Clobson Fernandes
Análise
Hoje sob outro prisma posso afirmar
Sei que ainda te crio no pensamento,
Mas prefiro por auto-paixão ignorar,
Relevante? - apenas o tempo que não posso parar.
Prefiro beber da minha solidão
A lamentar sua saudade,
Mendaz essa nossa pretensão de amante
Pois, somente o próprio amor inspira a verdade.
Cansei de tentar ser perfeito, de não fazer do meu jeito,
de apenas querer,
Esperei por meses um momento teu,
Deixei o tempo calar o meu viver
A vida ainda continua, somente o desejo padeceu.
Bebendo em outros copos,
E comendo em outros corpos, esvaem-se meus dias
Somente em sonhos loucos e perdidos
Recupero aos poucos as minhas poucas alegrias.
Ofusco a minha vontade de chorar
Na luz dos sorrisos deléveis que sei fazer,
Contento-me com pouco para contar,
Ainda preciso de muito para viver.
À mulher que amei deixo o calor de um abraço
Uma despedida sem a hipocrisia de qualquer adeus,
O desejo de que viva para amar,
Assim como a amei, enquanto fui seu.
Deus, como eu quero aquela mulher
Confidenciar pecados no ouvido seu, por ser cético demais
Eu quero aquela mulher, de frente,
Por trás, daquela mulher,
Que passou pela calçada e deixou tudo mais interessante,
Deus! Eu quero aquela mulher,
Nem que seja só por um instante.
Pois toda carne é fugaz, mas eu quero aquela mulher
Eu quero lhe dizer e possuir,
Eu quero vê-la trançada em meu corpo,
Depois absorto, vê-la partir.
Escárnio
Vou perder-me no labirinto do desejo
Prostituir minhas vontades, como sempre quis
E quem sabe assim ter o que almejo
Despretensioso, apenas ser feliz.
Mulheres contadas como dias,
Enxugar as lágrimas que apenas uma deixou,
Beber de todas as outras
Embriagar-me nas suas alegrias.
Quedar-me em braços femininos
Esquecer-me da vida conturbada,
Do teu amor mínimo,
Ter entre outras coxas minha pretensão consumada.
E quando o dia nascer teu retrato terá se apagado,
Embora minha lembrança irá permanecer,
Destarte, me faço falsamente amado,
Assim prefiro, zombar do teu amor, a te querer.
Me droguei de novo com tuas desculpas
E fiz preces a todos os porcos,
Fiz o contrário para te provocar,
Adormeci e comi em todos os corpos
Que numa noite se pode amar.