NandaaGoncalves
Outra Cor
Fale de mim ao mundo,
conte as histórias de quem eu fui,
mas saiba — aquela já não sou eu.
Rotular é fácil quando não se enxerga além,
quando o passado mal contado vira máscara
para encobrir o que mudou em mim.
Me olhe de novo,
com olhos limpos da lembrança antiga:
minha cor favorita já não é a mesma,
meus sonhos agora são outros,
minha alma, antes partida, se refez.
Eu vejo — ah, como vejo —
os risos escondidos, o deboche nos cantos,
as verdades distorcidas que contam sobre mim.
Mas não me importa:
não são suas palavras que me prendem,
não são seus olhares que me definem.
Se ao menos viessem perto,
veriam as mentiras desmoronar,
sentiriam no silêncio a minha força,
e no meu sorriso, a dor transformada.
Porque eu não morri no fim que você lembra.
Eu renasci, inteira, mais viva, mais minha.
E se falar do que fui alivia teu peito,
continue — o tempo saberá devolver.
A vida é o próprio karma,
e eu sigo em frente, leve.
Te encontrei por um segundo
Você passou por mim,
e disse "oi" com a mesma voz de antes —
aquela que já me chamou de amor
em dias que hoje parecem tão distantes.
Retribuir foi instinto,
mas também foi abrigo.
Porque por mais que o tempo tenha seguido,
a saudade nunca foi embora por completo.
Carrego você em silêncio,
num canto bonito e doído do peito.
Não por fraqueza ou falta de amor-próprio,
mas porque certas histórias não se apagam,
mesmo quando terminam do jeito mais correto.
Te vi, e por um instante,
foi como voltar no tempo:
nossos sorrisos, nossos planos,
as tardes que passavam sem pressa.
Hoje somos estranhos com lembranças,
mas em mim ainda mora o carinho —
esse sentimento calmo,
que não espera nada,
mas guarda tudo.