Valter da Rosa Borges

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A brincadeira nos devolve
a pureza original.

O paraíso é o lúdico.

A inocência perdida
nos condenou ao trabalho.

Só o ócio primordial
é a redenção do homem
que não soube ficar criança.

Todos vigiam e são vigiados.
Eis o que é segurança.

E a liberdade?

O silêncio também é voz.
É aquilo que não foi dito,
porque, se dito, era pouco.
O silêncio não se mede
pela medida da frase.
Excede qualquer semântica.
Não é dicionarizável.
No princípio era o verbo,
mas antes dele o silêncio,
anterior ao princípio.

Será que foi de propósito
que Deus fez a vida
sem propósito?

Foi o homem que inventou
o propósito da vida.

Por isso, não pode entender
que a vida é sem propósito.

E sofre assim sem propósito.

Não somos mais aqueles cujo amor
imaginou a juventude eterna.
Hoje, idosos, os corpos sem calor...
O fogo da paixão agora hiberna.

Somente o amor, essa visão interna
consegue ainda ver todo o esplendor
da convivência cada vez mais terna
em saudades diárias a compor

e recompor, história por história,
as imagens dos dias consumidos
a fim de preservar mútua memória.

Mesmo que restem fatos esquecidos,
no turbilhão da vida transitória,
jamais se perderão, porque vividos.

A cada dia basta a sua própria verdade.

A cada dia que acordamos, começa a eternidade.

A verdade é uma força. Mas, sempre há o perigo de a força se disfarçar em verdade.

Tecnologicamente, chegamos ao ponto em que podemos destruir-nos completamente. A natureza não sentirá a nossa falta.

O povo é um rebanho sempre a procura de um pastor. Mas, quase sempre, não sabe escolher o pastor.

A ética se imporá naturalmente, quando compreendermos que ela é indispensável à sobrevivência da sociedade.

Os dois maiores inimigos do ser humano: o fascínio do poder e a paralisia do medo.

O verdadeiro mago é quem faz de sua vida um contínuo encantamento.

A ignorância é também uma das causas da tranquilidade.

É perigoso alguém tornar-se um mito, pois perderá o direito de errar.

Nem sempre a velhice torna as pessoas mais suaves como acontece com os vinhos envelhecidos.

O mistério nasce na distância e morre na intimidade.

O livre-pensador é visto como um perigoso inimigo do rebanho humano.

A vaidade é sempre sincera. A modéstia nem sempre.

As pessoas morrem duas vezes: morrem no corpo e na memória dos vivos.

A filosofia não é um modo de conhecer o mundo, mas o de nos conhecermos no mundo.

A arte é uma sedução que seduz o próprio sedutor.

Se pudéssemos prever tudo, perderíamos o prazer do inédito.

Quem não sabe sorrir e chorar, é um ser humano incompleto.

Quem necessita de admiradores, não tem suficiente admiração por si mesmo.