Augusto Matos

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Poéticas pinturas

Sílabas em abstração vivem no poeta em átimos de tempo
Visão num espectro de frequências luminosas da luz
Há muito mais que isso:
O ultravioleta, o infravermelho, os raios x e gama
Quiçá a astronômica matéria escura
Num prisma espiritual decanta-se o que o visual mostra
O poeta enxerga tudo diferente, emana singularidade
Tem a licença poética para captar o que lhe é necessário
Uma mulher pode ser matéria poética sem saber, sem notar
Sem se dar conta, pode ser-lhe o único bem num dia ruim
Quando tudo são flores, dentre elas é a musa a mais bela
E o poema pode ter uma paleta de manifestações sensoriais
Matizes, nuances, gradações, luminosidade, temperatura
Aromas, sonoridade, delineios na plasticidade verbal
O pincel das letras, a tintura semântica, a tela semiótica
As curvas da mulher se desenvolvem no manejo frasal
Estrofes se seguem, como a alternar o foco anatômico
Os maneirismos dela evocam interpretação literária
Transformação da contemplação pela versificação
Cai um véu, despe-se o manancial da inspiração
As mãos imaginadas ganham amplitude de ação
Face a face, já os olhos são insuficientes
Um ser tão vasto e misterioso, tateado em Poesia
Flertando mutuamente, num instante quase hipnótico
Pode um poema já ser lido enquanto é gerado
Sem papel, formatação, tinta, ou mesmo esboço prévio
Mas corpo, alma e coração convertidos instantaneamente
São relativos a extensão e o tamanho, densidade é tudo
E nessas percepções poéticas, tudo é intensidade.

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Moça Bela

Moça bela, que sutilmente gesticula doçura e elegância
Coloca-se discreta no ambiente, simples e pura margarida
Sorriso espontâneo, algo de luminoso em alma transparente
Sua melódica voz exalta meiga composição, que diverte e instrui
Cruza formosas pernas sem vulgaridade, apresentam-se pés delicados
Suavidade das mãos, no outro extremo corpóreo, em atraente harmonia
Implícita sedução rege o olhar e induz imantados desejos cavalheiros
Sua roupa resguarda conteúdo tal como pétalas de um formoso botão
Sabe que o momento de abrir-se pertence à sabedoria e à dignidade
Fonte de apreciação quase hipnótica e um magnífico deleite visual
Promissora mulher de personalidade e esperançoso futuro à sociedade
De sólido caráter, resplandece virtuosa e exemplar cidadã
Fruto abençoado, opõe-se às decaídas atuais mulheres-frutas
A modernidade não invalida consagrados modos de uma dama
Educada, sabe acrescentar conhecimentos à luz da cultura
Escreve seu cotidiano em múltiplos tons de Lápis Lazúli
Caligrafia e gestos benevolentes advindos do ingênuo coração
Vida como livro de romance amadurecido na ternura juvenil
Decodificada no poema, manifestação por versos de encantamento.

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Garimpo dos Sentimentos

Joias formosas manifestadas na significação de palavras singulares.
Pessoas diferenciadas são capazes de bem utilizar a bateia da percepção.
Distinguir virtuosamente os cascalhos das preciosidades.
Reunir um mosaico frasal, lapidar em si a matéria bruta abstraída.
A expressividade reluzente de um ser manifesto pelo rastro poético
Encantando e causando brilho nos olhos: diamantes, safiras, esmeraldas...
Com uma sedutora participação no processo de lapidação.
Mas por ironia, joias nem sempre são vistas como deveriam...
Ao extrair o limo, o barro, os pedregulhos, chega-se ao âmago.
Melhor saber a respeito do material com o qual se lida!
Ourives incautos, em suas inabilidades eventuais, podem colocar tudo a perder...
Garimpo não! Arte e virtude de sentir, perceber, interagir.
A solidão das joias embaçadas pela névoa dos sentimentos machucados:
perturbadora.
Analogias com relações humanas... desencontros.
Namoros deixam de ocorrer por falta da arte mútua de garimpar amores...
Diamantes fragmentados, partidos como corações desiludidos...
Olhos tristes e lágrimas cristalizando resignação.
E balanças pendendo por falta de compreensão.
Maravilhas amorosas não ocorrem sem dedicação, perícia, esmero...
Principalmente lapidação, criação de preciosidades imateriais.
Emanadas as virtudes, passa-se pela vivência.
Quem já não encontrou pessoas preciosas?
Brilhantes por natureza, douradas na essência.
Que dedos estão à altura de receber tal ornamento metafísico?

