Diego Moraes

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Estranheza é um casal de ursos dançando tango.

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Às vezes fico só fragmentação cinza.

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Só há uma solução: Escrever até seu braço virar fantasma ou pular feito um leão.

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À noite é um cadáver respirando ouro.

Ex-Namoradas viram nome de Avenida nos meus contos mais doloridos.

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A literatura é uma barbearia cheia de navalhas.

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Meu tropeço é quase um samba do Cartola.

A única coisa que aprendi nessa vida foi tropeçar.

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Domingo e sua cara de Rimbaud atravessando o deserto mancando.

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Poeta mora de favor na casa do lirismo.

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Tudo dorme menos rancor de poeta desprezado por editoras e putas. Fico longe de caras do tipo. São tumores querendo enegrecer pulmão alheio.

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Você é um minuto de silêncio num mundo que grita feito louco embaixo do viaduto.

Teu mundo é pequeno. Cabe numa caixinha de guardar ressentimentos.

Você tenta ocultar, mas a literatura sangra.

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Depois de um tempo você percebe que escrever é abraçar a si mesmo. Literatura é remédio para solidão.

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Eu já fui aquele cara que comprava vinte fichas e falava “eu te amo” no orelhão.

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Poeta é aquele cara romântico que fica um bom tempo sem comer ninguém.

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O problema não é ser feio e sem grana. O problema é ser sem prosa e poesia.

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O primeiro mandamento do leitor é saber identificar um mercenário de um escritor.

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Aquele que
Mora dentro
de seus poemas
Sonha muito acordado.

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No meu mundo todo mundo tenta ganhar a vida escrevendo poesia.

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Este corcel 77 parado na Praça Roberto Piva sou eu em outra encarnação.

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Poeta é o técnico de áudio que transforma barulho de amor em silêncio.

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Nós, escritores, precisamos curtir mais o silêncio que faz logo quando terminamos de escrever algo lindo. Fechar os olhos e sorrir. O silêncio é testemunha de um crime lírico.

Poesia para outros é poesia de beira de estrada. Você escreve poesia para outros, mas dentro de ti nunca vingou um verso íntimo.

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