Gustavo Alexandre
"Somos bons para homenagear os mortos e ruins para valorizar os vivos. Deve ser o orgulho, ego, a concorrência que, nesta vida, às vezes superam o amor." G.Alexandre
A liberdade humana não é um estado único, mas um organismo vivo composto de três dimensões que se entrelaçam como fibras de uma mesma consciência.
No Corpo Físico, a ação emerge do confronto permanente entre o impulso emocional e a direção inteligente. Quando ambos se equilibram, nasce a Liberdade Física — o gesto que não é mero reflexo, mas expressão de vontade.
No Corpo Mental, o pensamento atravessa o mesmo dilema: a emoção que colore a percepção e a inteligência que estrutura o raciocínio. Quando esse diálogo interno amadurece, alcançamos a Liberdade Psicológica — um pensar que não é caótico nem mecânico, mas soberano.
No Corpo Espiritual, o sentir se bifurca entre a profundidade emocional e a lucidez interior. Da síntese dessas duas potências surge a Liberdade Espiritual — o estado no qual o indivíduo não apenas vive, mas compreende o sentido da própria vida.
A soma desses três eixos tricotômicos compõe a arquitetura integral do ser livre.
Três corpos. Dois vetores. Uma liberdade.
Ação: emoção + inteligência = Liberdade Física
Pensamento: emoção + inteligência = Liberdade Psicológica
Sentimento: emoção + inteligência = Liberdade Espiritual
Liberdade é o equilíbrio entre sentir, pensar e agir — sempre entre a emoção que nos move e a inteligência que nos orienta.
Estrutura Tricotômica da Liberdade
Corpo Físico
Agir com emoção + agir com inteligência → Liberdade Física
Corpo Mental
Pensar com emoção + pensar com inteligência → Liberdade Psicológica
Corpo Espiritual
Sentir com emoção + sentir com inteligência → Liberdade Espiritual
A liberdade plena surge quando emoção e inteligência se harmonizam nas três camadas fundamentais do ser humano: ação, pensamento e sentido existencial.
O Homem Vitruviano não é uma obra finalizada.
Da Vinci deixou apenas a estrutura — o esqueleto simbólico que une três grandes forças da existência:
- Arte (expressão)
- Ciência (observação)
- Filosofia (sentido)
Séculos depois, surge a quarta força capaz de integrá-las:
Tecnologia — o elo entre o humano, o mundo físico e o digital.
Cada geração acrescenta o que compreende.
Da Vinci abriu o espaço.
Nós continuamos o desenho.
O traço mais revelador do Homem Vitruviano não é a geometria — é o vazio ao redor.
Da Vinci uniu:
- Arte, como expressão sensível;
- Ciência, como método de compreensão;
- Filosofia, como reflexão sobre o existir.
E então parou.
Não coloriu. Não finalizou.
Ele deixou a obra inacabada por intenção, como uma estrutura viva, esperando que a humanidade completasse o que ainda não existia.
Hoje, uma nova força se integra naturalmente ao desenho:
Tecnologia — a cosmovisão que conecta expressão, conhecimento e sentido à ação no mundo físico e digital.
O Homem Vitruviano é, portanto, um convite:
“Avancem. Acrescentem. Aprendam. Continuem o que eu comecei.”
Cada época tem sua camada.
Esta é a nossa.
Leonardo da Vinci nunca entregava menos do que perfeição.
Mas no Homem Vitruviano, ele fez o oposto:
entregou apenas linhas essenciais, sem pintura, sem ornamentos, sem mundo ao redor.
Esse “incompleto” não é falha — é gênio.
Da Vinci compreendeu que algumas obras não devem nascer prontas, e sim estruturadas para receber o futuro.
Ao posicionar o ser humano entre o círculo cósmico e o quadrado racional, ele fundou três eixos centrais do conhecimento:
- Arte — onde a humanidade se expressa;
- Ciência — onde a humanidade entende;
- Filosofia — onde a humanidade interpreta.
Mas ele não entregou a quarta força.
Porque ela ainda não existia.
Séculos depois, ela emergiu:
Tecnologia — o vetor integrador entre o físico, o emocional, o racional e o digital.
A fronteira que transcende corpo, mente e ambiente.
A camada que costura tudo: expressão, cálculo, sentido e impacto.
Da Vinci não completou o desenho porque não era ele quem devia completá-lo.
Era a humanidade — gradualmente, geração após geração, conforme novas dimensões do mundo fossem surgindo.
O Homem Vitruviano é um manuscrito aberto, uma estrutura matricial deixada propositalmente como legado para que o conhecimento humano fosse, literalmente, sendo desenhado ao longo dos séculos.
Ele nos deu o esqueleto.
Nós demos — e continuaremos dando — as camadas.
