Fábio Sexugi

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Papel de parede

Saudade feroz
de quando as paredes ouviam,
condenavam, proibiam
a nossa voz

Errávamos menos
quando as paredes tinham ouvidos.
Pois precavidos,
éramos plenos.

Hoje os ouvidos têm paredes.
Não é esquisito?
Pois nem meu grito
tu já não sentes.

Reclamo em vão...
Mas se há paredes
Pintemo-las verdes
pra ocultar solidão

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O receio do novo distancia estrelas, impede-nos vê-las.

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O medo da luz condensa, reduz homens em pedras.

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Chorei teu gelo sem derretê-lo. É tempo de soluçar geadas...

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Sou prático: digo logo o que quero e o limite de preço aos vendedores e pronto. Não tenho muita paciência pra ficar escolhendo cores, formas e o diabo.

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Ao Estudante Anônimo

Liberdade é poesia
que não se desvia
das muralhas

Liberdade ultrapassa
Tanques brutos da praça
represálias

Liberdade é música
que vai além da letra
escrita
berrada
mortal:
Manifesto silencioso da verdade
Genuína paz celestial

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Por ironia, procuro na noite um instante do dia.

A pipa a pino no céu tem saudades do piá que carrega o carretel.

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Superna notula

Não escrevo poesia
é ela que me escreve
é ela que se atreve
a grafar-me, tirania

Poesia não se lavra
nasce sozinha
erva-daninha
erva-palavra

Poema não se poda
é soberano
sobre-humano
incomoda

A poesia está em tudo
é quase ente
onipresente
onidesnudo

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Percorro a pé pela vida uma vereda infinita e nova a cada passo.

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Endereço

Minha casa é um recanto do mundo
a doze passos do coração.
É horta fértil, jardim fecundo,
pelos Campos do Mourão.

Minha casa é colo e cafuné,
é cheiro de mate e pão caseiro,
é força e vida, vigor e fé
que canta o sino de Engenheiro.

Minha casa é abraço apertado
onde a Gralha Azul fez ninho.
É beijo tímido, apaixonado
nos cafezais de Sertãozinho.

Minha casa é floresta que se avista
da janela velha rindo à toa.
É semente nova que o altruísta
acomoda e rega em terra boa.

Minha casa é pinheiro, é cipestre
que penumbra, em trilha oportuna,
os tapetes do ipê roxo, flor silvestre
nas calçadas de Araruna.

Minha casa tem gosto de Carneiro ao Vinho,
Sabor sagrado, segredo sangrado no sul.
É terra rubra que pinta o pé pelo caminho,
é sossego, saudade e sol. É Peabiru.

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A língua é em si mesma. Tem vida própria.

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Escrevo porque gosto de escrever. Melhor, de rabiscar. Rabisco, rabisco, finjo que escrevo. É só fingimento. Mas, fico satisfeito.

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Só os curiosos com espírito sublime valorizam essas que a maioria chama de coisas de quem não tem o que fazer.

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Separar a Igreja dos pobres é separá-la de Cristo.

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Há uma tremenda profundidade no nosso superficialismo.

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Sabemos tudo mais ou menos, mas agimos com a convicção plena de que sabemos tanto ou muito mais que os outros.

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Minha geração porta um oceano de contradições, uma enciclopédia de perguntas com trocentos volumes.

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A minha geração é aquela que busca novos valores. Ou melhor, busca uma forma menos hipócrita de viver os mesmos valores eternos.

A minha geração relativiza absolutismos e absolutiza o relativismo.

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Nossos adolescentes têm futuro? Não, não tem. E a resposta continuará negativa enquanto não houver políticas públicas sérias para a juventude.

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Pior que aceitar a ignorância religiosa como 'religiosidade popular' é inventar novas superstições para explorar ainda mais essa mesma ignorância ou o desespero de muita gente para lucrar.

Alguém duvida que tanto Cristo quanto Marx estejam em plena crise de identidade?

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Tenho uma teoria de que a propaganda política na TV só serve para alienar ainda mais o povo brasileiro que é historicamente despolitizado.