Leonardo Azevedo
“Nem toda loucura é ruína. Algumas são defesa. Outras, travessia. Há quem precise se despedaçar para sobreviver à rigidez do que é dito normal. E há quem se esconda atrás da sanidade como quem se fecha numa prisão segura, mas estéril.”
“O casamento é o namoro aprimorado, onde a paixão cede lugar ao amor e as relações se sustentam na cumplicidade e na resiliência.”
“O casamento é o jardim cultivado após a primavera do namoro, onde a flor da paixão dá lugar à raiz profunda do amor que resiste às estações.”
”Não há vitória real na força bruta. Toda opressão tem prazo. Só é livre quem aceita o fim das coisas e, mesmo assim, vive com propósito.”
”A queda é destino de quem ergue impérios sobre grilhões. A liberdade, ao contrário, floresce na leveza de quem compreende o fim e ainda assim escolhe o amor.”
”Não é pela imposição que se conquista o essencial. Toda forma de dominação é efêmera. A verdadeira liberdade nasce da aceitação do tempo e da busca de sentido no transitório.”
“Não há sabedoria na intransigência. Não há conquistas duradouras por meio da força. Oprimir e escravizar apenas adiam a queda. Liberdade é compreender e aceitar a efemeridade das coisas e, ainda assim, persistir em busca de um sentido.”
”A angústia pode nascer da razão ou do afeto. Em ambos os casos, revela um desalinho interior. Reconhecer seus sinais e interpretá-los como uma bússola é o primeiro passo para reencontrar o centro perdido.”
”Pensar demais e sentir demais são caminhos distintos para a mesma angústia. O que muda é como lidamos com ela.”
“Entre o excesso de pensamento e o transbordar da emoção, a angústia se forma. Nem sempre nos fere, mas sempre nos inquieta. Saber lê-la é saber-se.”
“Um dia triste. Um dia para esquecer. Um dia para me lembrar de que despertei. Um dia em que percebo minhas perdas. Um dia em que não comemoro meus ganhos. Um dia de luto. Um dia sem glórias. Um dia de realidade. Um dia.”
“Hoje não é um dia de celebração, mas de consciência. Percebo o tempo em sua nudez, os ganhos silenciados, as perdas em evidência. Não por revolta, mas por lucidez. Há dias que apenas são. E por serem, nos confrontam.”
”É um dia. Apenas um dia. Mas nele moram silêncios, memórias e um luto sem nome. Não há velas, nem brindes, apenas o tempo sussurrando que algo se perdeu e eu me encontrei ali.”
”Hoje é meu aniversário. Mas não é um dia de festa. É um lembrete do que perdi, do que já não celebro. Há dias em que a vida pesa mais do que passa. E tudo que consigo dizer é que é só mais um dia.”
O Vazio de Ivan em Mim
Não é que eu não queira crer.
Queria. Com a mesma força com que respiro, com a mesma urgência com que busco sentido quando o mundo me fere.
Mas há em mim — como havia em Ivan — um vazio que não se preenche com promessas, nem com orações que ignoram o grito dos que padecem.
Não nego Deus.
Mas me recuso a aceitar um paraíso onde o preço seja o choro inconsolável de uma criança torturada.
Se a matemática da salvação exige esse débito, então que me excluam da equação.
Devolvo o ingresso. Não me serve um céu comprado com sangue inocente.
Minha dor não é a do ateu. É a do exilado.
Não me falta fé — me falta reconciliação.
Entre o que vejo e o que dizem que há.
Entre a razão que me habita e o absurdo que me cerca.
Entre o amor que imagino ser divino e o horror que assola o mundo sem trégua.
Carrego a lucidez como lâmina.
Ela me corta todas as noites. Me acorda. Me sangra.
Mas prefiro essa dor do que o conforto mentiroso da inconsciência.
E, no entanto, por vezes, invejo os que crêem sem feridas.
Os que chamam de “mistério” o que eu ouso chamar de “injustiça”.
Os que abraçam um Deus com olhos fechados, enquanto eu — pobre de mim — insisto em fitá-lo de olhos abertos, sem saber se Ele me vê.
Talvez um dia eu compreenda.
Ou talvez minha travessia seja essa mesma: caminhar com o coração em ruínas e a mente em labaredas,
entre o silêncio de Deus e o clamor dos homens.
Mas sigo.
Não por esperança.
Nem por fé.
Sigo porque parar seria entregar-me à loucura.
E entre a insanidade e a ausência de sentido, escolho — por ora — a lucidez dolorosa de quem carrega o vazio como cruz e como bússola.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
1.
Não nego Deus.
Mas me recuso a aceitar um paraíso comprado com o choro de uma criança torturada.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
2.
Minha dor não é a do ateu.
É a dor de quem foi expulso do paraíso da certeza.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
3.
Carrego a lucidez como lâmina.
Ela me corta mais do que conforta.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
4.
Entre o silêncio de Deus e o clamor dos homens, eu sigo com a alma em ruínas e a mente em labaredas.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
5.
Não é ausência de fé.
É excesso de consciência diante de um mundo que sangra sem explicação.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
6.
Devolvo o ingresso à eternidade se para entrar for preciso aceitar a injustiça como preço.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
7.
Invejo os que creem sem feridas.
Eles dormem. Eu vigio.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
8.
Talvez minha travessia seja essa:
Habitar o exílio da certeza e suportar o peso de um Deus que talvez não me veja.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
9.
Não creio por conforto.
Se creio, é apesar da dor — não por causa dela.
Fragmentos de “O vazio de Ivan em mim”
(por Leonardo Azevedo)
10.
Entre a loucura e o vazio, escolhi a lucidez.
Ela não consola, mas me mantém de pé.