Luíza Telles Martins

E eu não quero mais nada...

É o amanhecer... definitivamente o melhor momento, que com os olhos semicerrados te vejo dormindo, num sono tranquilo, com nossas pernas emaranhadas debaixo do edredom, com clima de inverno no quarto, e eu não quero mais nada, se não eternizar esses momentos em minha mente.

As vezes imbecil por causa da idade, sem saber as vezes como expressar esse carinho misturado com paixão, mas eu te quero mais do que tudo, meu bem.
Eu não quero mais nada, além do teu primeiro sorriso da manhã, além do aconchego dos teus braços me aquecendo. Sabemos que a barra lá na empresa vez que outra pesa o dia, mas o fardo alivia ao te ver, tu é a única coisa bonita que me salva desse caos mundano.

E eu não quero mais nada.

Eu me perdi nesse teu olhar...
podia jurar que já te conhecia de outras vidas,
que nos emanamos pela madrugada de um sábado qualquer numa juventude rebelde e inconsequente de um passado não tão distante.
O teu toque alcançou minha alma, fez refém, entrega inevitável.
Essa tua boca convidou-me a conhecer o perigo da adrenalina e o tesão do proibido.
Eu quero mais é que se exploda as idealizações da minha cabeça.
A bem da verdade é que ando com medo de não amar a tempo.
E agora passo a pensar que esse tempo pode não chegar.
Enquanto isso, deitar no teu peito tem sido a melhor fuga do caos mundano.
Pois aqui é onde sobrevivemos, nossa zona de guerra.

Hoje vou ficar na varanda.
Vou agradecer a uma força maior pelos aprendizados.
E vou aprender que nada fica estacionado para ninguém.
Os ciclos sempre ganham a frente.

Ela cansou de dar moral pra vacilão.
Ela quer ser cuidada.
Cansou de correr atrás.
Ela se prioriza.
Ela quer ser amada e respeitada.
E se por ventura hoje, ela te der atenção,
se sinta a pessoa mais foda!
Porque ela tem o mundo na palma da mão...

Eu sei que uma hora dessas nos cruzaremos,
sei também que a saudade do aconchego, chamego vai falar mais alto.
Haverá troca de olhares dizendo: "volta pra mim".
Mas nessa hora, a lembrança da dor,
o desprazer da aurora,
gritarão uníssono: "AMA-TE!".
E quando dobrar a esquina,
a respiração será leve, sem culpa,
por ter me posto em primeiro lugar.

Esse euforismo dentro de mim,
vez em quando torna-se decisivo;
enterra mágoas e motivos de choro salgado.
Que agora já não sangra,
ensina.

Vento... por quê não me levas daqui?

Eu caminho pelas ruas sem rumo.
Tu, bagunça e emaranha meus cabelos na envolvidão da tua dança.
Me sinto só, mas quando vem ao meu encontro, me abriga, acalenta o meu coração.
Ah, porque me bombardeias com um turbilhão de pensamentos toda vez que me debruço no parapeito de minha janela, quando o silêncio da madrugada insiste em me manter acordada?

Eu sei que ainda vou sofrer mais um pouco...
Porque não me ensinaram amar.
Não me foi ensinado que o amor pode machucar,
se as pessoas envolvidas não tiverem cautela.

Eu só quero te reencontrar, te amar de novo.
Me achar no seu corpo, que é uma perdição.
Quero que meu peito seja o jardim onde possamos cultivar nosso amor.
Regue-o.

Ando planejando coisas boas...
É, eu sei que as coisas não estão fáceis de se concretizar.
Mas, quem poderá nos atacar, se usarmos nosso amor como armadura, contra a maldade do mundo?

O mundo se tornou o próprio breu, somos estrelas sobreviventes de constelações extintas.

Instantes...

Até há pouco me senti tão sua,
me tomou nos braços, sem escapatória, me vi entregue...
Mas tudo é tão relativo, me prende, me sinto solta, me solta e tudo fica como outrora.
Me tome, beba-me...
Sou tão sua, e tu, o quanto és meu?

Poderia, mas não quis...

Eu poderia ficar em casa hoje, não sair.
Ficar lendo, ou até fazendo nada.
Não seria uma noite badalada, mas tentaria me encontrar nos cantos desse apartamento tão vazio.
Por mais que vá a várias festas, nenhuma durou pra sempre.
Minhas amizades, duraram até o amanhecer, depois não os vi mais.
Confesso que estou com tédio de não fazer nada, me sinto só, choro.
Gostaria de entender o porquê de não conseguir me dar o ócio contemplativo por apenas 10 minutos nesses dias tão monótonos.
Minha mente está turbulenta, não me dou ao luxo...
Preciso me encontrar, antes que me perca nesse turbilhão de atitudes que preciso tomar.