Pedro Kilkerry

Encontrados 2 pensamentos de Pedro Kilkerry

O MURO
Movendo os pés dourados,lentamente,
Horas brancas lá vão,de amor e rosas
As impalpáveis formas,no ar,cheirosas...
Sombras,sombras que são da alma doente!

E eu,magro,espio...e um muro,magro,em frente
Abrindo a tarde as órbitas musgosas
--Vazias?Menos do que misteriosas--
Pestaneja,estremece...O muro sente!

E que cheiro que sai dos nervos dele,
Embora o caio roído,cor de brasa,
E lhe doa talvez aquela pele!

Mas um prazer ao sofrimento casa...
Pois o ramo em que o vento a dor lhe impele
É onde a volúpia está de uma asa e outra asa...

Inserida por VEVETAESAULINHO23

O verme e a estrela

Agora sabes que sou verme.
Agora, sei da tua luz.
Se não notei minha epiderme...
É, nunca estrela eu te supus
Mas, se cantar pudesse um verme,
Eu cantaria a tua luz!

E eras assim... Por que não deste
Um raio, brando, ao teu viver?
Não te lembrava. Azul-celeste
O céu, talvez, não pôde ser...
Mas, ora! enfim, por que não deste
Somente um raio ao teu viver?

Olho, examino-me a epiderme,
Olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme...
Estrela nunca eu te supus!
Olho, examino-me a epiderme...
Ceguei! ceguei da tua luz?