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Sempre amanhecer

Amanhecer, o sol adornando
o céu com seus fios de ouro;
contornando nuvens anunciando:
resplandece o tempo vindouro.

Alvorada, na explosão
e poder da luz
pelas cores em união;
força que reluz e conduz.

Essência na presença;
magnífica coroada simplicidade;
inspiração na Renascença.

Desde o princípio luz intensa;
círculo revelando eternidade,
imbuído de força imensa.

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Metalinguagem

Meu escrever é tocar
a amálgama do pensamento
e do sentimento
com as mãos da inspiração
e do coração;
traduzi-la
e conduzi-la
por veredas de papel:
metáfora e arquétipo do anel.

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Dia das Mães

Parabéns às mães, especialmente à minha.
Vocês são pilares familiares/sociais cruciais.
Coração de mãe é vazante de amor desprendido, incondicional,
fiel, generoso, compreensivo, acolhedor, guerreiro, resignado,
fortalecedor, consolador, educador,
E por esses e outros atributos,
tanto se aproxima do amor de Deus.

Após ter filho, toda mulher se transforma,
é investida do dom da maternidade,
da missão que transcende.
Ganha misteriosa intuição, vence tempo e espaço,
tem seu canal comunicativo com a prole, pressente...

Sofre e se regozija aonde quer que estejam os filhos,
derramam lágrimas se por perto, ainda mais se longe,
acabrunham-se repentinamente pela saudade sentida.
Abnegadamente suportam toda sorte de provações,
se isso for em prol dos filhos,
esquecendo-se de si mesmas em favor deles.
Mãe atravessa deserto, toma chuva, passa frio,
é escudo poderoso a despeito da fragilidade feminina,
uma imensidão ultrapassando os limites humanos.
Sua boca pode privar-se, para que a de um filho abunde.
Altiva e orgulhosa pela realização nas conquistas dos filhos.
Não cabe em si, transborda para que o mundo saiba que mãe,
É mãe!

Para a musa de olhos verdes...

Vanessa Jardim


VERDE...
VER-TE...
TER-TE...

Para a musa Luiza

L indamente meus dias são preenchidos quando penso em você
U nindo a beleza do meu sentimento e entrelaçando emoções
I mpar sensação interior que me causa tanto contentamento
Z ênite entre meus sonhos e a tua face mais encantadora
A mando, eu, sutilmente e pacientemente, aguardo os acasos...

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Poema acróstico - Camila Ramos

Como é bom recordar aqueles nossos momentos!
Amada minha desde os olhares ante a fogueira
Magia e encantamentos, brilhos nos olhares...
Iluminados sob a luz da lua e defronte à chama
Luar, brando cintilando teu rosto junto ao meu
Aquela festa junina jamais ficará para trás!

Realização mútua a partir dali, paramos o tempo
Ambos os sentimentos no íntimo abrasados, fumegantes
Mãos, braços e abraços, fusão originada no coração
Olhos nos olhos, corpos palpitantes, extasiados
Sublimação à distância, diferentes localidades...

Vencemos a concepção tempo-espaço, serenamente
Intuitivamente nos comunicamos, mesmo com hiatos
Enternecidos, abrandamos os ímpetos de fugacidade
Irmanados pela amizade construtora do nosso elo
Raro, marcante, que está predestinado a ser longevo
Anjo teu sou, e como me revelaste: teu eternamente!

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Poema acróstico - Andreia Caroline Galeano

Alfa como símbolo de uma mulher que lidera pelo gentil coração
Namorada que um bom homem sonha para terem mútua realização
Deus te faz imensamente abençoada, seja como mãe, filha, amiga...
Rainha em beleza coroada de simplicidade, ternura, educação...
Elegante no vestir-se e no portar-se, um referencial de ação
Inspiradora musa, que se destaca em uma feminina multidão
Afável, receptiva e atenciosa dama, tu procedes com retidão.

