Paulo Franchetti

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Entre os mugidos do gado
E o cheiro de capim,
Nasce a lua cheia.

Na casa do avô
Havia tantos pernilongos
Em noites como esta!

Mesmo com fome,
Não se apressa como as outras
A galinha manca.

Ao longo da estrada:
"A próxima descida trará
Mais quaresmeiras em flor!"

Tardes de Cuiabá:
Garças e periquitos
Voando pra noroeste.

Olhando bem
O cafezal, na verdade,
São laranjeirinhas...

Também para eles
Está chegando o natal -
Ah, os leitõezinhos...

O sol se põe
Sobre o riozinho sujo -
Ah, infância!

Patos selvagens.
Por que iriam dois para o norte
E dois para o sul?

A velha ponte -
No pó ajuntado entre as tábuas,
Brota o capim.

A princípio: "O que é aquilo?",
Mas depois...
"Campos de arroz!"

Azul e verde e cinza -
Olhando bem, o céu
É de todas as cores!

A chuva passou.
A noite um instante volta
A ser fim-de-tarde.

Mamonas estalam.
Os cachos da acácia
Parecem imóveis.

Pardais
No meio da garoa -
Está chegando o inverno.

Ruído de chinelos
No quintal do lado -
Mas que calor...

Choveu há pouco -
O sol baixa das nuvens
Finas cortinas de névoa.

Crescem mais pêlos
Nas minhas orelhas -
Mais um ano chega ao fim...

Ao virar a esquina,
Saindo de trás do prédio -
A lua cheia.

Porque não sabemos o nome
Tenho de exclamar apenas:
"Quantas flores amarelas!"

Quando me canso da paisagem
Do leste, viro a cadeira
Para oeste.

Ao longo da estrada:
"A próxima descida trará
Mais quaresmeiras em flor!"

Porque não sabemos o nome
Tenho de exclamar apenas:
"Quantas flores amarelas!"