Carruna Maral

Encontrados 5 pensamentos de Carruna Maral

Nada-Tudo

Nada quer dizer nada
Tudo quer dizer tudo
Dizer tudo pode ser nada
Dizer nada pode ser tudo

Nada pode ser verbo
Verbo pode ser tudo
Dizer tudo pode ser verbo
Dizer verbo pode ser nada

Seja tudo ou seja nada
Diga nada ou diga tudo
Tudo pode ser nada
Nada pode ser tudo.

Inserida por bering

Intermitente

Saudade do presente
Não há, certamente
Porque, nesse tempo
Tudo é passado

Insanamente
Há quem transporte para frente
Mas como transportar para o inexistente?
Certamente, um demente

Num desarranjo mental
O enfermo morreu
Transpondo na faísca do presente
Um passado de futuro idealizado

Incólume da realidade externa
Não percebeu suas projeções
Resgatadas no sopro da vida
Imediatamente devolvidas ao passado

Falemos, então, dos vivos-ainda-vivos
Com a centelha do presente divino
Acessam os registros dos retratos do passado
E criam a expectativa de mais uma chispa para si

Dentre estes, os prudens
Detentores do elementar dos sábios
Em constante aspiração
Potencializam a expectação

Agora, falemos do hoje
O hoje não existe; alias, nem o presente
Quimera para unir a fagulha da vida
E os recentes registros do passado

A saudade… sublimes lembranças – mera abstração
Gatilhos à espera de um estímulo
A droga é liberada
Passa; surge então a abstinência

Os tempos verbais são artifícios
O passado, passou
O presente é um presente – é a centelha divina da vida
O futuro é a expectativa de um novo presente

Na eternidade, o permanecer cessa
Quando cessa a centelha
O retornar surge
Quando surge a centelha

Talvez sejamos vaga-lumes
A piscar numa constante
No apagar de cada instante
Infinitos flagrantes.

Inserida por bering

Eternidade

O fim do fim
Início do início
É o início
Onde inicia o início
E termina o fim

O início do início
Fim do fim
É o fim
Onde termina o fim
E inicia o início

O fim do início
Início do fim
É o início
Onde inicia o fim
E termina o início

O início do fim
Fim do início
É o fim
Onde termina o início
E inicia o fim

E dentre tudo isso, deve haver tudo isso
E nisso tudo, tudo isso
E disso tudo, pouco entendo
E no intento, me arrebento
Enfim, deve haver algum fim.

Inserida por bering

Excelso

Quisera eu
Nestes verdes aromas
Ter o teu
Misturado ao meu

E os filhos teus
Filhos meus
E tu
Quisera eu

Nossa prole a brincar
Juntos a correr
Neste jardim
Quisera eu

Ao dormirem
Teu cheiro é meu
E eu sou teu
Quisera eu

Cuidar de vós
E vós de mim
Neste jardim
Quero sim.

Inserida por bering

O senhor

Seja breve
Caro andante
Apressa-te!

Amanhã
Caro lépido
Grande vertiginoso

Depois e depois
Fugaz catatônico
Súbita morte

E tu?
Caro indolente
Apressa-te!

Como ousas?
Volte ao labor
Caro senhor.

Inserida por bering