Roberta Bastos

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⁠Rosa do Deserto, teimosa e forte,
Aguarda o orvalho, com paciência e sorte.
Cresce e floresce, mesmo no solo árduo,
E nos ensina, com sabedoria, a superar o árduo.
Suas flores, um presente para a alma,
Alegria e reflexão, em cada pétala.
Ao observar sua beleza, aumenta a admiração,
E nos faz refletir, sobre a vida e sua missão.
Mesmo nos momentos mais difíceis,
A vida vale a pena, e isso é o que nos faz seguir.
A Rosa do Deserto, um símbolo de esperança,
Nos lembra que a beleza, pode surgir em qualquer lance.

Inserida por Roberta_Bastos

⁠Esse olhar apaixonado de um cão, que me cuida…
Gruda em mim, sempre atento, para saber se estou bem.
Não é apenas cuidado, é amor que transborda em mim…
Incondicional, puro, sem pedir nada em troca.
Talvez seja simples, mas é profundo e verdadeiro…
Um olhar que diz ‘eu te amo’, sem precisar de palavras.
É o amor que flui livremente, sem barreiras…
Um sentimento que me envolve, me aquece e me completa.

Inserida por Roberta_Bastos

⁠Pele que é uma tela de cores variadas,
Marcas que contam histórias de vida,
Vitiligo, uma jornada de autoconhecimento,
Aceitação e amor, a verdadeira beleza.
Cada mancha, uma história para contar,
Cada olhar, uma reflexão para fazer,
A pele que é única, como a alma,
Um quadro de diversidade, que é belo.
Não é uma doença, é uma característica,
Uma marca que faz parte da identidade,
Vitiligo, uma oportunidade de se conhecer,
E de se amar, sem reservas.
Então, vamos celebrar a diversidade,
E a beleza que é única em cada um,
Pele que é uma obra de arte,
Um reflexo da alma, que é livre e forte.

Inserida por Roberta_Bastos

Manhã de lua cheia…



Numa manhã deserta,

o silêncio vestia-se de prata.

A lua cheia, teimosa,

ainda pairava no alto,

como se recusasse a ceder

o palco ao sol nascente.



O vento passava devagar,

acariciando ruas vazias,

carregando consigo

o perfume tímido da noite que se despedia.



Cada sombra tinha voz,

cada luz tinha segredo.

E eu, só, caminhava entre o ontem e o agora,

com a sensação de que o tempo

me observava de longe,

esperando que eu respirasse fundo

para seguir adiante.

No silêncio da pele, um traço floresceu,
um beija-flor suspenso, leve como um sopro de Deus.
Ele beija a tulipa azul, respira seu perfume,
e no voo delicado, transforma o instante em lume.

Do caule, ele puxa um galhinho sutil,
como se bordasse no ar um gesto infantil.
Mas ali, no céu da alma, a palavra surgiu:
fé, escrita em voo, que jamais se diluiu.

E a vida, que antes era sombra sem cores,
tingiu-se de azul, verde, de novos amores.
Na pele, a tatuagem virou oração,
um desenho eterno, feito do coração...

Entre o dia e a noite…

No horizonte, o sol se despede,
deixando um rastro de fogo e ternura.
O céu veste tons de azul profundo…
e a lua, discreta, ensaia sua doçura.

As luzes da cidade despertam,
como estrelas presas à terra,
iluminando caminhos,
onde a vida ainda espera.

O vento murmura promessas brandas,
as árvores dançam em silêncio,
e o tempo, por um instante,
para — só para admirar o momento.

Há beleza em cada sombra,
em cada brilho, em cada cor.
É o mundo sussurrando baixinho:
“a noite também tem calor”…

Diário - 04/11/2025

Acordei bem às seis da manhã, mesmo tendo dormido poucas horas. A sensação era outra — leve, serena, como se algo dentro de mim tivesse mudado. Meus pensamentos estavam distantes, ansiando por novos planos. Ainda ecoavam em mim as palavras da entidade espiritual da noite anterior. Apesar de não ter recebido uma orientação concreta, senti que compreendi o essencial. E fui atrás disso: terapia. Dito e feito, consulta marcada para o dia 09/11.

Enquanto Mônica se arrumava para trabalhar, preparei o café para nós. Conversamos pouco sobre o que aconteceu na noite de ontem. Notei que ela também estava introspectiva — imaginei que refletia, como eu, sobre tudo o que vivemos.

Depois do café, organizei minha marmita, lavei a louça e dei uma geral na casa enquanto ela passeava com os cães. Fiz minhas orações, pedindo por renovação de energia e agradecendo silenciosamente por mais um dia. Me despedi dela e fui tomar meu banho.

