Anum Preto

⁠Já acorda todo dia de manhã
Subordinando sua vida ao seu afã
Sua vontade própria se ruiu
Tudo o que consome lhe consumiu
Não vive mais pra se sustentar
Tem vivido só pra trabalhar
Mas deixando a vida pra depois
Sua mente e seu ego
Se partiram em dois

⁠Só precisa de um momento
Pra sair de dentro do apartamento
Ganhar uma cicatriz no rosto
Conhecer alguém que lhe dê gosto
Podia ser como as pedras
E assim como as pedras
Saber esperar
Ou podia ser como os rios
Que por sua vez sabem
A hora de passar

⁠Você e eu passamos
Por cruéis provações
Cheias de consequências
Cheias de ilusões

E emprega-se o enunciado
Da relatividade entre nós
Cada um com a cara fria do silêncio
Em notáveis atuações

⁠E na verdade eu nem sei o que eu estou fazendo
Eu sou apenas um cidadão no meu próprio tempo

⁠Demos um passo que só estava escrito nas lendas
Desafiamos um mundo enraizado em crenças
Estamos vivendo a transvaloração de valores
Estamos ligados a todos os computadores