Mairton Damasceno
O silêncio é a resposta mais profunda em um mundo que vive à beira do grito um refúgio raro, onde a alma finalmente se escuta.
O mentiroso não engana ninguém: é a si mesmo que aprisiona. Cada mentira que conta é um véu lançado sobre a própria verdade, enquanto o diabo apenas observa e ri da ilusão que ele mesmo construiu.
Suas companhias são como bússolas: se não estiverem em sintonia, a caminhada pode se tornar um fardo.
Culpar o erro alheio é vestir a própria culpa com palavras de inocência,
mas os atos, silenciosos e honestos, sempre revelam a verdade.
Justificar a sua culpa no erro do outro é afirmar, em palavras, uma inocência que os atos desmentem.
Dou murro em ponta de faca
quando o desejo não vem.
É o gesto de quem enfrenta o mundo
para não enfrentar a si mesmo.
O impossível me provoca:
pedra quer ser lenha,
o silêncio quer ser presença,
e o coração exige o que o tempo nega.
A festa é só aparência,
o som não preenche a ausência.
Sem o outro, tudo desanda,
porque a falta revela
o que a alegria escondia.
Dou murro em ponta de faca
não por bravura,
mas porque amar
é insistir mesmo sabendo
que a dor responde primeiro.
Dou murro em ponta de faca quando a ausência fala mais alto que a razão.
A dor nasce quando insistimos no impossível.
Nem toda luta é coragem; às vezes é saudade.
O coração insiste onde a razão já partiu.
Amar também é sangrar em silêncio.
