

Tentar é algo muito grandioso, mais até do que conseguir. A caminhada é que deixa suas digitais, seu nome e a cara a tapa. O resto é consolo, é pouco, é sem raiz, fácil de deslocar-se.

Quem é passageiro quando fala que sabe dirigir, não pode levar nada e nem ninguém da maneira que realmente deseja. E muito menos poderá fazer com que acreditem que verídica e absolutamente sabe controlar um volante.

Inserida por claramagalhaes

NINGUÉM AGUENTA MAIS

E agora? Para quem vou falar de nós? Sua camisa ainda está no armário, seu cheiro sempre impregna o edredom, seu fantasma ronda minha aura e nunca sei qual vai ser a próxima reviravolta. Você enche o meu baú de interrogatórios incessantes e deixa a necessidade de desabafos que o silêncio não dá conta de administrar. Treino as cenas dos próximos capítulos no espelho, na sala, nos intervalos entre uma esquina e outra, e ainda assim os receios dos diálogos manarem para outros rumos ou de não mais acontecerem, matam o meu resquício de sossego.

Ninguém entende. E sei que nada é completamente compreensível para quem está do outro lado de uma linha tão tortuosa, que inda que fosse linear, não anularia o fato de que só os personagens de um livro podem falar veridicamente sobre a sinopse, mais do que o narrador ou o leitor. Mas preciso dizer, sabe? É isso o que você faz comigo, planta um tumulto que não sei aclarar no isolamento. Ninguém enxerga o que você deixa nas minhas entranhas, no tapete do corredor e em cada cílio que cai, então não posso exigir que concordem com as sandices que tenho cometido nesta história. Mas é que, ao menos, antes eles me escutavam.

Nas primeiras vezes disseram que eu estava esquecendo dos outros focos da minha vida e que era para parar de rebobinar a nossa fita, afinal, nem mais existe videocassete. Então, eles ouviam seu nome enquanto eu dormia, matavam baratas na minha frente e o sangue delas já não me incomodava, qualquer outra dor e tortura era irrelevante. Tudo o que importava eram as questões que você fez de semente e a falta da nossa dimensão. Eles desistiram de mandar-me parar, apenas deixaram que eu me martirizasse pelas caóticas valas que fizemos.

Nas últimas vezes, falei para olhos desviados e mentes exaustas de descrições sobre o nosso caso perdido. Talvez porque eles soubessem que nunca era tão perdido assim, talvez porque estivessem conscientes de que nenhum conselho dito iria ser seguido. Você é minha impulsividade, e meu talvez.

Parei de falar por um tempo. Sim, eu consegui. Nos últimos meses contive as exacerbações em prol do nosso teste, estava esgotada. Não queria mais acidentar a sua imagem, mesmo que em alguns casos fosse algo merecido. Queria somente dar a chance para excluir os pontos nebulosos caso fossemos finalmente alcançar uma quietude nesta desordem. E, depois, você não fez por onde. Não me espantei. Nem eles.

Mas, e agora? Quem vai aguentar ouvir de novo o mesmo nome escandalizado na minha voz tristonha? Não há mais quem fique surpreso com a sua falta de cuidado e verdade. Mas ainda assim preciso entender e gritar, porque você faz bolas de pelos na minha garganta e sei que nenhum de nós quer que seja este o desfecho. Sei o quanto você me dói e isso é fácil de enumerar, no entanto, como explicar o quanto você me restaura? Quem vai querer emprestar os ouvidos para passar por todo esse processo outra vez?

Todos já desistiram de nós. A fé contínua é apenas nas nossas voltas confusas, mas nunca em uma permanência. E estou passando a acreditar neles, estou passando a não aguentar ouvir seu nome exalando nos meus neurônios para noticiar os mesmos plantões. O caso é que não posso falar sobre nós com você, que é com quem mais deveria... Porque sei que nossos debates findam em uma trágica visão de beijos, lágrimas e silêncios. Você explica o que nunca é suficiente, e eu canso de perguntar. Contudo, nunca a última vez é bastante para ser fim. Até que em algum momento será. Em algum ponto não serei o porém e você não terá mais poder de reformular uma vírgula, porque, meu bem, a sua camisa vai indo cada vez mais pro fundo do armário, o seu cheiro vai esvaindo-se na máquina de lavar e seu fantasma vai ficando invisível. Não são as palavras, são os atos que podem nos salvar. E já repeti este clichê mil vezes, tanto, tanto e tanto, que nem mais ele tenho forças para recolocar. Um choro e a sua volta não vão pendurar sua camisa na frente das outras e nem fazer o edredom deixar de ser lavado, mas se você fizer direito, se tiver equilíbrio e maturidade, se souber ficar, sim, aí todo o resto ficará também.

