Maria Paula Fraga

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Vê se não demora. Eu tenho ânsia de falar da gente. Se eu não puder escrever de você, eu vou ter que escrever do final. Então, vê se não demora.

Mais um final de semana que eu vou passar saindo pra não passar pensando que você tá em outro colo. Mais um final de semana caçando distração pra não me distrair lembrando que você tá com ela. Mais 48 horas procurando qualquer outra coisa pra querer que não seja você. Dois dias sobrevivendo da certeza que as coisas estão onde deveriam estar. Dois dias sobrevivendo de mentiras.

A gente vive perdendo coisa. Perde a paciência, perde o ânimo, perde as chaves, perde cabelo, perde o sono, perde o emprego, perde amigo, perde saúde, perde memória, perde festa, perde a novela, perde brinco, perde ônibus, perde sangue, perde dinheiro, perde oportunidade, perde a hora, e até rim. Depois de perder tanta coisa, a gente já não devia ter aprendido a perder? Vou fazer com homem, a mesma coisa que faço com os ônibus, com a certeza de que daqui 20 minutos aparece outro, com a esperança de que seja mais bonito, mais confortável, e me leve até onde eu quero.

O mundo pode não estar a meu favor, e as cirncunstacias decididamente contra mim. Mas as minhas verdades não mudam, e pagar por coisas que eu não fiz não chega a ser uma possibilidade.

Amanhã talvez eu escolha outro problema pra assumir, por enquanto, eu tenho você, e todas aquelas coisas que eu preciso consertar nessa história.

Você acredita que eu penso o tempo todo em você? Eu só escrevo tanto de mim, pois em poucas horas, a minha memória é tudo que eu vou ter de nós dois.

Se eu pudesse pedir uma coisa. Só uma coisa. Qualquer coisa. Eu pediria pra ele abrir os olhos e ver como as consequencias por ele impostas foram desproporcionais aos meus erros. Mas eu não posso pedir nada, e ele não vai abrir os olhos.

Hoje sem querer eu encontrei umas coisas antigas que eu escrevi pra você há umas estações atrás. Eu ri sozinha lendo aquelas bobagens tão ingênuas. Lembro que você nunca entendia as minhas teorias, mas ficava bem sério e achava bonito. E eu gosto de saber que pra se achar alguma coisa bonita a gente não precisa entender. Veja só nós dois, acabou tudo tão inexplicavelmente, mas eu ainda me recordo com saudade. Com uma saudade esperançosa, de que um dia a gente se cruze em alguma calçada e resolva querer fazer diferente. Hoje sem querer eu encontrei umas coisas antigas, e deu vontade de encontrar você.

Eu nunca precisei de espaço. Se eu te falar isso é porque eu preciso é de distância de você. E eu acho que quem ama não precisa espaço. Aliás, se tem uma coisa que eu aprendi nesses meus míseros anos de vida, é que nenhuma pessoa apaixonada quer espaço. Pessoa apaixonada quer sufoco, nada menos que isso. E se alguém me pedir espaço eu já aviso: não tem espaço aqui comigo não, eu sou tipo um "kitnet", sem janela, sem telefone.

Mas é que é desmotivador perceber que mesmo quando eu tento fazer tudo certinho, tudo continua dando errado. Depois me perguntam por que eu apronto tanto, e seria verdade dizer que é simples, porque quando eu não apronto as coisas são um desastre do mesmo jeito. E antes de dormir eu pensei: É bom que Deus saiba o que tá fazendo, porque eu não tô entendendo nada.

A pior coisa que tem é querer que alguma coisa volte. É desastroso querer de volta essas coisas que não voltam... tipo o tempo. Tipo você.

E eu faria qualquer coisa pra morrer nos fins de semana. Só pra não ter que passar pelo sacrifício de ter que colocar um salto e fingir que tô feliz. Ou é morrer ou é sair. Ficar em casa é coisa de gente que sofre. E eu tô infeliz, mas prefiro colocar meu salto e ir fingir felicidade, do que dar audiência pra programa de humor barato na tv aberta. Então, enquanto eu não conseguir morrer no fim de semana, eu e meu salto iremos pro sacrifício. Ele finge que é confortável. E eu finjo que não preferia estar dormindo.

Somos muito jovens. Pra se perder pra sempre é fácil demais.

Passei o tempo todo me testando pra saber até onde eu aguentava, mas daí eu descobri que eu não tinha limite. Sofrer virou uma brincadeira viciante. E eu só parava quando eu cansava, mas dali a pouco eu recuperava o fôlego e ia lá de novo, me jogar na vida de alguém pra fazer desastre. Mas um dia eu cansei, as histórias se repetiam demais, e eu me repetia mais ainda. Resolvi fazer diferente e tentar me jogar na vida de alguém pra fazer alegria. Mas deu decaída, e eu fiz desastre de novo..

Vai chegando o fim da noite e eu tenho que fazer um esforço enorme pra me distrair e não lembrar que é mais uma madrugada que eu vou passar sem você aqui.

O tempo vai passando. E vai passando também a vontade de esconder as saudades que eu sinto.

Chega de fotos pra alimentar sofrimentos. Chega de cartas inúteis. Chega de guerras perdidas. Chega de saudades doloridas. Chega de esperas eternas. Chega de ter suas coisas e não ter você. E quando me perguntarem do quê eu sinto mais falta, não haverá resposta. Chega de falta. Eu preciso é de presença.

E me senti melhor quando notei que eu já consigo caminhar na rua sem procurar você atravessando a calçada ou entrando em algum supermercado, mesmo que em compensação não procure mais nada.

Ontem eu senti saudade de usar meu pouco charme, e quis apaixonar alguém sem vontade nenhuma de ser conquistada, só pra provar que por mais que eu tenha perdido mil coisas quando perdi você, a minha habilidade em achar graça na vida e fazer os outros acharem graça em mim, continua aqui, então, eu continuo aqui, meio escondida atrás de remorsos e decepções, mas finalmente, estou voltando ao normal.

E olha que cínico, precisei usar o perfume que você gostava pra querer que outra pessoa goste dele também. E assim eu sigo em frente, de uma maneira meio contraditória eu diria, me lembrando a cada segundo da necessidade de deixar você virar passado mas ainda insistindo em ter seu cheiro preferido na minha pele. Mas sigo em frente, ainda que teimando em levar alguma coisa sua.

E mesmo com cinco drinques na cabeça eu só consigo sentir o ciúme me lembrando que os meus sentimentos já deveriam ter ido embora há muito tempo junto com você. Mais um fim de semana caçando qualquer ocupação que me distraia de lembrar que o que foi meu tá na mão de outra pessoa. Mais 48 horas tentando me convencer de que daqui a pouco vai passar e inventando fé pra pedir que seja logo.

Cada passo abre vários caminhos, mas fecha muitos também, e é obrigatório me adaptar ás voltas que o mundo dá pra me fazer cair, é inevitável levantar de novo e recomeçar a guerra que é tentar ser feliz com prioridades inconstantes.

Nessas horas, dizem pra gente seguir o coração, mas é tão difícil ouvi-lo quando eu desesperadamente tento correr pra longe dele.

E chega a ser patético lembrar que há pouco tempo atrás eu me cansava tanto pra fazer alguém feliz, e agora eu me canso horrores pra tentar esquecer disso.

Tava tudo certo porque não tinha nada pra estar errado.