Janaina Fischer

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Mente suicida.

E a menina chora, chora e chora e seu travesseiro já não suporta mais. Ela aperta a coberta na boca para que seus gritos fiquem abafados. As lágrimas queimam, não o seu rosto mas sim seu coração. Tudo parece pegar fogo dentro dela, enquanto a sua imagem jogada ao chão quase sem vida não sai da sua cabeça. Ela solta o edredon e com força aperta as unhas em suas pernas, até não conseguir mais. E depois de lutar muito contra sua mente suicída, ela dorme. A menina faz isso todos os dias, na esperança de um dia, poder dormir para sempre. Na esperança dos machucados sumirem. Na esperança da paz.

[...]My little life.

E tudo aquilo que me importa agora, pode não importar mais depois. É uma questão de tempo para se apagar, para restar apenas em lembranças. Momentos divinos que aconteceram, que me fizeram sorrir, mas que agora se forão, que partiram para um momento melhor no futuro ocupar o seu lugar. Isso são coisas da vida, da minha vida. Coisas assim, vem, vão. Coisas que nunca param de acontecer. É assim que vai ser enquanto eu estiver respirando. É sempre assim, ganhar, perder. Perder, ganhar. Estar viva, respirar, suspirar, surportar.

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E as coisas bonitas, quem valoriza?

Sempre críticas, ameaças, pedras lançadas em pessoas que muitas vezes nada fazem além de sentir. Críticas por todos os cantos, na política, na sociedade, no amor, no ódio, na internet. E as coisas bonitas, quem da valor? Aposto que todos os dias ao menos uma borboleta voa próximo a você, e você nunca a observa, pois ela é pequena demais e talvez não chame sua atenção, não é? Pois bem, essa borboleta tem algo que você muitas vezes pode querer: Ela voa, ela é leve, pura e livre. Liberdade, está aí algo bonito, algo que eu desejo ter. Que lindo seria, se eu pudesse voar bem alto, gritar o quanto eu gosto das coisas alegres, pessoas sinceras, gestos simples. Gritar, gritar e gritar, sem ter medo das pedras que serão atiradas em minha direção, sem ter medo dos julgamentos que farão uma imagem minha que não existe. Deitar na grama, rolar o dia inteiro. Olhar para as pessoas na rua e as ver sorrindo ao invés de caras fechadas, estranhas. Conhecer pessoas puras, que não tem medo de se entregar as maravilhas da vida. Que lindo seria, se todos fossem dignos de pureza, dignos de preservar o que sentem e cuidar apenas de si mesmo. Que protegessem de verdade quem gostam, não com violência, mas sim com amor o suficiente para que essas pessoas não se machuquem. Que lindo seria então, se não houvesse magoar-se. As polícias não matariam os inocentes, pessoas não passariam fome e então não precisariam roubar para sobreviver. Não haveria preconceito, a igualdade estaria um pouco estabelecida. Os animais não seriam maltratados por terem a liberdade e a beleza que o ser humano quer tanto conquistar. Assim então é construído um mundo de paz, onde as coisas bonitas são valorizadas. Esse mundo não existe pessoas más, querendo acabar com a felicidade alheia. Esse mundo é unido, é repleto de pássaros e borboletas voando e sendo observados por pessoas deitadas em gramados com quem amam. Um mundo onde você não tem que ter medo de ser o que é, pois todos sabem que dentro, lá no fim, todos são iguais. Um mundo justo, que só podemos ter dentro de nós. A pureza foi quebrada, a paz não existe mais, a inocência foi roubada e a injustiça nasceu. Esse é o mundo atual, a triste realidade de pessoas que não valorizam as pequenas coisas bonitas.

Inserida por janainafischer

One day and two people.

Uma pessoa pode faze-la sorrir de verdade, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa pode lhe dar atenção verdadeira, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa pode deseja-la todas as noites, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa pode escrever textos em segredo para ela, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa vai abraça-la não apenas por uma noite, ela precisa acreditar nisso. Uma pessoa vai dividir uma panela de brigadeiro com ela, vai dizer que seu cabelo bagunçado é mais bonito, que o final do filme era bom e ela perdeu. Uma pessoa vai dizer que sua camisa caiu bem para ela dormir, e vai dizer que seu perfume o deixa louco. Uma pessoa vai reparar nas suas meias. Uma pessoa vai dar a opção de se jogarem juntos do apartamento e acabar rindo junto com ela. Uma pessoa vai olha-la nos olhos por alguns minutos, deixa-la rindo e ficar sério. Vai tentar besteiras mesmo que ela insista que não, e dar sorrisos maliciosos. Uma pessoa vai aturar seus momentos chatos e ainda assim lhe dar beijos na testa. Uma pessoa vai ter um abraço mais confortante que ela já ganhou. Vai ser cheiroso como ela nunca sentiu. Uma pessoa vai chama-la de fresca, e faze-la sentir vontade de mata-lo. Vai deitar em um sofá confortável com ela e abraça-la forte. Vai pedir pra ser mordido e depois reclamar que doeu muito, e também vai mode-la e deixar marca. Vai se preocupar por ela não dar notícias a sua mãe. Vai fazer pipoca de madrugada e queimar, mas mesmo assim comer tudo. Vai vê-la dormindo e virar para o outro lado, e depois vai desvirar e abraça-la. Vai acordar perguntando se já chegou a hora de ela ir trabalhar. Uma pessoa vai acordar junto com ela depois bem cedo, enche-la de carinho e faze-la não ter vontade de sair da cama. Uma pessoa vai leva-la para trabalhar e quando ela dizer que sentirá saudade, vai dizer: já estou sentindo. Uma pessoa pode até fazer isso, mas ela nunca saberá se será só por um momento, ou constantemente. Tudo que ela faz, é aproveitar cada minuto, sabendo que pode ser o último, sabendo que no outro dia tudo pode voltar a ser como era antes de tudo isso ocorrer, o frio, o escuro, o vazio. A doce dor de estar só.

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