Tatiana Graneti

⁠É a Menina multifacetas,
te atravessa feito um cometa.
É a constelacão de Órion,
tem brilho incisivo no olhar,
como um universo a se desvendar
e despertar outro querer.
É a própria subversão,
tem vontades agudas,
é intensa e sensorial.
Fomenta o caos se faz desordem.
Pra soar seu antagonismo,
é descontinua e transitiva
de jeito incógnito.
Alma solar.

⁠Maturidade emocional
é dizer adeus mesmo amando.
Quando planos divergem,
caminhos separam.
É melhor a solitude
que o retrocesso.
Assente esse aspecto
no despertar da consciência.
Crescer é uma exigência.
Mesmo quando
por interferência,
alcança a completude.
De fato, nossa única imposição.

⁠Brilha feito ouro
por ser regida pelo sol.
Ela é tecida pela terra
e coberta pelos lençois do mar.
É a paz e a guerra na alternância
que emanar.
Ela veio pra florescer
em milhões de tons,
ser multicor.
Navegou muitas milhas
pra aportar no amor.

⁠Não deixe que o tempo
estrague a oportunidade.
Caminhos difíceis
traçam crescimento.
Que sejamos criativos,
para melhorarmos a cognição.
Que o negativo se dissolva
e o bem seja ampliado.
Que a paz teça na alma
rabiscos de plenitude e imortalidade.
Que os sonhos encontrem liberdade,
crescimento e solos férteis!
O que vier na direção,
que venha nos positivar,
revigorar a energia e nos permitir fluir.
Que a nossa existência floresça,
que todo ódio se renda ao amor,
que aquele contra se dissipe,
e o hoje nos favoreça.

⁠Sou um ser
fadado ao excesso.
Um universo complexo,
lotado de desorganização.
Tenho jeito explosivo
e fala acelerada.
Não modero a risada
e me atiro inteira,
pois destemo profundidades,
e desobedeço limites e proporções.
Sou transparente em minha dor,
imersa em minhas paixões.
Explicita nas intenções!
Se amo expresso, grito, descontrolo e apresso.
Se nada sinto evito sinais.

⁠Bastante observadora,
sou analítica por excelência,
tenho sensibilidade pra captar,
ler os sinais no ar.
Extremamente estrategista,
gosto de conversas inteligentes e elaboradas.
Detesto o desperdiço de palavras,
me cansam as ideias rasas
e as amizades fracas,
que causam desalinhamentos.
Me cansa ter meu altruísmo distorcido
pela incapacidade de alguém.
Quantas vezes em uma interação,
precisei fingir demência
pra não parecer indelicada?
Certas situações mostram
mais o caráter daquele que discursa,
do que de quem se tornou o assunto.
Pois raridade é ter argumentos.
Quem possue nos enriquece demais.

⁠Seja o amor da sua vida.
Quando um potencial egoísta se aproximar,
você poderá se enganar,
até pagar um alto preço
por não saber.
Mas se perceber,
cortará a influência
esfriando suas emoções
e cessando sua intensidade.
Sua sensibilidade merece alguém
com intenção de regá-la
até o florescer.

⁠Me encantam as coisas fugazes,
os arrepios vorazes,
as conversas através dos olhares,
fogo no corpo e fluxo na alma.
Pouco seca a minha fonte,
inatividade desliga minhas pontes.
Eu tenho sensações diversas
e dualidades impressas.
Perco-me na pressa,
enfeito-me na doçura,
desnorteio nas securas
e erro na insistência.
Deixo-me na transparência.

⁠Estar sozinha é um privilégio
quando o todo não satisfaz.
É melhor ter paz
do que uma relação em pé de guerra.
Aquele que é bom ímpar,
será excelente par.
A gente deve examinar
as razões de um enlace,
pra depois não buscar escapes.
Uma união sem amor, no fundo é prisão.
Então as expectativas passam a subverter
e qualquer pressionamento feri a liberdade.
Se permita aquilo que tem cura,
pois corpos presentes
nem sempre preenchem faltas.
À força, seguramos coisas temporariamente,
mas adiamentos não mudam o inevitável.

⁠Gosto das borboletas
porque elas desenham
o próprio caminho.
Possuem traços
em perfeito alinhamento
e são multicor.
Simbolizam minha metamorfose.
Monarcas migram,
tocam as flores
sem roubar seu perfume,
sem sensibilizar ou alterar
sua espessura.
Por toda essa ternura
eu sou apaixonada.

⁠Ela é imensidão de
sentimentos e sensações,
carregada de energia solar.
Ela é fogo e mar.
Vestida de saliência
e ligada ao existencial.
Rega tudo com amor,
mas não vê brotar só flores.
Ela lida com dores
e atravessa transformações,
pois existir pra ela é jeito.
Tem milhões de efeitos
e enseja reavaliar intenções.
É ser lapidado no formato antigo
a ressurgir no segundo final,
para um novo individual.

