Ianka Monteiro
Quem eu sou?
Eu me perdi...
Me moldei no que eu achava que você queria,
me tornei o reflexo
daquilo que eu achava você idealizava.
Mas… quem sou eu?
O que eu gosto de verdade?
Qual o meu estilo?
Qual música me faz perder o fôlego?
Agora, sinto um vazio,
um eco de algo que não sei mais nomear.
Quem sou eu?
Eu te temi tanto,
que apaguei a minha luz.
Fui tão pequena pra você,
que esqueci de ser grande pra mim.
E agora sinto que o encanto se foi,
eu te amo tanto e permaneço aqui…
tentando me encontrar,
tentando me entender:
Por que fiz isso comigo?
Por que neguei tanto
a pessoa que eu sou?
Eu te fiz um castelo,
e me coloquei em uma prisão que eu mesmo criei.
E você nem percebeu,
enquanto eu me aniquilava
em nome de um ideal
que só existia no meu medo.
O que eu sou?
Eu sou o que restou.
Dos silêncios.
Das concessões.
Das vezes que engoli o choro.
Eu sou o que sobrou
da mulher que pensei que nunca seria.
Vivendo uma vida de fantoche,
preso aos fios da vontade de alguém.
Minhas escolhas não me pertencem,
temo ser vista como a vilã também.
Canso de lutar contra o invisível,
às vezes só respiro pra não desabar.
A dor no peito é um nó constante,
aperta, insiste não quer soltar.
Cercada de vozes, risos, presenças,
e mesmo assim, um vazio sem fim.
Finjo amar a solitude que me cerca,
mas o que habita em mim é solidão, enfim.
Carrego feridas que ninguém nota,
sangram em silêncio, discretas, fiéis.
Não matam, mas doem como cortes na alma,
lembrando o quanto ainda sou frágil e real.
Há dias em que sorrio, inteira, viva,
em outros, sou só sombra e saudade.
Dói ver o espelho refletir um eco,
sem ninguém em quem confiar de verdade.
No fundo, o que mais desejo é simples:
ter as rédeas do meu próprio ser,
calar o caos, tocar a paze finalmente... viver.