Para quem vou falar de nós se sei que falar não basta? Se sei que não há mais paciência. Se sei que nem mesmo eu suporto mais. Se sei que agora entregarei em suas mãos cada chance que vier para que tentemos uma última vez.

Pela primeira vez, estou em mudez. Não há mais para quem discorrer e nem novidades chocantes a serem ditas. Tudo está repetitivo, você concede previsibilidade. Silenciei, e quando nos calamos sobre o que está no centro do nosso peito... Bom, significa que já não está mais tão no núcleo assim. É, agora sim, pode se preocupar, com razão. Se o vício passa a não ser cometido da maneira de sempre, já não é mais tão vicioso. Porque este é o primeiro passo para determinar uma sequência de outros, de que na próxima vez já não vou cheirar, até depois já não tocar, para depois já não olhar, não procurar saber... De passo em passo fluindo e deixando, até não sobrar nada que me faça desejar o sol batendo no seu rosto numa manhã de domingo, enquanto começamos tudo outra vez.

O DESPERTAR

Acordei sem muitas obrigações, sem muitas cobranças interiores, abandonando aquelas promessas que são dependentes de outras pessoas ou de acasos para serem efetuadas. Acordei deixando a poeira da casa subir, deixando o lençol solto tomando parte do chão, sem muitos pratos para lavar, apesar da louça cheia. Passei pela porta que tu deixaste entreaberta, e pela primeira vez dentre tanto tempo, não me arrisquei a olhar pela greta para tentar depreender se poderia empurrá-la um pouco mais. Despertei com outro objetivo, que não expecta palavras alheias para que em meu rosto haja sorriso, que não abrange as decisões ou padrões sociais, que não abandona, todavia que também não aguarda. Não estou caindo em um daqueles meus patéticos períodos de desligamento, não estou ignorando as presenças, o fato é outro: Hoje, acordei sem incomodar-me com as ausências. Meu objetivo é simples, e enceta com um chocolate quente e um edredom, com a abertura de uma janela esquecida neste espaço que ninguém mais pisou, com a permissão para que outros seres habitem o lado oposto ao meu escudo sinuoso. Estou abrindo as mãos e, sem avareza, permitindo que o vazio escape, consentindo outros toques. Sinto que já não inalo a fumaça que deixou ontem, que já não é tão dificultoso assim entregar-me a outros focos. Porque, observe: Como se pode dirigir, se ao carro a gasolina falta? Como se pode atender uma ligação, se não há ninguém a mais na linha? Hoje, só, abastecerei o caminhão que irei governar. Irei cortar os fios, porque meus contatos serão mais próximos. Quem sabe o que mudará após este meu conciliar? Amanhã é depois. E tu bem sabes, já que teus atos certos são sempre amanhã. E este hoje poderá ser o meu conseguinte também. Apenas acordei assim... E não vou chamar os bombeiros quando tudo pegar fogo, porque agora meu objetivo é apenas um: Eu. E não é egocentrismo, também não me jogarei ao clichê do amor-próprio, é mais que isso, é o relógio que não para, é o meu acordar. Hoje despertei para me religar!

Inserida por claramagalhaes

PERSISTA (?)

Você não tem este direito. Na verdade, ninguém tem direito de nada além do que recebe. Então, no fim das contas, eu quem lhe dou o direito que digo que você não deveria ter (droga!). Este direito, este mesmo! De fazer com que um toque faça minha perna tremelicar, meus pensamentos se embolarem e minha voz sair aguda. Pare já, de revirar todos os metros quadrados do que me compõe, de transformar meus sólidos em água, de retrair e expandir minhas interrogações e certezas em um só olhar. De causar-me noites mal dormidas e de deixar-me mais viva do que nunca, enquanto queria mesmo era morrer de tédio, sem me resvalar por estas agonizantes e simplórias inconclusões.

Não me conquiste. Eu até posso, até aceito, invadir assim seu coração, mas você dentro de mim, não. Não antes que eu tenha a certeza de já ter dominado seus sentidos e talvez nem mesmo assim. Não costumo entrar em uma história para deixar ser morna, para ir sem tudo o que posso, sem me permitir. Mas desta vez, estou com muitas promessas para cumprir a mim, com medos para deteriorar e você não pode chegar aqui tornando tudo tão pequeno perto do seu gosto. Ainda mais com tanta dúvida aparente.

