Paulo J. S. Rodrigues
Embora esteja embaralhada
As cartas são todas de Copas
Assim nunca cai Espadas
Te peço truco e tu topas
Assim faremos o jogo
Amor sem Espadas nem Paus
E não precisamos de Ouro
Meu tesouro protejo dos maus
Protejo-te até com minha alma
Em pról do que nós dois queremos
Seis, nove, doze,
Fim de jogo, nós dois vencemos
Percebo teu desejo em chamas
Teu amor em ruínas
Seus olhos tão claros, confusos
O teu corpo me chamas
Mas não me fascinas
São falhos disparos difusos
Não tenho amores vazios
São amares imensos
Sou ave buscando o verão
Somente uma música
Uma só melodia
Não forma a minha canção
São ideias opostas
Desejos distintos
O foco e a dispersão
Você me quer
Eu quero o mundo
Temos a mesma ambição
Sou o poeta dos loucos
Dos incompreendidos
Dos que não são ouvidos
Nem escutados
E não somos poucos
Porém esquecidos
Somos proibidos
De ser notados
E nos dão socos
Somos feridos
Nossos sentidos
Atordoados
Sem buscar trocos
Pois por quem feridos
Somos mantidos
Apaixonados
Minha mente é um cubículo
Talvez meu obstáculo
E me sinto ridículo
Procurando um oráculo
Que me explique o ciclo
Todo dia um tentáculo
Se tornou até um circo
Só que sem espetáculo