Paulo Franchetti

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Manhã de frio -
Com o agasalho, visto
Saudades de minha mãe.

Um susto matinal:
na caixa do correio,
duas mariposas!

Tão pequena
E desbotada de chuva
A casa da infância!

Manhã de frio.
Se fosse menino escrevia
Meu nome no vidro.

O bebê resmunga -
Zune nas venezianas
O vento do inverno.

Os pássaros cantam
Monotonamente -
Feriado do ano-novo.

Tarde de inverno:
Sobe do fundo dos vales
A sombra das montanhas.

A serra em chuva
Sob o sol poente -
Como não agradecer?

Aqui e ali,
Sobre os campos florescem
As quaresmeiras.

Com o vento frio percebo:
Semanas e semanas
Sem ouvir insetos.

Trezentos quilômetros
Para não vos contemplar -
Mangueiras da minha infância!

A porteira bate -
Do meu lado esquerdo,
A lua de verão.

Às dez da manhã
O cheiro de eucalipto
Atravessa a estrada

Os grilos cantam
Apenas do meu lado esquerdo -
Estou ficando velho.

Mesmo molhado
Resplandece ao pôr-do-sol
O campo de algodão.

Nem laranjas, nem café:
Apenas canaviais
Sob um céu vazio.

A igreja branca
Sufocada entre eucaliptos -
Aldeia de minha mãe...

É quase noite -
As cigarras cantam
Nas folhas escuras.

De uma casa branca
No meio da encosta da montanha
Sobe um fio de fumaça.

Pelo espelho do carro,
Os campos que outrora foram
A casa do avô.

Perfume de pinho -
Nascem, no fumante convicto,
Firmes projetos de saúde.

Em toda a longa viagem,
Só agora encontrei
Um cafezal!

Sob a névoa fria,
O cemitério da vila
Cercado de ciprestes

Não há comida
E as moscas se ocupam
Em fazer mais moscas.

O lago da montanha -
Termina do lado leste
A tarde dos patos