Cada verso é ode, uma busca poética pela sublime descrição
Acima da literatura, estão anseios dos recônditos do homem
Resplandecente rosto é o teu, dotado de uma beleza grega
Onde estiveres encantarás a todos, como a mim me encantou
Luminoso sorriso, feições delicadas, olhar esplendoroso
Inerente carisma propagado como sol em radiante dourado
Nuvem branda, brisa leve; um céu pelas mãos e voz suaves
Elevam-se meus pensamentos em ti, transponho o tempo.

Gostos refinados e afinidades observáveis me causam fascinação
Alma pura, assim te conservas com virtudes acima do transitório
Leveza e paz são atributos do teu ser e reverberam tanta doçura
Eternamente estarás em mim e na poesia, tem-se o elo perene
Acalento a gratificante arte de dar vida a palavras oníricas
Nenhuma barreira contém a glória de uma poesia extasiada
Omega no desfecho da escrita como chave de material nobre.

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Alessandra

O que vejo
Em teu olhar...
Uma serenidade juvenil
Sentimentos experimentais
Anseios por profundidade
Alicerce como amizade
Pilares como admiração
Teto como elevação mútua
Apontando para o Céu
A morada do meu sentimento
Observo-te! Novamente
Tua exuberância, tua graciosidade
Causas em mim:
Fascínio, intensidade da pulsação
Coração descrevendo quem te descreve...
Esmeraldas refletidas em teus olhos,
Mar esverdeado, florestas, campos
Vislumbro ímpar paisagem pela janela
Do teu olhar.
Eis que a cor da Esperança
Também mora em ti!
Tornas apenas comuns
Aquelas que ousam ostentar
O que tens como diferencial:
Singularidade...
Brilho, carisma, sensualidade.
Lábios perfeitamente delineados
Curvas insinuantes, beleza esculpida!
Me entrego à contemplação, à paixão...
São carícias, em teu corpo sonhado
Inspiras mistérios velados
Que chegam a causar-me espanto...
Sugerem sempre o desconhecido
Incitas-me toda a sensibilidade
Pelas mãos da tua curiosidade...
Causas-me inquietação
Quase um medo de te conhecer
Respeito tua força, tua solidão,
A lacuna que busco preencher...
Meus olhos brilham ao observar-te
Meu coração deseja revelar-te
O quanto na verdade, me fazes feliz...

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FERNANDA

Durante séculos tantas mulheres suspiraram com o anseio de serem tema de enaltecedora obra poética
Mas o que leva um poeta a dedicar parte de seus mais inspirados versos a uma mulher?
Que sem mover sua intenção desperta-se-lhe tal propósito de desprendida concessão?
O que tocou Dante, Petrarca, Camões ao enamorarem-se por suas musas?
O canal da sensibilidade tem ares de instigantes mistérios, sem respostas imediatas...

Poemas que surgem assim inspirados são eternos, revestidos de transcendência
São felicidades perenes, acima de arrependimentos ou desventuras

Mais vale um digno minuto de versos
Um dia de iluminada inspiração
Um mês de extasiada contemplação
Entre um poeta e sua musa inspiradora

Do que dez volúveis declarações de amor
Dez dias e dez noites de efêmero prazer
Dez anos de fracassado e sofrido convívio
Entre casais que se formam e se deformam.

Mas se um dia o Amor Poético se concretizar além da letra
Ganhando, bem mais que a corporal, a dimensão atemporal
Se parceiros estiverem à altura de dignamente o vivenciar
Então uma esplendorosa porção de paraíso é desfrutada
E somente assim os sentimentos farão jus a tal nome.