Me arrumei apressada, como de costume. Tenho chegado mais tarde em casa e permanecido até mais tarde no trabalho, então o horário já não me pesa tanto. Mas as responsabilidades me esperam — sempre.

Cheguei quase às nove. Fui ao almoxarifado falar com Larissa e desejei um bom dia alegre. Ela, no entanto, estava com aquele humor oscilante que já conheço. Esperei um pouco, mas, sem resposta, voltei para minha sala. Lá estavam os jovens aprendizes e Tatiana — retribuíram meu bom dia com sorrisos e seguimos o ritmo da manhã.

Subi ao segundo andar para guardar minha marmita e encher minha garrafa d’água. Respirei fundo antes de retomar as tarefas. A manhã foi intensa, cheia de demandas difíceis, mas finalizei tudo com sabedoria e paciência. Senti gratidão por isso. Almocei cedo, às onze — gosto desse horário mais silencioso, sem cobranças nem conversas apressadas. Comer em paz se tornou meu pequeno ritual de autocuidado.

Depois, lavei minha louça, reabasteci a garrafa e conversei um pouco com os colegas — falamos de tudo: elevadores, campo, reforma da filial… pequenas distrações do cotidiano.

Mais tarde, desci novamente até Larissa. Mesmo semblante fechado, pouca conversa. Resolvi deixar quieto. Uma hora depois, porém, desci de novo, agora com um plano: cheguei de mansinho e… bu! — ela levou um susto e riu. Consegui arrancar um sorriso! Ganhei o dia. Mesmo que, minutos depois, ela voltasse àquela expressão distante. Pensei comigo: vai passar.

O expediente seguiu. Conversei com Tatiana sobre as linhas de ônibus, já que deixei o carro na oficina. Ela prontamente se ofereceu para me dar carona — neguei no início, por não querer atrapalhar, mas ela insistiu. Então fizemos um trato: ajudo na gasolina e levo uma marmita pra ela. Combinado. Fiquei sinceramente grata.

No fim do dia, voltei pra casa em paz. Encontrei minha mãe na varanda — o sorriso dela sempre me acolhe. Conversamos sobre a vida financeira, minha irmã, e as compras que ela anda fazendo sem pensar muito. Preferi só ouvir. Quando mamãe perguntou se, pagando o cartão, ainda daria pra quitar as contas, apenas assenti. Não queria alimentar a preocupação — nem deixar que o medo das dívidas voltasse a me assombrar. Mudei de assunto, tentando proteger meu equilíbrio.

No quarto, peguei minhas roupas e me lembrei da folha de Guiné que recebi da entidade. As palavras da entidade vieram à mente. Abri o chuveiro, mergulhei as folhas na água quente e, com fé, passei-as pelo corpo como se lavasse a alma. O cheiro de Guiné encheu o banheiro — era cura, era proteção, era abraço.
Rezei pedindo alívio, só isso: alívio.

Saí do banho leve, perfumada de Guiné. No espelho, notei as pequenas manchas de pigmentação no rosto — mais visíveis do que antes. Pensei: se for cura, que venha inteira; se for fé, que seja profunda.
Porque talvez o milagre não seja desaparecer as manchas, mas aprender a me ver com mais amor.

Fechei os olhos, respirei fundo e sussurrei: amém.

Diário 03/11

Faz muitos anos que eu não ia a um centro espírita de Umbanda… Hoje, fui. Fui acompanhada de amigos queridos e da minha esposa. Enquanto esperava, observei os sons, as velas, o cheiro de ervas… era como se um pedaço do que eu já fui me reconhecesse ali. O ambiente estava sereno, cheio daquela energia que mistura respeito, mistério e fé. Fui a sétima a ser atendida pela entidade espiritual. Fizemos oração juntas, e quando chegou minha vez, ouvi a pergunta simples, mas poderosa:

— O que posso ajudar?

Respirei fundo e pedi: “Me ajude. Cure-me de todas as dores emocionais. Me ajude a respirar melhor.”

A entidade me olhou por um instante e disse apenas:
“Cada pensamento é uma nuvem na sua pele… você está sozinha e precisa de ajuda.”

Essas palavras me atravessaram. Pediu para que eu me abrisse mais, pois as dores emocionais estavam se transformando em dores físicas. Disse para eu buscar ajuda psicológica, conversar mais com minha esposa — que relacionamento é partilha, é transparência — e que ela também precisa participar dessa cura.

A entidade explicou que não poderia fazer muito além, mas faria uma limpeza espiritual profunda, especialmente no meu coração e nos pulmões. Disse que eu dormiria bem naquela noite.

Assenti com lágrimas nos olhos, querendo mais respostas, mais direção… Ela olhou fundo em mim e perguntou:
— Vai seguir minha orientação para o banho?

