Mary Araújo

Encontrados 17 pensamentos de Mary Araújo

A janela do menino aberta mostra que o tempo está com pressa de fazer ele crescer... Cresce menino, pois para isso mesmo foi que menino foi feito. Mas quando for homem feito e quiser sair pelo mundo, abre a janela dos teus pensamentos e lembre- se dos ensinamentos que um dia esta casa te deu.

Inserida por MaryPalladino

⁠O tempo galopa para um futuro que em um instante já virou passado!

Inserida por MaryPalladino

⁠"Cabelos"

Ei, espera um pouco, não me olha assim com desdém.
Ouça: Eu sei porque te assusto.
O meu aspecto duro parece agressivo a ti, mas não fiz menor movimento, ao sopro do vento que saiu das tuas palavras injuriosas.
Te incomodo pelo fato de existir?
Eu não quero te afrontar, desejo somente seguir meu caminho, crescer livremente, expandir, comunicar.
Não tenho culpa se das minhas raízes emaranhadas ecoam gritos de uma ancestralidade escarniçada que clama por direitos renegados.
Não sou ruim, para que você seja bom.
Não sou sujo, para que você aparente ser mais limpo.
Quando me olhar, não pense o quanto diferente somos,
mas o quão iguais poderíamos ser,
se assim como você,
eu pudesse
simplesmente ser como sou.

Inserida por MaryPalladino

⁠Tive um sonho.
Não existia relógio marcando o tempo, nós éramos o próprio tempo.

Um presente contínuo,
vivendo, querendo, fazendo.

Eu não me atrasei,
não corri desesperadamente,
a culpa não me afligiu.

Nada me faltava,
havia na medida certa afetos e ilusões para o momento.

Então por medo de me apressar e desandar os acontecimentos, eu fui ficando cada vez mais devagar.

Entrei em transe.
Estava tudo quieto.

Foi então que percebi que morri e acordei.

Cuida para que tuas palavras não saiam do céu da tua boca, mas sim, do seio da tua alma⁠.

Engole a saliva doce do desejo, derrama o leve gosto amargo da razão.

Fala baixo, pois a alma não grita, sussurra...

Inserida por MaryPalladino

Beija-me, pediu ela.

Silêncio.

Me abraça.

Silêncio.

Repousou a cabeça em seu peito e sentiu seu coração pulsar a resposta que lhe escorria cálida pelos ouvidos.

Sim...

Inserida por MaryPalladino

⁠Tenho uma árvore de pensamentos na cabeça.
Anoiteço, reluz a lua sobre aquele que me inebria os sentidos.
Penso ou sonho?
Amanheço, passarinhos coloridos nos galhos farfalham suas asas.
Desperto ou penso?

Inserida por MaryPalladino

Lua cheia.
Corpos oceânicos.
Profundos, imensos, exploráveis.
Deságuam à beira mar beijos que são marés.
Recolhem-se tranquilos para peitos que são casas.
Onda de sensações.
Pés ainda banhados.

Inserida por MaryPalladino

Beijar o mar na tua boca
Sentir o barulho das ondas nas tuas narinas quentes
Tua pele reflete o sol
Me iluminino toda em ti
Fechar os olhos
Morder
Grãos de areia entre os dentes
Mergulhar e me afogar
Em saliva e sal
Puxa e pulsa
Maré de desejos que vive em mim.

Inserida por MaryPalladino

⁠Existe algo de estranho com as palavras, com o tempo, não cremos mais nelas. E se não houvesse palavras, nenhum signo linguístico para expressar o que pulsa dentro de nós? Teríamos mais fé nos olhos, boca, mãos, braços, pés, dedos. Todo corpo comunicaria e nossa memória não nos deixaria mais duvidar, porque veríamos desenhos na pele que falariam mais do que qualquer palavra dita, ou não dita. Não seria necessário tentar dizer algo porque existiriam pessoas que saberiam ler corpos e desenhar no chão...

Inserida por MaryPalladino

⁠Mudar os caminhos
As músicas
Os livros
Os filmes
Fechar as fendas
Das sais
Dos pensamentos
Do coração
Trocar poemas por crônicas
Ignorar a lua
Dançar de olhos abertos
Não deitar na praia
Não lamber dedos de chocolate
E nunca, nunca mais
Me perder num sorriso

Inserida por MaryPalladino

⁠Quem, senão nós, poderá saber o que nos mata a fome?
Quem, senão nós, poderá saber o que vibra em mim e ressoa em ti?
Quem nos olha, não nos vê.
Somos incompreensíveis aos olhos de todos, eles não sabem da alegria que me toma o peito ao te ver sorrir, nem do zelo que naturalmente tenho por ti.
Não entendem cada confissão trocada em silêncio.
Não alcançam a dimensão do que somos, a parte incompleta que nos completa, que de ser tão imperfeita, não cabe em mais ninguém.
É nesse lugar nada perfeito, improvável no espaço e no tempo, que nos encontramos, para que escondidos dos julgadores possamos mergulhar no olhar um do outro e nos compreender.
Enlaçados num abraço que vibra num só corpo toda nossa verdade.

⁠⁠Tenho o olhar turvo,
coberto por uma neblina.
Enxergo por meio de sombras, silhuetas que dançam sem deixar que nada se forme com a clareza que a lucidez pede.
Às vezes, por um breve momento, consigo ver com nitidez aquilo que se esconde por baixo das camadas da ilusão.
E o que vejo, tão imutável, tão coeso, que em nada parece real.
Busco mais uma vez o véu que me cobre os olhos e embaçado volto a crer, não no que penso ser verdadeiro, mas na ilusão, que por indefinida não me cega com a luz da realidade.

Inserida por MaryPalladino

⁠⁠Fale comigo
Não importa se o amor passou
Se está com raiva
Se não me suporta mais
Se tem rancor
Fale comigo
O tema é irrelevante
Fale de algo banal
Da tua consulta médica
De um incidente no trânsito
Do que achou graça
Do sonho de ontem
Do sono de hoje
Dos calos nas mãos
Conta uma história tua
Fale sobre os teus dias
Se te magoei, o que te custou
Se foi desamor
Fale comigo
Despeje tudo em mim
Se for bom, breve, ruim
Não importa para mim
Basta que fale comigo num dia assim.

Inserida por MaryPalladino

⁠Quando eu era pequena pensava que pessoas só morriam em dias nublados,
dias de sol não eram feitos pra morrer.
Hoje foi um dia nublado
e por coincidência ou não,
eu morri um pouco.
Tenho morrido em dias de sol também, estou me despedindo de mim, de partes de mim.
Uma voz me diz ao ouvido "viva!"
Mas para viver, devo morrer primeiro. Serei como uma borboleta que faz o caminho inverso e retorna para o casulo.

Inserida por MaryPalladino

⁠Estou em pedaços.
Pedaços de mim fazem coisas e a vida segue...

⁠Quantas vidas vivi depois que te conheci, muitas de mim vagaram pelo subsolo das mais remotas lembranças a te procurar.
Das tantas mulheres que em mim surgiram, muitas sedentas morderam a própria carne em busca de ti, outras escreveram teu nome nas águas de um mar revolto.
Algumas vejo em mim, outras jamais conheci.
Às vezes, diante do espelho, vejo refletida na íris as que em mim habitam de mãos dadas a te proteger, envolvida no rufar de mil corações você dança.

Inserida por MaryPalladino