Poesia enseja uma vivência de plenitudes em um universo próprio
Que revela subjetivamente aspirações nobres e profundas
É um símbolo de redenção a quem tem a alma no corpo da escrita
Com refinado bom gosto, fruto de uma apreciação pura, cristalina
Uma bênção no exercício de uma peculiar e genuína contemplação
Realística mesclando romantismo, artística imbuída do sentimental

Em cada verso um ponto luminoso, que em conjunto espelham uma constelação
Pois tens brilho próprio, projetas uma aurora poderosa no teu feminino céu
Vejo magníficos cenários na tua face tão natural, serena, linda, meiga
O mais resplandecente rosto que vislumbrei e hoje então interiorizei
Uma pintura que nem necessita de retoques por pinceladas ou adornos
És a espontaneidade da Beleza, sem artifícios vãos ou frivolidades
Representas uma individual conciliação, uma agregação e uma satisfação
Pela união promissora do que é bom e belo, com a justa medida

Inspiras-me também porque és simples, mesmo tão grandiosamente bela nas formas
Enalteço cada contorno teu, dom concedido pela natureza mas dignificado pela alma
Amplias o meu olhar, guias involuntariamente minha melhor percepção masculina
Capto uma mulher morena, discreta e elegante, alta e arrebatadoramente formosa
Mas instintos baixos do homem não tornam-no frágil refém, se diante de uma distinta dama
Moderam-se os desejos, adequam-se os procedimentos, virtudes emanam
Sinto-me poeta isento de distorções da visão e de friezas da razão
Fico curado das náuseas sentidas pela mágoa de uma dúbia companhia feminina
Afasto-me de equívocos e desilusões amorosas de um solitário coração
Supero a lamentação por ocasiões de tê-lo aberto, quando o deveria fechá-lo

É possível nascerem no poeta versos sobre tantos temas, a escrita desdobra vastidão
Mas sobre um tipo de mulher com nuances de personificação pela sublime linguagem
Nesse caso, a elevada arte expressa um imensurável carisma, aquilo que nos distingue.

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Contemplação e Consumação

PUREZA maior não há
Que a do azul de teus olhos.
Neste céu de verão não há...
E nem no mar de Abrolhos.

LEVEZA maior não há
Que a de meu voo no céu do teu olhar.
Momento que a vida há
De eternizar: um sublimar.

ALEGRIA redentora é receber
O Amor pelos raios de sol ao amanhecer
Do teu sorriso, e perceber
Meu ânimo alvorecer.

MAGIA é a tua silhueta de violão:
Inevitável sedução.
Estar em teu coração:
Minha elevação!

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A magia de meus sonhos

A magia de meus sonhos
reflete tua Beleza: mulher
plena de encantos,
aroma do Vetiver.

Despertas meu sentimento na luz
resplandecendo o conhecer
que por esse caminho conduz
meu ser ao teu ser.

Barco flutuando no mar
buscando o porto seguro
na aventura de remar e amar.

Arte e natureza a me encantar;
és tu mais nobre tesouro,
razão do meu aportar.

Rua sem fios


Profusão de equipamentos fotovoltaicos
Aurora de um novo tempo a cada dia
Transmissão de pensamentos e energia
Condução simbiótica, veículos elétricos

Um transitar de ideais fecundos
Postes escassos, fios ausentes
Visões científicas presentes
Seccionando diferentes mundos

Diálogos abrandados, cantos de aves
Espantoso cenário urbano futurista
Ouve-se dos pneus os atritos suaves

Reservas especiais de pensadores e naves
Vanguardas para astronauta e motorista
Passado é presente aperfeiçoado em caves.

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Magnífico parque


"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá..."
Gonçalves Dias eternizou tais versos
Simples... e gigantescos!
Analogamente, vejo concretude por tais versos
No parque amado da CATI Campinas
Na Cidade das Andorinhas
Parafraseio o nobre mestre da Poesia:
"Nosso parque tem palmeiras
Onde canta e se reproduz o sabiá..."
Há de se ter brando coração para emocionar-se
Diante da visão de um filhote de sabiá no ninho
Insetos e até jabuticaba: uma fartura ao diminuto ser!
Lar na árvore, dia após dia, até alçar imperativos voos
É a ordenança pela inadiável voz da Natureza...
Reverberada na verde mancha arbórea do setor da cidade.

