Os sofrimentos do jovem Werther

Somente o túmulo poderá libertar-me desses tormentos.

Como me deleitava, durante a conversa, com aqueles olhos negros... como toda a minha alma era atraída pelos lábios vívidos e pela face radiante e alegre...

Sabe Deus quantas vezes vou para a cama com o desejo, sim, até mesmo com a esperança de nunca mais acordar!

De que me serve o ar de bondade com que quase sempre me olha... quase sempre?

Ela sente o quanto sofro. Hoje, o seu olhar atravessou-me o coração.

Quando me aproximei, virou-se na direção dos ruídos que fiz e vi uma fisionomia bastante interessante, cujo traço principal era uma tristeza profunda, mas que, contudo, exprimia uma alma bondosa e honesta.

Pai que não conheço! Pai que outrora me enchia a alma e agora retira de mim o seu olhar, chame-me até Você! Não fique calado tanto tempo! O Seu silêncio não deterá esta alma sequiosa... E será que um homem, um pai, iria se zangar vendo o seu filho, que inesperadamente retorna, atirar-se em seus braços e gritar: "Estou de volta, meu pai! Não se zangue por eu ter interrompido a caminha que, segundo a sua vontade, deveria ser bem mais longa..."

E a paixão que tinha por ela, que ele cultivou, ocultou, revelou, ..., deixou-o louco.

Pois, com certeza, é mais fácil morrer do que suportar firmemente uma vida de suplícios.