⁠Tenho versões infinitas de ser,
de demonstrar meu querer.
Me rendo ou me perdem.
Se me fere, em mim interfere.
Me nego os condicionamentos,
não camuflo sentimentos.
Se não fluir deixo escorrer.
Minhas pegadas são do mundo,
vivo segundos profundos.
Eternizo apenas os sonhos,
não ultrapasso do que me proponho.
Pertenço ao que vibra no meu coração,
o que me toca na alma
canaliza minha emoção.

⁠Te aguardo no horizonte
na falta do ontem,
no que se deixou pro amanhã.
Teço a saudade no peito,
no eco vazio do qual me enfeito.
Me deixa um terço da minha metade,
esse peso todo me invade,
me turva e me leva a exaustão.
Apaga minha paixão
e evapora toda fugacidade.

⁠Nessa fusão de ideais
contenho intentos reais.
Fechados por repressão,
escapam-me por afoita respiração
os desconfortos da ansiedade.
Tudo se espreme,
cai o véu da verdade,
de um amor que
resiste em segundo plano.
Ignoro a dor.
O que torna tudo mais insano.

⁠Acabei descobrindo
que toda distância entre nós é pequena,
se estamos longe debaixo do mesmo céu.
Nossos corpos em desencontros,
nossas almas em integração.
Desejo-lhe o bem,
mas de mim não abro mão.

⁠Nessas circunstâncias
ouso dar-lhe indiferença.
Corto a latência,
acolho a desistência.
Faço descontinuar
o perdão inexprimível.
Frases travadas na garganta
trajando disfarces.
E eu fingindo não me importar.

⁠Repetições de erros,
é senão, a clara evidência
de falsa redenção.
Tenho admiração
por quem vive o sinônimo
Benigno de suas palavras.
O problema é a maioria vazia
com bilhões de falhas,
excelente na conjugação verbal.

⁠Só amar não adianta.
Preciso de maior sentido.
Eu tenho isso comigo.
Se a balança não equilibrar,
um lado cai.
Detesto escorregar em desafios.
É justamente essa descida
que eu já não aceito ter.

⁠Lutei pra defender a mulher que hoje sou!
Chorei, perdi, ganhei,
desequilibrei do alto e cai na vida.
Soltei amarras
me engrandeci na fala.
Morri por dentro
e renasci de situações desastrosas.
Tanta coisa me desdobrando
e eu ali resistindo,
protegendo minha essência.
Gente sem consciência
tentando me encolher
e eu me obrigando a resistir.
Nada foi capaz de me reduzir,
equivalho aos meus sonhos.
Reconheço o meu tamanho e visto-me
de uma roupagem sem apertos.
Se por algo me perco,
nas minhas profundezas me acho.
Num piscar me refaço, aceito o destino,
me agradam os recomeços.

⁠Não vivi minha vida recuando,
foi caindo e levantando,
mergulhando e me afogando.
Às vezes sem rumo,
sem ferir minha naturalidade.
Uma mulher quando livre,
se doce segue plena,
Intrigante, viva e forte.
Ganhando fôlego,
tendendo à versatilidade.

⁠Mil verdades forçadas,
não passam de muitas mentiras.
Máscaras pra sobreviver,
distanciar do que se é.
Tantas léguas do amor,
dois passos pra se perder.
Ecos de palavras contidas,
alguns apertos de dor.
Ações de descompromisso,
sexo sem ardor.
Giro e rotatividade,
múltiplas conexões.
Mentes reduzidas ao fútil,
cinzentas de ilusões!
Gente que vislumbra o mergulho,
mas travam suas emoções.

⁠O amor é pra quem vai a luta,
nele não cabe dor ou disputa,
apenas a nua disponibilidade.
É para seres insistentes,
não é pra quem resiste a entrega.
É a quebra das algemas da consciência,
ato de desapegar e deixar ir.
Nem sempre ao alcance das mãos,
jamais se acorrenta a prisões.
É o todo que liga as pontes,
o brilho no distante horizonte,
intenso, verdadeiro e inteiro.
É a cavidade que chega a essência.
É antes reconhecer no que ele está.

⁠Há uma dor latente
presa no subconsciente
desde a terna infância.
Uma velha conhecida
adormecida, não resolvida,
que estraga a atual versão.
Respinga em gente inocente,
faltas que deterioram o presente.
Grita por solução.

⁠Sou além do que vê.
Nesse ser
há um milhão.
Do ontem sou reinvenção
daquele que muito perdeu
pra se encontrar.
Vivo na inquietude do presente.
Falo até mesmo no olhar,
sou silêncio sem reversão,
tendo à retaliação,
custo a perdoar.
Já arrastei muitas bagagens.
Entendo hoje que sou um grão
flutuando contra o vento,
em busca de bons momentos.
Regado de luz e amor,
sem a menor vontade
de minimizar esse que sou.

⁠Todas as pessoas
que passam por sua vida
te ensinam uma lição.
Partindo desse entendimento,
sei que qualquer julgamento
feito por terceiro
não fala sobre mim nem um quarto.
É apenas o autorretrato
daquele que tenta me inverter.
Tenho uma relação com as estrelas,
gosto de alegrar.
Mesmo quem vem a consumir
a minha fonte,
manchar meu horizonte,
vem pela minha energia.
Deixo o outro às suas máscaras,
a mim cabe ter mais sabedoria.