Rosario
De igual forma, os incêndios por causas naturais renovam a floresta e a fortalecem. As dificuldades fortalecem a alma.
Você me atrai
Mas não sei se te atraio
Mas me faz amigo
Mas não se vê como minha amiga
Jogo meu charme e você não desgosta
Nos ajudamos com nosso luto
Luto de amores fracassados
relacionamentos muito amados
amados por um lado só
e só sofremos até unirmos como sofredores
amigos?amantes?irmãos? Não sei
só sei que nesse confuso jogo nos aproximamos.
Busco o amor
Não amor de cinema
Nem amor de livro
Muito menos amor de redes sociais
Busco o amor
Amor real e vivaz
Fruto do tempo e da rotina
rotina doce e não azeda
tempo prospero ou de desgraças
O amor não nasce em um filme
O amor não nasce em um livro
O amor não nasce em uma rede social
O amor nasce de um acumulado de eventos
Que se unem na presença pura
Pura de um? Pura de dois? Não importa
Existem mais amores que pessoas amargas
De que importa limitar a pureza? O amor não tem fronteiras
Se ama o inanimado e o animado
Se ama o frio e o quente
Se ama poucos e muitos
Se ama o nada e o tudo
Se ama a morte e a vida
Então o que limita o amor?
As pessoas.
Ao fim do deserto vem um novo bioma, diferente do que se vagava antes do deserto, com vastas oportunidades, mistérios e sombras, nos fazemos relutantes em vagar pelo hábito de onde estivemos, mas quando começamos a agir as inseguranças e hábitos vão sumindo no horizonte.
Quero ser forte
O que é ser forte?
Onde habita a força?
Por que quero ser forte?
Vagando como fera pela força,
nada me conhecia — nem meu desejo.
Mas o que desejo afinal?
Desejo força.
Pela força seguirei o caminho do poder,
até que tudo seja nada perante meu poder.
Cego na jornada, perdi a mim.
Encontrei poder e força,
mas não eram verdadeiros.
Perdi a mim e a batalha.
Derrotado, a gentileza me fez amado.
Na derrota, pude ver:
O que é ser forte?
Ser gentil.
Na gentileza houve um recomeço.
Mas qual caminho começo?
Caminharei até achar meu caminho…
E o caminho me encontrou:
O caminho da espada.
Mas onde está minha espada?
Está na alma.
Este é o caminho da espada sem espada:
Afiando minha alma.
Minha alma é a espada.
A espada é minha alma.
Na forja está a espada.
Na forja, Deus forja minha alma.
Ao som de marteladas, molda-se a espada.
Do calor, fortalece-se a alma.
Na água, esfria-se a espada.
E nesse ciclo, forja-se a espada da alma.
Na forja da alma, ouvi.
O que ouvi?
Os aspectos de mim que desconheço.
“Por que desejas ser forte?”, foi o que ouvi.
A cada martelada, a pergunta me sussurrava:
“O que te move?”
Na cega lâmina, a dúvida era visível.
Movido pela dúvida, a lâmina foi refinada.
Quero ser forte para ser amado.
Quero minha família formar.
Quero poder, para poder ser.
Ser o quê?
O que sou?
O que busco ser?
O que fui?
Fui odioso.
Fui rancoroso.
Fui frio.
Fui apático.
Fui perverso.
Imerso em vastos inimigos,
em um ciclo negativo,
do lado errado
ou de nenhum lado.
Fui uma alma vazia.
Alma que não via se podia viver.
Uma alma quebrada,
uma alma com saudades do horizonte.
Eu sou questionador.
Eu tenho o tempo —
Tempo para o abismo me visitar.
O abismo me mostrou o que fui,
assim como quem sou.
O abismo me mostrou a verdade,
e a verdade me libertou.
Desejo ser melhor.
Desejo amar e ser amado.
Desejo ser paz e estar em paz.
Desejo ser gentil.
Desejo ver a verdade.
Desejo honrar a verdade.
Desejo honrar a fé que há em mim.
Que o perdão transborde de mim.
Eu posso viver.
Não vivi apenas dor.
Não vivi apenas felicidade.
E essa vida me formou.
Nessa forja, minha vida se fez.
Não mais tenho inimigos:
Eu tenho irmãos.
Irmãos que, como eu,
buscam se encontrar.