OgaihtSuil
A vida é um jogo suicida
onde o tempo é
a corda,
só não agradece aos ponteiros quem nunca teve uma
ferida,
aqui odiar o relógio é fácil quando planos seguem seu
badalo,
mas pra quem no tic tac está afogado,
odia-lo é mergulhar quando
se precisa
respirar.
Eu deixo a moralidade para putas e ladrões.
Ontem mesmo eu estava com a solidão, essa velha cafetina da alma, me levou ao quarto de uma meretriz. Não tinha dinheiro, mas paguei com um relógio que encontrei no próprio prostíbulo; o tempo ali não pertence a ninguém.
Deixo a moralidade para os alcoólatras e os viciados em jogos, que fazem sermões com o copo na mão e roletas no bolso. Eu, por mim, não gosto nem de álcool nem de jogos, então só jogo quando bebo, e só bebo quando me percebo vivo.
Deixo a moralidade para os que se afogam na em águas rasas.
Eu prefiro os pecados honestos, as mentiras sinceras e as verdades que se contam em um beijo na boca.
Assim como a chuva, tenho aprendido a cair, mas também a encontrar o caminho aos céus.
Assim como as nuvens, aprendi a resguardar meu sol, mas também a permitir-me brilhar.
Os socos que me foram acertados, descobri que não devem ser recitados; os olhos só refletem o que a alma os condenam a enxergar
e as raízes do homem já compuseram todos os finais dos livros que só leram pela metade.
Quando a necessidade de sobrevivência se locomove ao lado de escolhas, a decisão e o direito se rompem, restando apenas a morte e a vida.
Ao devorar o mundo, com todos os seus tons sutis e amargos,
o vazio permanecia teimoso
no coração daquele que jamais soube beber a vida
como se fosse um vinho quente e doce que alegrara a alma...
Do passado, guardarei apenas as saudades.
Do presente, o desejo.
E do futuro, a pressa dos sonhos.
Não sou aquele que ensina,
sou o que aprende.
Pois na ausência da luz,
é no menor clarão que encontro minha devoção,
e, quando o sol me envolve inteiro,
desprezo àquilo que um dia jurei amor eterno.
Regras são o destino dos
que a sociedade
renegou.
Corroborar com o mundo é oferecer-se
à morte,
como quem se entrega ao náufrago
em tempestades.
Ah, quem me dera, por um só dia, recitar para alguém o que eu me narro todas as noites.
Esses céus sem estrelas
Essas chuvas que não molham
Essas telas que não inspiram
Ah, quem me dera, por um só dia ter um ouvido que escutasse a minha
alma.
Ao primeiro coração que se alimentou da minha natureza, eu lhe dou tal alcunha:
Os fogos que reproduzi em teu peito,
saiba que não se originaram da minha vontade,
mas de um desejo sórdido, do qual fui marionete de impulsos.
Ao final do vosso nome, eu fui vilão,
mas, para os nascidos após aqui, serei herói.
Não pude caminhar em teus ombros,
contudo, fui capaz de sentir a chuva de quem te amou.
E, sem dúvidas, foram sonhos, enquanto fingíamos dormir.
Ao responder sobre
mim,
recitei minhas saudades e
meus medos,
então em uma coragem
esquizofrênica,
eu me 'interlecutei' com
"Onde me fixo?"
e me 'enlucidei' vago,
como um ponto e vírgula
em meio a um
papel em
branco.