No parque da CATI aglomeram-se árvores em diversidade
As tais metaforizam pinceladas em tons de verde
Assim são compostos esplendorosos quadros
E livres das telas estáticas das tradicionais pinturas
Estabelecem expressões tão características em movimentos
Vão interseccionando cenas mui exuberantes, de dia ou de noite
Certamente figurariam nos quadros de algum pintor inspirado!
Os que se enveredam pelas entranhas do parque: privilegiados.
Com olhos atentos, sobretudo com sensibilidade
Agraciados serão pela contemplação digna
De tudo aquilo que à retina se descortina
Sob o espectro ótico, é concedida uma oportunidade
Ensejadas manifestações metafísicas
Visto que a vida vibra em cada sussurrar do vento
Nas asas dos pássaros ou nas copas das árvores.

Se faz generosa na seiva mantenedora que se eleva pelos troncos
Vai pelos galhos alçando a metamorfose bioquímica
Manifesta-se a fotossíntese em suas fases clara e escura
Metaforiza-se o ritmo do alvorecer ao anoitecer no plano botânico
Revelada uma evidente expressão do Criador,
Imbuída de poder, mistério, simplicidade e arte.

É possível que a cada olhar com agudeza
Com certeza teremos uma nítida percepção
Sensação de se encontrar em meio a uma dádiva
Uma dinâmica galeria de arte botânica a céu aberto
Sem pagamento de ingresso...

As obras-primas mantidas com dedicação continuada
Fruto da contribuição de servidores, com ou sem camisas suadas
Ao longo dessa história do parque, os tais impregnaram-se nela
Artistas servidores em prol da continuidade da vida vegetal
Cada exemplar arbóreo é um símbolo de luta pela sobrevivência
É o que dá a riqueza de tonalidades em pinceladas
Representam frações da Arte Superior
Dela fazemos parte e com ela buscamos nos harmonizar.

Há árvores que até sobrevivem às descargas elétricas da natureza
Mas que sucumbem aos poderosos raios destrutivos humanos
É uma premissa para alertar sobre gestos cotidianos
Diminutas ações, objetivando gerar sinergia com nossos semelhantes
Os desdobramentos naturalmente nos tornarão mais conscientes
Nos anos vindouros haverá a perspectiva de uma maior conformidade
Ideal e concepção original do mentor e arquiteto botânico Dr. Hermes
Legado desde a implantação deste singular patrimônio botânico.

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Secretos Desejos


Desce o Sol ao horizonte, suavemente;
Renasce do outro lado do mundo.
Interiorizas um sonho fecundo
Na noite, mais acolhedor ambiente.

Surgimento de repentinas manias.
Toques sutis, sussurros adocicados;
Lado de dentro, movimentos delicados.
Mulher, revela-se em fantasias.

Mistérios desfeitos na superfície,
Pele como folha de papel;
Dedo, insinuante pincel.
Arte dissimulada por artífice.

Momentos de indescritível sensação
Flor umedecida pelo orvalho,
Êxtase no diverso atalho.
Entregas o que negas pela razão.

Amada impiedosa, contraditória candeia.
Apelos por direta solicitude,
Sinais à merecida atitude.
Descortinas o que te incendeia.

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Refeição


Sacra hora, azeite e reminiscências cristãs à Última Ceia
Celebração reflexiva com elevada alimentação na interioridade
Plenitude por nutrir sabiamente corpo e alma a qualquer idade
Reunião familiar, simbolismo em cada um que a mesa rodeia.

Há o clássico romantismo da celebração amorosa à luz de velas
Casais na paz do amor ensaiando o vínculo nesse encantamento
Nunca se deve perder a substancial chama durante o casamento
Ainda que venham jejuns, tristes indisposições, vazias panelas.

Simplicidade e requinte, tornam-se ao alimento um plano de fundo
Comida industrializada desumana é oponente do organismo humano
Esportistas-referenciais propagando hábitos saudáveis pelo mundo.

Escritor ou leitor, atleta ou sedentário, chef gourmet ou moribundo
Simbólico Mundo de fome e desregramento gera desvalidos todo ano
Palavra-alimento corrige o pensamento como ideal suprimento fecundo.

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Personalidades estilhaçadas


Não caminhamos sobre um mesmo chão.
Não observamos as mesmas coisas,
Ainda que fitemos um mesmo objeto.

