Duda Maia

A cada dia que passa eu ando sempre mais confusa. Minha cabeça gira, meu coração dói, meu orgulho some.
Eu não tô me reconhecendo. Tô sempre mudando tão rápido, que não consigo me conter de jeito nenhum. Choro, choro muito. Todos os dias, ultimamente, tem sido bastante tenso, e inútil.
Quero tanto, desejo tanto, que acabo me ferrando sozinha. Guardo coisas que doem por estarem guardadas, mas que vão doer mais ainda se forem expostas, se forem ditas. Me sinto tão mal por guardá-las, só que, as duas opções que me restam são as mesmas que o meu coração não aguenta mais. Ele anda sempre cansado de mim, e eu sempre cansado dele. Só que a culpa não é minha e nem mesmo dele. Nós, simplesmente, estamos cansados de levar tanta lapada e não aprender.
Eu só quero aprender. Só preciso aprender... mais nada!

Pensei que estava enganada, é que você sabe como me deixar na dúvida, e eu não consigo escapar, nem esclarecer. Seu sorriso diz exatamente tudo, mas não há jeito de achar.
Não olhe desse jeito pra mim novamente, ou eu te agarro e não solto. Nem adianta fazer drama.
Conversas rolam soltas pelas noites. Adoro seu jeito besta de se sair ou se aprofundar mais ainda no assunto.
Tento me controlar e não falar mais nada, e quem disse que você deixa?! Ah, meu amor, pára de bobagem e vem aqui me dar um abraço, aquele abraço quente que só você sabe. Ele é tudo o que eu preciso.
Você acredita em amor à primeira vista? Eu acredito, porque você me fez acreditar. E como tirar isso da cabeça agora? Deixa pra lá, não me importo mais. Me acostumei.
Sua felicidade é tão importante pra mim, quanto a minha. Mas talvez a minha ainda esteja longe, talvez eu espere um pouco, se você não demorar... Quem sabe, né?

Preciso de um tempo só. Quero colocar a cabeça e o coração pra pensar. Desejo ter sempre o que não posso, talvez seja porque o impossível nos atrai.
Não quero mais ficar só. Você olha pra mim, e tudo ao meu redor se torna problemas passados. Quero esse teu olhar pra sempre à minha direção.
Não vá embora sem mim! Prometo que quando tudo isso acabar, te levarei pra um lugar melhor. Você ao meu lado parece feliz. Gosto de te olhar e receber um sorriso sincero.
As tuas palavras soam fundo no meu pensamento, e eu observo cada gesto teu, nos mínimos detalhes, meu amor.
Eu sei que você sabe o caminho. Eu sei que você sabe onde eu estou perdida. Aquela escuridão está indo embora, porque você tá chegando. Não pare de caminhar, tente me achar, que eu tento te perder.

Desejos falam mais forte que tudo aqui dentro. Sentimentos gritam alto demais. Até que eu não suporto, e jogo-os fora. Eles se perdem num labirinto sem saída, à procura de uma resposta sem fim.
Me mantenho calma. Possuo coisas que não deveria. Não posso negar mais. As palavras soltas me condenam, mesmo eu escondendo-as.
Não há jeito de se despedir. Quando tiver uma luz, eu sei que vou correr até alcança-la, e, enfim, poderei dizer tudo novamente, depois jorrar as lágrimas da decepção.
Nada se vai. Tudo alimentado se torna importante demais. Não é bom, mas o que posso fazer? Nada sei, e prefiro não saber. Pode ser perigoso.
Respiro fundo e procuro tudo até o meu limite. Esgotei, esgotei. Tenho que dar um basta nessa minha loucura de querer. Mas é que dar um basta nisso pode afastar o que não pode. Não sei o que fazer. Talvez eu não tenha saída. É isso!

Chegou. acabou. Sorri.
Me aprofundei. Deixei sair até a última palavra. Acabou, morreu. Sentimento aumentou. Se alimentou sozinho num mar de rosas puras e sem vida.
Pensamento foi mais além, sem saber a saída. A luz ele perdeu. O escuro amanheceu. A entrada desapareceu, e a esperança se deu. Me assustei ao ver o nada, ao ver minha alma completamente feliz, procurando um lar, num labirinto escuro, e sem fim.
Percebi que não havia mais o que procurar, então deixei o tempo passar. Os ponteiros do relógio eu enxerguei, olhei intensamente e me perdi em cada segundo que se passava ali. Mais uma vez me peguei, então voltei. Não sabia mais. E os ponteiros continuaram à minha vista, até que eu pude acreditar num tempo infinito pra pensar. Mas pensar no quê? Só no porquê? E o porquê, se foi por quê? As dúvidas se criaram e transformaram-se numa grande e intensa luz. Mas não consegui chegar até lá. Faltam forças para andar. Faltam palavras para falar. Falta coragem para fugir.

