Jean de la Bruyere

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A verdadeira inteligência consiste em dar valor à dos outros.

À força de fazermos novos contratos e de vermos o dinheiro crescer nos nossos cofres, acabamos por nos julgarmos inteligentes e quase capazes de governar.

Os lugares de chefia fazem maiores os grandes homens, e mais pequenos os homens pequenos.

Para mandar muito tempo e absolutamente sem alguém é indispensável ter a mão leve e, nunca lhe fazer sentir, por pouco que seja, a sua dependência.

O escravo apenas tem um senhor, o ambicioso tem tantos quantos lhe puderem ser úteis para vencer.

A troça é muitas vezes pobreza de espírito.

É preciso um espírito especial para se fazer fortuna, sobretudo uma grande fortuna; não se trata nem do espírito bom nem do belo, nem do grande nem do sublime, nem do forte nem do delicado; não sei precisamente de qual se trata, e espero que alguém me possa esclarecer a tal respeito.

Há uma certa vergonha em sermos felizes perante certas misérias.

A maior parte dos homens utiliza a melhor parte da vida para tornar a outra infeliz.

No mundo, apenas há duas maneiras de subirmos, ou graças à nossa habilidade, ou mediante a imbecilidade dos outros.

O aborrecimento entrou no mundo pela mão da preguiça.

Para o homem, apenas há três acontecimentos: nascer, viver e morrer. Ele não sente o nascer, sofre ao morrer e esquece-se de viver.

O amor e a amizade excluem-se mutuamente.

É preciso que um autor receba com igual modéstia os elogios e as críticas que se fazem às suas obras.

Do ódio à amizade a distância é menor que do ódio à antipatia.

Tememos a velhice, à qual não temos a certeza de poder chegar.

A vida, quando é miserável, custa a suportar; se é feliz, é horrível perdê-la. Uma coisa equivale à outra.

Estar com as pessoas que amamos, isso basta; sonhar, falar-lhes, não falar-lhes, pensar nelas, pensar nas coisas mais indiferentes, porém junto delas, tudo é igual.

Os homens desejam ser escravos em qualquer parte e colher aí a força para dominar noutro sítio.

Não se pode ir longe na amizade sem se estar disposto a perdoar os pequenos defeitos um ao outro.

Deve-se procurar somente pensar e falar com acerto, sem querem sujeitar os outros ao nosso gosto e a nossos sentimentos. É uma empresa demasiado grande.

Inserida por RobertoMax

O sábio não permite que o governem, nem tampouco pretende governar os outros; o que quer apenas é que a razão governe sozinha e sempre.

Se para sermos estimados usarmos de desdém e arrogância, só conseguiremos precisamente o contrário.

O homem sensato evita às vezes o mundo, com medo de se aborrecer.

As maiores coisas devem ser ditas com simplicidade: a ênfase as desgasta. Devemos proferir com mais nobreza as pequenas coisas: só a expressão, o tom e o modo é que lhes conferem importância.