Não pertencemos a lugar nenhum.
Não usamos as mesmas palavras,
Ainda que tenham as mesmas letras.

Não sonhamos os mesmos sonhos.
Não pensamos igualmente o Pensar,
Ainda que tenhamos mesma opinião.

Não compartilhamos os mesmos anseios.
Não viveremos uma mesma vida,
Ainda que nasçamos com corpos unidos.

Não respiramos da mesma forma.
Não sentimos os mesmos sabores,
Ainda que saboreando as mesmas frutas.

Não percebemos a variação essencial.
Não enxergamos a nós mesmos no espelho,
Ainda que a imagem permaneça conosco.

Não nos tornamos infalíveis.
Não somos um mesmo personagem,
Ainda que atuemos num mesmo papel.

Não há diferença entre Eu e Nós.
Não existiu somente um em mim,
Ainda que atendam pelo mesmo nome.

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Cem reais

Há quem não vê, cegueiras...
Há quem vê indiretamente
Há quem vê uma simbologia
Há quem vê um signo linguístico
Há quem vê o ovo de Clarice Lispector
Há quem vê a nota rasgada
Há quem vê cigarrinho monetário
Há quem vê um papel estilizado
Há quem vê a maior nota
Há quem vê um maço dela

Há quem vê o preço de um produto
Há quem vê lá e eventualmente
Há quem vê ali e sempre
Há quem vê o fim da sequência de cédulas
Há quem vê 10 notas de 10
Há quem vê a tarja, a marca d'água...
Há quem vê o que não é, a falsificação
Há quem vê a estética
Há quem vê uma garoupa que assistiu pela TV
Há quem vê e lembra dos tempos do "O Dólar Furado"
Há quem vê e quer na coleção

Há quem vê a inflação
Há quem vê um aumento salarial
Há quem vê o investimento multiplicado
Há quem vê um componente da matemática financeira
Há quem vê reserva de divisas
Há quem vê libra, euro, dólar
Há quem vê a bolsa de valores
Há quem vê um tributo
Há quem vê política nisso
Há quem vê uma propina
Há quem vê instrumento para Deus ou Diabo
Há quem vê oferta ou oferenda

Há quem vê filantropia
Há quem vê o sorriso estupefato do mendigo
Há quem vê uma filosofia de vida
Há quem vê a sorte de quem achou na rua
Há quem vê o programa de uma garota
Há quem vê seu valor diminuir
Há quem vê tal valor invertendo valores
Há quem vê o mal do mundo

Há quem vê e sonha
Há quem vê um centenário
Há quem vê aula sobre Saussure
Há quem vê um abstrato número
Há quem vê um retângulo alongado
Há quem vê uma dobradura lúdica
Há quem vê uma aposta
Há quem vê indo pelo ralo
Há quem vê e sente a mão coçar
Há quem vê e imagina cheiro de dinheiro novo

Há quem vê saindo do caixa eletrônico
Há quem vê sendo depositado no caixa
Há quem vê "sem" hoje e cem amanhã
Há quem vê cem hoje e "sem" amanhã...
Há quem vê o pagamento de uma dívida

Há quem vê uma ou mais coisas
O que é tua nota de cem?
E o que você vê?

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Sementes



Sementes singelas semeadas;
Sutileza e continuidade;
Germinada nova verdade;
Brotos vitimados por geadas.

Sobrevivência vil ameaçada;
Galhos teimosos podados;
Seiva e tronco judiados;
Sentenciada atrofia forçada.

Milagres: pródiga natureza!
Cuidados à persistente planta;
Reduzidas aridez e aspereza.

Folhas e flores admiráveis:
Pólen, frutos, sementes.
Solo e raízes formidáveis.

