Katniss Everdeen

Veneno. A arma perfeita para uma cobra.

Acho que não existe um código de regras do que poderia ser inaceitável um ser humano fazer com outro ser humano.

Não apenas ele me odeia e quer me matar, como também deixou de acreditar que sou humana. Ser estrangulada foi menos doloroso.

Você é pintor. Você é padeiro. Gosta de dormir com a janela aberta. Nunca põe açúcar no chá. E sempre dá dois nós nos cadarços.

Finalmente, ele está conseguindo me ver como eu realmente sou. Violenta. Não confiável. Manipuladora. Mortífera.E eu o odeio por isso.

Mas, para o bem ou para o mal, não sou motivada pela gentileza.

Um bestante do fogo conhece apenas uma única sensação: agonia

Sou o pássaro de Cinna, inflamado, voando freneticamente para escapar de algo inescapável. As penas flamejantes que crescem de meu corpo. O bater das asas apenas faz com que as chamas se movam. Estou me consumindo, porém indefinidamente.

Morta, mas sem permissão para morrer. Viva, mas totalmente morta.

Gradativamente, sou forçada a aceitar quem sou. Uma menina gravemente queimada e sem asas. Sem fogo. E sem irmã.

Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho dezessete anos. Meu lar é o Distrito 12. Não existe mais Distrito 12. Eu sou o Tordo. Eu derrubei a Capital. O presidente Snow me odeia. Ele matou a minha irmã. Agora eu vou matá-lo. E então os Jogos Vorazes acabarão.

O fogo queima mais intensamente na escuridão.

A ponta da minha flecha move-se para cima. Solto a corda. E a presidenta Coin desaba na lateral da varanda, mergulhando no chão. Morta

Meu nome é Katniss Everdeen. Por que não estou morta? Eu devia estar morta. Seria melhor para todo mundo seu eu estivesse morta...

Não tenho mais nenhum compromisso com aqueles monstros chamados seres humanos. Eu mesma me desprezo por fazer parte deles.

Porque há algo significativamente errado com uma criatura que sacrifica as vidas de seus filhos para resolver suas diferenças.

que sobreviver obrigará à execução de atos previamente impensáveis.

Na noite em que sinto aquela coisa novamente, a ânsia que tomou conta de mim na praia, sei que isso teria acontecido de um jeito ou de outro. Que aquilo de que necessito para sobreviver não é o fogo de Gale, aceso com raiva e ódio. Eu mesma tenho fogo suficiente. Necessito é do dente-de-leão na primavera. Do amarelo vívido que significa renascimento em vez de destruição. Da promessa de que a vida pode prosseguir, independentemente do quão insuportáveis foram as nossas perdas. Que ela pode voltar a ser boa. E somente Peeta pode me dar isso.

Mas há jogos muito piores do que esse.