Por favor, fique. Quero dizer, vá. Quero dizer, até meus pedidos não têm mais reais fundamentos. É fato o espaço em branco, cutucando as pontinhas da minha irracionalidade para ser preenchido de vez, no entanto ele não pode ganhar agora. Você não pode. Eu não queria que fosse um jogo, só que sempre acaba sendo em algum ponto, ou interrogação. Não adianta entrar com um extintor no fogo que renasce só com um simples contato. Sinto que tenho todas as chaves e não posso abrir a porta.

Não me venha com formas tão baratas de adubação, que parecem ser utilizadas com qualquer outra das suas vítimas. Pare já! Pare! Por favor, não me conquiste. Não preencha o espaço, não invada o meu triz. E, opa! Também nem pense em ir embora, viu? Como assim: chega, vem fazendo pose de quem pode até ficar, e sai virando as costas? Acha que seria certo? Rá... Mas não é assim mesmo! Você não tem esse direito. Esse, esse mesmo! De cogitar colocar o pé para fora sem ter antes entrado de vez. Minha mente nem consegue imaginar a cena de você partindo, levando embora sua mania de sorrir torto depois do beijo e de discutir teorias. Nem conheci seu hálito matinal, nem sei como você se espalha pela cama depois de um dia exaustivo e nem aprendi sobre tudo que ainda me ensinaria (ensinará?).

Por favor, só me conquiste. Já conquistou. Quero dizer, não se esforce. Não me conquiste.

Ah, então você acha que é assim? Que não precisa nem tentar direito? Faça mais do que isto! Conquiste, vá. Conquiste, fique. Não conquiste.

E o resumo de tudo isto é:

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A palavra no meio desta bagunça, que você mesmo fez. A palavra que eu não quero admitir, mas quero que faça.

Digo, não quero que faça não.

— Ah, vai me deixar desistir de falar? É assim?


RECADO AOS HOMENS:
Quando uma mulher mandar você ir embora, na maioria das vezes, ela só quer saber se você é do tipo que vai, ou do tipo (certo — que vale a pena o risco —) que fica com as pedrinhas para jogar na sua janela até não saber mais o que fazer. E ainda assim, mais faz.
Porque, entenda, criamos testes por sempre estarmos esperando os (f)atos. E quem desiste fácil, meu amigo, prova que nunca esteve de verdade.

Inserida por claramagalhaes

A solidão não vem por acaso. Não a deixe passar sem entender qual a mensagem que ela trouxe.

Inserida por claramagalhaes

Que seja eterno somente enquanto, no coração, for eterno.

Inserida por claramagalhaes

NÃO SOFRA TENTANDO EXPLICAR

Não adianta o gasto da saliva discutindo seus valores com quem não os têm. O ogro vai falsear discernimento, agregar conteúdos sobre o tema no debate ou até dizer que discorda, mas o fato é que ele sequer entenderá. Não se martirize tentando glosar o porquê o erro daquela pessoa foi grave se ela não tem critérios para entender o que é correto nos princípios que você emana. Não. Não tente explicar mais de uma vez o que é caráter para um mau-caráter ou o que é fidelidade para um traidor. Não permita chegar em sua asma tentando decifrar a importância daquele ato para quem não o capta como fundamental. Não tente fazer uma tartaruga inferir a relevância de ir mais rápido. Não sofra pelo não entendimento de quem não evolui a capacidade de aprender, sobre aquilo, além.

Existem tópicos que derivam da essência de cada um, fatores que só a índole comanda e que não há como tentar reformular sem ser o próprio dirigente dos traços. Você vai passar a vida inteira tentando ensinar para o enganador o valor e o poder da franqueza, e não obterá êxito, ainda que creia no arrependimento do inquilino. Não adianta discursar, exemplificar ou expor. Somente o próprio ser com as suas vivências e reanálises é que pode ser apto a cometer uma comuta.

Você pode deixar claro quais os seus pontos de vista, quais as suas prioridades e o que é digno no seu universo. Pode. Contanto que ainda esteja com os pulmões funcionando sem fadiga. Depois deste limite, chega. Deixe que a caminhada ensine ao malandro qual a moral da história. Deixe que as fianças sejam cobradas pelo que o futuro reserva. Não chore abraçando o tormento do anseio de que aquele sujeito compreenda os motivos de ter causado tamanha decepção. O que vale este desespero é somente se a quebra dos seus conceitos for feita por si, não por segundos e/ou terceiros.

