Edmari Avelino

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SINOS DA VIDA

Parece Domingo, mas é só tristeza...
Um mergulho no café,
ordens do dia se esvaindo
Notícias na mesa, censura na minha fé
Deixo a moça do telejornal sorrindo

Os primeiros passos...
Nas ruas o vento inimigo,
soberano nos terraços
Por instantes um canário desliga os pensamentos
Me vi vivo sem abraços,
pensei que poderia voar

Um aceno, um bom dia...
Certamente não importa,
é vaga a inútil poesia,
pois o medo vigia atrás das portas

Enquanto isso, alguém lá de cima dos palácios pede minha cabeça em troca da solidão,
mas nem que apodreça me estende a mão

Na brevidade do tempo me lanço pelo pão
Por vezes caio
Por vezes o horizonte sorri, nunca a razão
Os pedaços escondidos atraem, os detalhes, os vãos
Encontro a esperança, as feridas, as dúvidas, a culpa
E na coragem para não fugir
da ânsia de ser livre, descubro os sinos divinos da vida

(Edmari Avelino/Escritor e Poeta)

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O PROFESSOR

Conheço um cara genial
que não liga pra ninguém.
Arrogante, prepotente, indiferente,
calculista, de uma inteligência invejável, absoluta, dominante.
Tem muitos inimigos por isso.
É meio incompreensível, mas, gosto dele.

Seguro de si,
não olha dos lados,
anda sempre marcado,
mas, uma coisa faz com maestria,
caminha sempre com elegância,
de peito aberto e é sincero.
Não se deixa levar por ninguém,
até me revelou um segredo,
aprecia as pessoas que não o reparam,
que nutrem respeito por ele,
que estas são as que veem o que ele não precisa mostrar, e não dão trabalho nenhum.

Nossa!
Ainda estudo este cara!

Adora surpresas
e quando dão a ele o que lhe pertence.
(E dessa máxima descobri a antiga amizade do meu pai por ele.)
Meu velho vive me dizendo isso!

Não sei se o cara é bom
ou ruim, ou de propósito é os dois.
Só sei que provoca encontros
e crava desencontros,
assim, a bel prazer, a qualquer hora.

Me disse que já viu Deus,
que é seu parceiro.
Nisso pude acreditar fácil.
Conheço muita gente com tais preceitos,
mas, quando converso mais intimamente,
acho que está mentindo, é irmão de Deus
e não quer dizer.

Nunca vi um cara tão verdadeiro.
É como o vento:
livre.
De dar inveja os lugares que conhece.
Vai pra onde quer,
faz o que dá na telha,
não liga pra dinheiro.
É o cara mais paciente que já vi,
não é lento
nem apressado,
vai na mesma toada sempre.

É um espécie de sábio às avessas.
Me disse que esse papo de destino
é uma grande besteira,
me olha raivoso quando duvido disso.
Às vezes, acho que não é tão durão,
ninguém pode ser tão razão assim.
Chego a refletir:
será que ele não chora escondido,
quando vê alguém chorando por causa dele ou algo que levou?

Ah! E como é intrometido e irônico!
Às vezes, faz travessuras e ri sem perceber, e quando vê já está gargalhando de tanto prazer.
Adora se ocupar da vida alheia,
mas, tem uma coisa que gosto muito nele,
é mestre em ensinar,
ensina até pra quem não quer aprender.
Me disse um dia, que está pouco se lixando,
que ninguém morre burro com ele,
que de qualquer forma,
será dele a última lição mesmo.

Sim, que perfeição!
E por falar nisso,
eu poderia escrever por anos e anos a fio sobre esse sujeito,
mas, jamais eu chegaria ao final,
certos modos esquisitos operados por ele me proibiriam.
Além disso, descobri que no mundo
não existem tantas folhas em branco assim para o tal livro.

Agora darei um tempinho...
É que ele não gosta de muito conversero...

Ah! Antes que me esqueça,
só mais uma coisinha,
não pense você que ele vive sozinho, nãoooo!
Tem uma amiga oculta, fiel, companheira ideal, tão ativa quanto ele na gestão e ajuda com seus trabalhos,
especialmente os finalizados.

Esta senhora chama-se:
MORTE.

E bem ou mal,
você já deve conhecê-lo,
ou falado com ele no espelho,
mas, não custa nada dizer.

O nome desse cara é:
TEMPO.

(Texto de Edmari Avelino, escritor e poeta/ Escritor do Livro, A história de Rachel).

Inserida por EdmariAvelino