Biografia de Manoel de Barros

Manoel de Barros

Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, no dia 19 de dezembro de 1916. Ainda jovem, foi morar em Corumbá (MS). Com 18 anos, fez uma pichação “Viva o comunismo”, em um monumento, e a polícia foi em busca do autor da ousadia. Para defendê-lo, a dona da pensão em que vivia disse ao policial que o “criminoso” em questão era autor de um livro. O policial pediu para ver e levou a obra. Chamava-se “Nossa Senhora de Minha Escuridão", e Manoel nunca mais o teve de volta.

Em 1937, publicou o livro de poesias, intitulado “Poemas Concebidos Sem Pecado”. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde concluiu Direito, em 1941. No ano seguinte publicou “Face Imóvel” e em 1946, “Poesias”. Na década de 1960 foi para Campo Grande (MS) e lá passou a viver como fazendeiro no Pantanal.

Manoel consagrou-se como poeta nas décadas de 1980 e 1990, quando Millôr Fernandes publicava suas poesias nos maiores jornais do país. Manoel era considerado um poeta “espontâneo”, talvez “primitivo”, que buscava inspiração na realidade da natureza que o cercava. Em seus versos, os elementos regionais se conjugavam a considerações existenciais e a uma espécie de surrealismo pantaneiro.

Manoel de Barros tinha uma formação cosmopolita, viajou para Bolívia, Peru, conheceu Nova Iorque e era familiarizado com a Poesia Modernista francesa. Captou em cada um dos lugares por onde passou um pouco da essência da liberdade, que aplicaria em suas poesias. O poeta é classificado na "Geração de 45" da literatura brasileira.

Lançou mais de vinte livros, entre eles: ”Compêndio Para Uso dos Pássaros” (1961), “Gramática Expositiva do Chão” (1969), “Matéria de Poesia” (1974), “O Guardador de Águas” (1989), “Retrato do Artista Quando Coisa” (1998) e “O Fazedor de Amanhecer” (2001). Recebeu os prêmios: “Prêmio Orlando Dantas” (1960), ”Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal” (1969). “Prêmio Nestlé” (1997) e o “Prêmio Cecília Meireles” (literatura/poesia, 1998). Faleceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 13 de novembro de 2014.

Acervo: 137 frases e pensamentos de Manoel de Barros.

Frases e Pensamentos de Manoel de Barros

Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou água que corre entre pedras - liberdade caça jeito.

Manoel de Barros
Livro: Matéria de Poesia. Rio de Janeiro: Record, 2001

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros
BARROS, M. Retrato Do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.

Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.

Manoel de Barros
BARROS, M. Memórias Inventadas: A Segunda Infância. São Paulo: Planeta, 2006.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Tentei descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas.
Consegui não descobrir.