Esteja imperturbado se sabe que seguiu o que gostaria que seguissem por você. Isto basta. Não fique pensando se a consciência alheia está pesando pelo que deveria. Caso estejam com o travesseiro leve enquanto o justo seria recostarem em pedras, apenas aceite que tem gente de feitio confuso ou obscuro, que não vale a instrução. Gente que só aprenderá quando for a vítima e não o estuprador, ou talvez nem mesmo assim. No fim, somos apenas nós, a nossa mente e as nossas valências. Quem carrega os pedregulhos dos outros, querendo transformá-los em diamantes, só duplica as próprias feridas desnecessariamente e atrapalha o tempo de dissipar do centro dos objetivos aquilo que não deveria ser pesar, por não depender da sua aula e sim do aluno estudando só.

Desabite o que não faz por onde, o que não segue o que é vital na sua lista prioritária e só explique com euforia o que é amor ao respeitoso, o que é bondade ao generoso e o que é amizade ao não traiçoeiro. Troque ideias com quem compartilha das suas teses, acresça com quem você pode também ajudar a desenvolver, não com quem não alcança seus olhares. De resto, até ouça, afinal, nada é tão vazio a ponto de não merecer a nossa escuta para certas abstrações. Contudo, não esqueça: não adianta um peixe tentar nadar por muito tempo em água secante, tampouco funcionaria por horas respirar em terra. Não há tubarão que converse com leões. Não há como explicar a um cão o que é lealdade: ou ele, por instinto, será devoto a você, ou poderá morder sua perna e não existirá fala que seja suficiente para definir ao animal o quão absurdo isso foi.

Inserida por claramagalhaes

O amor não começa pelo começo, ele começa no meio, ele começa quando existe algo já construído. Quando traz mais paz do que zunido.

Inserida por claramagalhaes

Você não precisa estar certo sempre, você precisa ser verdadeiro sempre. Você não precisa acertar mil questões do existente para ser genial, você só precisa refletir sobre o inesperado.

Inserida por claramagalhaes

Um relacionamento é feito cinquenta por cento do que se vive e mais cinquenta da esperança do que se pode ainda viver. Sem esperança, incompleto.

Inserida por claramagalhaes

O amor, para ser amor, precisa de amizade. A amizade precisa de intimidade. A intimidade precisa de conexão. A conexão precisa de confiança. A confiança precisa de verdade. A verdade precisa de caráter. O caráter não precisa de nada, ou ele é ou não é.

Inserida por claramagalhaes

SÓ VOLTES SE

Não voltes fingindo, tu
Que não houve nada demais
Não voltes querendo, tu
Compor uma falsa paz
Se cometeste teu erro
E inda assim quis outra chance
Não voltes pensando, tu
Que já estou em teu alcance.
Ah, não voltes com preguiça
Não voltes com vida nova
Só voltes fazendo justiça
Só venhas para dar a prova.
E trates de convencer-me!
Que quero coragem e esforço
Só venhas, meu bem, só voltes
Se for não ser alvoroço.
Porque, ó, meu bem, repares...
O que quero é um amor tranquilo
Não vou ser tua calmaria
Para ganhar aquilo!
Só voltes, tu, só voltes
Se for para fazer direito
Se não, faças teu melhor:
Vai-te embora como insatisfeito.
Fazendo tua peça engraçada
Que nela mais nada me dói
Voltes, meu bem, voltes
Sabendo que não me corrói.
Não levantarei um dedinho
Não chorarei tua desgraça
Não ajudarei um tadinho
Que de tadinho se passa.
Não queiras de mim compreensão
Não queiras ser tão egoísta
Não venhas com a ilusão
De outra tão fácil conquista.
Só voltas, então, só voltas
Se puderes fazer diferente
Aguentes, meu bem, és tu
Quem terás que ser paciente.

Inserida por claramagalhaes

Amor é tudo aquilo que fica quando a gente vai.

Inserida por claramagalhaes

Amigo não é só aquele que está presente nos maus e bons momentos, mas sim aquele que permanece quando a sua fase de vida está completamente diferente da dele.

Inserida por claramagalhaes

Nunca confie no "sim" de quem não sabe dizer "não".

Inserida por claramagalhaes

Que tal, simplesmente, não matar o sapo com sal? Jogar açúcar, meu bem, é muito mais brutal.

Inserida por claramagalhaes

Quebra a cara é quem só vive de olho aberto, que ora arde a vista, não enxerga mais nada e tropeça.