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Dia dos namorados


12 de junho, 22h10, César Magno se prepara para dormir, já na cama, envolve-se nas cobertas e em pensamentos sobre o dia, significativo dia...
O que povoa parte do rio de pensamentos desse homem no período antecedente ao sono em um dia como esse? Justamente em tal data, para tantos impregnada de legítima carga emotiva, embora não se possa desconsiderar o lado mercantil, quando tantos comercializam relacionamentos a dois.
Não se trata de nenhuma festa junina, mas sim do dia dos namorados, para César Magno é um dia augusto, revestido de anseios, sonhos, objetivos e necessidade de uma completude específica, que como algumas outras, não depende somente de si para alcançar.
Ele autoindaga:
- "Onde estará minha criatura feminina, companheira constituída de uma constelação de virtudes? Encantadora e recatada; elegantemente simples; com irrisória malícia de coração; sentimentalmente séria mas doce e meiga ao externar-se; dedicada e sem friezas; educada nas atitudes." (certos anseios)
- "Que seja bela, graciosa, distinta e polida nos modos, nas vestimentas, nos encantos, nas feições." (um arquétipo)
- "Que saiba se colocar em qualquer ambiente, e tenha sabiamente o que dizer de instrutivo, irradiando essencial cultura." (imaginado conteúdo)
- "Certamente terá um jeito reservado de ser com os homens e de se revelar na intimidade somente ao escolhido; incondicionalmente se envolver e tratar com respeito o amado." (subjetiva dedução)
- "Havendo o alicerce fundamental, o Amor, que isso desencadeie a coragem decisiva para entregar-se inteiramente, abrindo mão de algumas coisas em prol de outras; que esse sentimento não seja apenas uma bela palavra, e que não se parta o coração nem seja corrompido o amor pela deliberada infidelidade, que fatalmente o compromete irreversivelmente, ainda que se tente rejuntá-lo..." (solidez do vínculo)
- "Aquela que contribua com sua parcela para um resgate, nessa sociedade decaída, dentro do possível, mas acima de tudo, do perfil de mulher virtuosa de Provérbios 31." (uma crença)
- "Já encontrei algumas assim... e quão maravilhosas são... cada uma delas é capaz de tornar verdadeiramente feliz, completo e realizado o seu preferido." (alguns suspiros)
- "Mas não basta encontrá-la, é preciso algo de misterioso, um toque superior em um contexto favorável, sem certas barreiras... Nada é impossível na vida, e que ocorra benevolamente, como uma chuva após o plantio, ou mesmo uma rebrota após a geada." (elevada reflexão)
- "Que seu papel feminino de ajudadora seja retribuído em mão dupla, visto que elo amoroso implica crescimento pessoal, estímulo das virtudes e elevação mútua. Ao menos a tentativa e o esforço já serão válidos!" (missão de vida)
- "Que ela não tenha ares de perfeição, pois ao cotidiano do amor não cabem utopias, e as rosas naturalmente são dotadas de espinhos, e que exista um contraponto por meio de imperfeições, mas que a árvore seja sobretudo boa, seus frutos doces e alimentem amavelmente a quem a ela se achegar: quer seja o marido, filhos etc." (esteio familiar)
- "Mas a minha, aquela tão sonhada... ainda não a tenho hoje, deixo para o futuro, no devido tempo. Quem saberá dizer que experiências a antecederão, ensaios, até mesmo novas desilusões... dolorosas aprendizagens." (apelo à resignação)
- "Já tive namoradas que muito me amaram, mais e melhor do que fui amado nos últimos tempos... vi o outro lado da moeda, as quais extraíram de mim maravilhas superiores, o meu melhor, meu próprio Eu; por tal razão, por contexto, coisas da vida, agora que vou dormir recuperando um saudosismo, os desagravos e desapontamentos amorosos ainda me entristecem, maltratam o coração, insistem em querer afugentar o sono... mas amanhã é outro dia, outro dia... mais um dia..." (triste ansiedade)
Assim ele adormece. Mas não se distingue quando está sonhando, quer de olhos abertos, ou fechados.

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Distâncias



O que quantifica e qual a natureza da distância? Do ponto de vista da Física, aplicada tanto no campo astronômico como no geográfico, a distância se configura mediante tempo e espaço; se a teoria da relatividade for aplicada, temos então um contexto mais complexo. Nada tão complexo (e por vezes tão simples) quanto a distância percebida sobre o prisma transcendental concernente à espiritualidade e aos sentimentos... Toda essa elucubração, para sondar parte dos mistérios que envolvem um coração enamorado... É fascinante como um sentimento amoroso é capaz de aproximar as pessoas, ainda que elas estejam "separadas" (é conveniente restringir o sentido da palavra) por quilômetros, oceanos, continentes... bem como barreiras sociais, econômicas, religiosas, culturais etc. Penso que está por ser descoberto um outro tipo de "Teoria da Relatividade" para determinar esse espectro proveniente do conceito bruto de distância... Me proponho a desvendá-lo um dia.

