Bruno Munari
É preciso, desde cedo, habituar o indivíduo a pensar, imaginar, fantasiar, ser criativo.
A cultura é feita de surpresas, isto é, daquilo que antes não se sabia, e é preciso estarmos prontos a recebê-las, em vez de rejeitá-las com medo de que o castelo que construímos desabe.
O cérebro infantil é como um computador: tudo o que a criança percebe é memorizado para a vida toda. No momento oportuno, seja qual for a nossa idade, perante algo desconhecido, ele tentará estabelecer uma relação com o que já sabe, para facilitar nossa compreensão.
A memorização de dados corretos, no momento adequado, ajuda a viver melhor, fornece as informações úteis no momento justo. Um indivíduo criativo é um indivíduo completo, que não tem necessidade de estar sempre recorrendo a peritos para resolver seus problemas.
Simplificar é um trabalho difícil e exige muita criatividade. Complicar é muito mais fácil: basta acrescentar tudo o que nos vem à mente.
Quando alguém diz “isso até eu sei fazer”, quer dizer, na verdade, que saberia refazê-lo, do contrário já o teria feito antes.
O luxo é uma necessidade para muitas pessoas que querem ter um sentimento de domínio sobre os outros. Mas os outros, se são pessoas civilizadas, sabem que o luxo é fingimento; se são ignorantes, admiram e talvez até invejem os que vivem no luxo. Mas a quem interessa a admiração dos ignorantes? Aos estúpidos, talvez.
O luxo é, de fato, uma manifestação de estupidez.