Escritora03

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Ali, o a luz que penetrava pelas brechas da cortina rasgada, madrugada de Agosto, inverno de 1939.
Talvez não fosse a melhor opção continuar olhando para aquela luz fraca, por algum motivo, ela me fazia lembrar. A fumaça marrom café que se estendia pelo ar, marcas e pegadas na neve branca e a lama seca nas janelas da locomotiva. Tentei desfazer o nó que se formou em minha garganta, as mãos e braços gelados de minha mãe me cercavam, meus olhos mórbidos fitavam a paisagem branca multicor que mudava conforme o bater das rodas. Todos ali dentro, eram diferentes, porém iguais. Nos primeiros assentos, uma senhora que aparentava mais de 60 anos, usava a janela de encosto, uma mulher deu o colo para um de seus três filhos, enquanto os outros se apoiavam em seus ombros cobertos por um tecido fino e lã de seu cachecol. A seguir, um senhor que segurava nas coxas um acordeom, a seu lado estava uma pequena maleta cor de areia que caía aos pedaços, no banco em seu lado, um casal Comunista, ela segurava uma vasilha com fatias de bolo, ele segurava a gaiola de um papagaio, que já nem mais falava. O resto da população ali presente era composta por judeus ou contrários ao partido nazista. Eu era um deles, Liore. No meu banco estavam uma menina pálida de longos cabelos marrons, e olhos verdes, que se escorava na mãe, cujo as características eram as mesmas, e segurava textos em folhas de papel amareladas, os mesmos escritos em hebraico. Esse banco como já disse, era o meu, a menina, era eu.

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