Assenti de novo, silenciosa. Pediu que eu voltasse. Saí de lá meio desesperançosa, mas com algo dentro de mim insistindo em lembrar da mensagem da abertura: para curar, é preciso ter fé.

A orientação foi simples — um banho com folhas de Guiné, amanhã à noite.

Sigo ainda refletindo… talvez a cura não venha de fora, mas comece na entrega, no acreditar, no permitir-se sentir e confiar.

🌅 Diário - 05/11

Ao amanhecer, despertei num pulo, imaginando que havia perdido a hora — e também a carona da colega de trabalho. Olhei o relógio e suspirei aliviada: ainda estava cedo. Levantei-me, abri a janela e encontrei um dia que já nascia radiante. Apressei-me, não queria perder o nascer do sol.

Na varanda, com minha caneca de café preferida entre as mãos, sentei no sofá e fiquei ali, apenas observando o sol surgir, sentindo o calor gentil tocar o rosto. Os pensamentos vinham e iam, como nuvens leves — e naquele instante, tudo parecia simples, bonito e vivo. O céu estava tão encantador que registrei em uma foto, como quem guarda um segredo.

De volta à cozinha, encontrei minha mãe finalizando minha marmita e comentando, animada, as notícias sobre a prisão de um político famoso. Entrei na conversa, mesmo sem tanto interesse, só para vê-la sorrir. Ela adora falar de política e Administração Pública — é o seu jeito de se conectar com o mundo. Enquanto conversávamos, fui organizando minha mochila de trabalho.

Logo recebi a mensagem da colega avisando que chegaria em oito minutos. Acelerei o passo, finalizei o café, tomei meus remédios e me despedi:
— Precisando de algo, me liga, mãe!

Peguei o elevador e, ao chegar na portaria, vi o carro dela se aproximando. Tudo sincronizado — e sem atrasos, do jeitinho que gosto. Odeio fazer alguém esperar.

O trajeto foi leve, cheio de conversas aleatórias e risadas. O trânsito estava tranquilo e o dia continuava lindo. Agradeci a Deus, em silêncio, antes de entrar na filial.

Passei primeiro na sala do almoxarifado, onde sempre cumprimento a Larissa — e, como de costume, entrei de fininho para assustá-la. Consegui. Mas o semblante dela não estava bem. Abracei-a e perguntei se estava tudo certo. Ela apenas assentiu.
Pensei comigo: ainda vai passar, ela vai sair dessa…

Subimos para outra sala, ainda vazia. Guardei minha comida e avisei à colega:
— Vamos dividir a marmita, viu?
Minha mãe sempre exagera na quantidade, como se eu passasse fome. Coisas de mãe — amor que transborda.

O expediente seguiu calmo, sem grandes novidades. Até que minha chefe veio de Goiânia, e aproveitei para atualizá-la sobre tudo.

Saímos um pouco antes do horário, já que minha colega tinha aula de pilates. Gosto desses dias: chegar cedo em casa, estar com a mamãe, cuidar das plantas, pedalar um pouco. Depois, aquele banho demorado, quase meditativo.

Mais tarde, mamãe preparou um “chá secreto” para relaxar e dormir bem. Agora, escrevo estas linhas na sala, deixando o dia se acomodar dentro de mim.

Antes de dormir, ligo para minha esposa — nossa pequena tradição diária. Conversamos sobre o dia, as alegrias, os cansaços. Nunca deixamos de nos ouvir. Acho que é isso que fortalece o amor: o diálogo, o cuidado, a presença.

Desejo boa noite, peço que ela se cuide e, enfim, sigo para o meu quarto.
Deito-me em silêncio, grata. Amanhã, um novo sol nascerá — e com ele, novas chances de recomeçar. ☀️

Meu caderno de diário é onde as palavras se tornam abrigo para o que não sei dizer em voz alta.

No Reflexo da Varanda

O som das crianças sobe leve,
como lembrança antiga do riso solto —
brincam embaixo do bloco,
e cada eco é um sopro de vida.

Na TV, o jazz — Lost in Whiskey Nights —
derrete o tempo,
faz a noite respirar em notas lentas,
como se o vento também improvisasse.

A cidade lá fora pisca, infinita,
um colar de luzes que se estende
até onde o pensamento alcança.
E ali, no vidro, estou eu —
entre o reflexo e o horizonte,
entre o silêncio e o som.

Escrevo um diário que também me escreve,
palavras que nascem do jazz,
da solidão boa,
da brisa que entra pela varanda.

E percebo:
a vida também é uma canção de fundo,
tocando suave,
enquanto a cidade inteira
dança em silêncio comigo.