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Entorpecentes bombas atômicas

Quem não se recorda, pasmo pelo terror, dos devastadores efeitos das bombas atômicas do século passado nas cidades de Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial? Pois digo que aquele horror tão evidente não tem o impacto dos horrores causados por outro tipo de "Bomba Atômica": o advento das drogas. A partir da década de 1960, com a liberalidade exacerbada apregoada pelos quatro cantos do mundo como modelo de virtude, presenciamos o surgimento e a detonação da mais devastadora "arma letal" dos últimos tempos, a bomba das drogas, a qual repercute tão ferozmente e destrutivamente, sendo um tanto difícil mensurar em poucas palavras os estragos por ela causados... Inicialmente, dois tecidos são dilacerados, o epitelial, ou seja, a pele, o corpo, a saúde dos consumidores de drogas. Depois o tecido social, ou seja, a sociedade estabelecida e principalmente sua célula preciosa: a família. Em efeito dominó, bairros vão sendo corrompidos, cidades, estados, países, continentes... O poder público, notoriamente e historicamente corruptível, é mais suscetível aos desdobramentos e efeitos colaterais das drogas, pois alastrou-se pelo mundo todo um tipo de câncer causado pelas drogas que se configura pelo poder paralelo, uma criminalidade que produz drogas, forma marginais, gera enfim... morte! A bomba das drogas, ora silenciosa e sorrateira, ora escancarada e noticiada, é algo sem precedentes na história humana, pois repercute no âmago do indivíduo e da sociedade de forma incomparavelmente nociva, um cogumelo de irradiação dilacerante, ceifando vidas, estruturas familiares; corrompendo valores, princípios, democracias, leis... Os jovens constituem a faixa etária mais visada e mais vulnerável, um público cativo muitas vezes, tanto em bailes Funk como em campanhas de apologia às drogas e sua liberação... não têm consciência de que são contribuintes na lógica da arregimentação de partidários e na arrecadação de fundos da indústria armamentista da metafórica bomba atômica, entranhada nas hierarquias da governança que move o ser humano, criatura tão apegada ao poder e ao que ele simboliza. Com isso, governos mesclam o Estado de Direito com o Estado Paralelo, num enlace nefasto, por si só, outra "bomba atômica"... Reflito novamente sobre o poder de destruição das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, agora convido o leitor deste texto a fazer o mesmo, comparando-as com os rastros de destruições que presenciamos tão cotidianamente ocasionados pelas drogas... Portanto, proponho uma questão: o que fazemos para que não seja apertado o botão detonador da "bomba atômica" das drogas?

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Linguagens


A natureza tem um alfabeto e um idioma peculiares para nos expressar sua sabedoria, cuja procedência é celestial na origem, além disso, as linguagens possíveis de serem extraídas na interação com ela são vastas. Mas existem outras linguagens e formas de expressão, por exemplo, os inúmeros idiomas pátrios e seus diversos alfabetos, numerais, codificações... há as linguagens de programação na informática, linguagens pictóricas, linguagens icônicas, linguagens corporais e dos sinais, as preces religiosas e orações, os mantras, as partituras musicais etc. Há o idioma dos sentidos e há o idioma transcendental. É bem comum e sensato chegarmos à conclusão de que somos sempre analfabetos em alguma coisa, portanto, prudente é não se contentar somente com a alfabetização secular, acadêmica, mas acrescentar novas formas de interagir com tudo aquilo que nossa percepção consegue captar, assim como agregar novas ferramentas de captação do que está em nós, um microcosmo, bem como do que perpetuamente estará ao nosso redor, o macrocosmo. Entretanto, resumo tudo no mais importante, o idioma universal, a linguagem sublime e eterna, simples e suprema, capaz de abarcar todos os demais idiomas e formas de expressão supracitadas, e o tal... é o Amor!

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