Inserida por claramagalhaes

O ASSASSINO TEM QUE DAR SEU TEMPO SE QUER FICAR

O tempo para quem sofre e o tempo para quem causa o padecimento são sempre distintos. A urgência é do primeiro, o sufoco e o desespero. Não deixe que o segundo inverta os papéis.

O tempo para quem sofre passa empacado no remoer e esperar, pausado na história que pingou o sangue, mesmo que passeando por outras. O tempo para quem tomou um escorregão é sempre o tempo do precisar. Precisa de muita coisa do mundo que antes que não havia tamanha necessidade. Precisa de muito mais testes antes de dar uma nota, de muito mais labirintos antes de abrir uma porta, de muito mais evidências, de muito mais tempo. Precisa que até aqueles nos quais confia, deem uma nova amostra de que podem ser confiáveis. Precisa de um universo de comprovações, porque seus olhos não cansam de catar qualquer peça do hemisfério que possa causar um novo hematoma. Precisa que o criminoso faça algo para diminuir aquele impacto ou, no mínimo, precisa que alguém o ajude a fazer o tempo ser tempo de novo. Quem está nesse tempo é quem pode exigir, quem está nesse tempo é quem pode reclamar e indagar.

O tempo para o destruidor passa, mesmo que sentindo a culpa, mais brando. O matador não precisa de hospital, de remédio ou de explicação. Ele navega saudável pelas retas inclinadas. Não o pertence a falta de ar. Ele não tem direito ao protesto, não tem permissão honrosa para dar queixas. Ele tem um tempo que passa, um tempo que não o enche de dúvidas e itens que trituram seu relógio com o passado fazendo ecos inescapáveis. O tempo da revolta não o pertence, a sua obrigação é apenas a de afagar o tempo do sofredor ou de ir embora, não de se fazer de ferido também. Porque ele tem o tempo, para ele a vida anda, ele não precisa estancar o buraco.

Para quem sofre, um dia emenda no outro e a cama não significa uma pausa para um novo nascer do sol, é somente um descanso entre abrir o corte mais uma vez. Para quem sofre, o tema foco é sempre o mesmo, ainda que não seja citado. Para quem sofre sempre há o incômodo de tentar entender como pode o cruel continuar a dirigir. É sempre preciso parar no ponto que machucou e reler, é preciso que o malvado releia também. Não há uma paz total até que o vilão pare o seu tempo e volte para a injúria ou até que o tempo passe o suficiente para que aquele que sofre, já não seja mais sofredor. Mas ainda assim, mesmo depois de anos, mesmo após o tempo aprender a passar de novo, só quem pode fazer reivindicações sobre o tempo em que houve a mágoa, é quem parou seu tempo por estar debilitado, por estar doendo. Nunca, jamais, o assassino pode fazer requerimentos enquanto o espírito da sua vítima fala.

Quem tem que ter paciência não é o sofredor. Ele pode gritar o quanto quiser. O seu relógio está pausado no roxo da sua garganta. O sofredor é quem necessita. Ele não tem que esperar por nada, ele pode querer agora, ele pode querer com velocidade, é tudo emergência para quem tem a faca cravada em si.

Quem tem que ter paciência é quem feriu. Paciência para provar que pode continuar ali e para não dar um "ai" de objeção enquanto tenta se redimir. Paciência para ouvir as inúmeras vezes sobre o seu erro saindo da boca do golpeado, sem poder tentar se justificar por meio de deslizes alheios. Paciência para entender que o tempo de quem foi sofredor sempre fica um pouco parado e retrocedido. Paciência sem exigir, jamais, que o maltratado tenha paciência. Paciência para sempre ter tempo de ter paciência. E se o violento não tiver a paciência, é simples, tem que correr para a segunda e única outra opção: a de se mandar. E deixar, de longe, bem longe, que o tempo do ferido possa aprender a dar seus tic-tacs gradual e novamente, sem nunca voltar com algum grito de guerra sobre o tiro que cometeu.

O esfaqueador tem que dar seu tempo se quer ficar, se quer misericórdia. Tem que doar com gosto seus ponteiros para o ensanguentado, porque das horas do atingido ele já tirou uma parte.

O tempo para quem sofre e o tempo para quem causa o padecimento são sempre distintos. A urgência é do primeiro, o sufoco e o desespero. O machucado não deve permitir que quem não sabe entender seu alarme prossiga em seu tempo.

Inserida por claramagalhaes

Porque maturidade é não desistir de sentir.

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