Pensei em tudo. Esvaziei os sentimentos, ou quase isso. Pensei na música e tentei me aprofundar da maneira mais secreta possível.
Minha loucura é boa, mas o caos está querendo acabar, e me diz para abandonar. O que fazer, se não posso desperdiçar isso num mundo tão vazio e solitário como esse?
O medo está me consumindo, e daqui a uns dias minha vida vai se consumar. E nada vai existir, nem os pensamentos soltos e inúteis.
Talvez meu segredo esteja escondido onde nem eu mesma saiba. Talvez isso tudo foi feito para assustar. Talvez os sentimentos não são sentimentos.
Mentir para mim é a forma mais verdadeira de esclarecer esse terror, que anda assombrando minha cabeça, com seus terríveis gritos finos.
O mundo já virou um caos. O mundo está cheio de pessoas vazias.
Vou tratar de não procurar mais nada, além de mim. Vou tentar me achar novamente e encher esse espaço de amor. Mas talvez esse não seja o certo. Não me importo. Se continuar no escuro, vou entender que a luz não foi feita para se procurar, e sim, para sentir e apreciar.

Ouvi uma voz no fundo dizendo pra ficar. Ouvi outra dizendo pra ir. Curvas de pensamentos. Tormentos de ideias. Dúvidas cruéis. Certezas e incertezas sendo atropeladas por caminhões de fogo. Dores e fracassos sendo vítimas de palavras. Curas ausentes. Remédios presentes, sem efeitos. Vários instantes se perdendo no tempo. Segundos, minutos e horas passando-se em mente. Bombas acesas. Tudo pode acontecer a qualquer momento. Não espero, não aguento. Peço, faço, digo e não agrado. Inseguranças passam aqui sem saber. Ruas estreitas me prendem em memórias atrevidas. Esquinas sem entradas. Entradas sem saídas.
Bagunças enormes. Esperanças esperando por uma ameaça que assuste, só assim ela se perde nesse rio sem fundo. Talvez não esteja esperando. Pode ser cansaços, pode ser abraços.

Meu jardim, ah, meu jardim... Que andava sempre lindo, sorrindo pra mim... O que tá acontecendo com ti? Não durmo, por pensar demais nas rosas que choram e murcham sem parar. Me pego regando flores que aqui não mais está. Aparo as lindas folhinhas que caem constantemente e deixam o vento as levar.
Ah, meu jardim... Que antes me tirava um sorriso com o sol junto a festejar, e agora me tira uma lágrima com a chuva que insiste em me molhar... O que tá acontecendo com ti, meu jardim?
Ah, meu jardim... Talvez eu não te reguei quando você mais precisava suspirar, eu posso ter tido um descuido quando você mais queria me alegrar, eu acho que pensei demais antes da torneira ligar. Mas peço a ti mais uma vez mil desculpas, volta a brilhar...
Ah, meu jardim... Meus dias não são mais os mesmos sem ti pra me fazer dançar. Minhas noites não são mais as mesmas sem ti para conversar. Minha lua não aparece mais sem ti para se mostrar.
Meu jardim... Reacende o brilho das flores, o calor das rosas, o reflexo das folhas molhadas e volta a me amar.

E a todo instante, por onde eu piso, por onde eu passo, há uma lembrança. Atrás da escada, debaixo do sofá, no banco do carro, em todo lugar. As estações mudam, as memórias se internam, seja com frio ou com calor, silenciando meu humor, espalhando minha ternura, acendendo meu pudor. E todas as noites eu penso, eu rezo e peço pra que isso não seja só simples flores coloridas, que sejam árvores floridas, com frutos saudáveis e galhos amáveis. A lua, o sol, iluminando o mar, enfeitando o olhar, trazendo as ondas, que planejam ficar. Elas vão, voltam, e deixam pedaços por todo lugar. E aquelas estrelas, que com um só piscar, faz meu coração palpitar. Elas riem, gritam, falam a mais. Buscam, tiram, mudam demais. Pulam, andam, correm atrás. Meu amor, só de pensar que estamos a sonhar, o corpo estremece e o desejo enlouquece.

Segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos. Mãos, pés, bocas, cabelos, peles, olhos, olheiras, olhares. Gostos, cheiros, beijos, toques, olhos. Letras, palavras, frases, sustos, olheiras. Músicas, passos, danças, risos, olhares. riscos, falhas, brigas, fins, dores, bares, copos, lágrimas, pesos, tormentos, ideias, fracasso, morte, olhos, olheiras, olhares.