Andre Rodrigues Costa Oliveira

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⁠Se você viver em média 75 anos, muito dificilmente terá um casamento de 50 anos, daqueles que são baseados no “até que a morte os separe”. Com as mais recentes definições do conceito de “família”, com o mercado de trabalho disputado e a crescente emancipação sexual, uniões serão mais curtas e mais alternadas. Não se trata de nenhuma banalização do amor, muito menos de promiscuidade; trata-se do nosso direito consagrado de buscar a genuína felicidade.

Uma vida amorosa fracassada decorre diretamente do desatendimento às suas expectativas - que são fomentadas por suas próprias escolhas em descompasso com os auspícios de seu(sua) companheiro(a).

⁠Apenas perceba a timidez ousada de Clarice; a feitiçaria no olhar de Bette Davis; a malícia provocadora de Brigitte; a melancolia nos acordes de Billie Holiday.
Feito isso tudo, tenha toda a natureza como contemplada.

Eu juro que gostaria de ser menos educado e dizer o que eu realmente penso das pessoas que, do nada, ficam indignadas, com “raivinha”, e ainda se fazem de vítimas quando não são respondidas por mensagem no exato instante em que elas próprias desejam ser respondidas (!). Como se a minha vida fosse estar de smartphone a postos, “ansioso”, disponível e na obrigação absoluta e inarredável de prestar retorno a tempo e modo - na visão estreita de meu(minha) interlocutor(a). Mesmo quando estou, por qualquer razão que seja, impossibilitado, ou doente, ou em trânsito, ou repousando, ou escrevendo, ou lecionando, ou ocupado com outras pessoas ou, simplesmente, sem vontade de falar naquele ínfimo instante - um direito, aliás, que assiste a nós todos, enquanto supostamente civilizados. Isso diz bastante sobre a forma com a qual essas pessoas regem os seus dias. E, ainda mais que tudo, sobre as suas personalidades perturbadas e até sobre as suas peculiares (in)sanidades.
Eu afirmo que o mundo seria melhor se as pessoas que agem de tal maneira fossem, para sempre, banidas de aplicativos e de redes sociais. Porque ainda não saíram da infância. Devem limitar-se aos cadernos de colorir, com canetas variadas e bastante giz-de-cera.

Cantiga das Duas Meninas

Fragmento 1:

Fernandinha dos olhos atentos, com a sede incansável do conhecimento, com a sutileza elegante, a delicadeza em cada gesto.

Minha linda filha da qual eu me orgulho mais a cada momento, namorada dos dias de sol, das aventuras e das descobertas, fomentando a invenção dos mares pelos quais navega.

Minha filha linda que hipnotiza a todos com a sua altivez e o seu comedimento; que se faz amiga e companheira de todas as horas; e que tem um mundo inteiro a ser ainda desbravado, filha aventureira, plena de audácia, de sagacidade extrema.

Menininha que, apenas com o seu sorriso, derrotava, desde bebezinha, os exércitos mais poderosos, cujos generais lhes entregavam as adagas, humilhados ante o seu brilho que alegra, ilumina e que perfuma cada passo dado ao longo de seus treze anos.

Dezesseis curtos - ou seriam longos? - anos nos quais você me deu a paz maior que já foi construída, a paz da paternidade, de quando você está no quarto ao meu lado, cuja porta eu discretamente abro durante as madrugadas para lhe observar dormindo, agasalhada, protegida...

...só que eu lhe contarei agora o meu maior segredo: é você, filhinha, quem me protege, quem me agasalha, quem me faz dormir com a serenidade máxima; você é a minha amiga, a minha companheira incansável.

Você dá sentido à minha vida. Você é a prova de que somos “para sempre”, e de que nosso legado de ensinamento, de aprendizado (em pura reciprocidade) não se perderá no tempo.

Eu te amo minha filha.
Minha Fernandinha.
Minha bonequinha, que já desabrocha em uma mulher cosmopolita, que fará do mundo um lugar melhor a cada dia.
Minha filha linda.

Fragmento 2:

(E a menininha conquistou o mundo)

Ana Beatriz danada,
Ana Beatriz esperta,
Ana Beatriz que observa
E que, na espreita,
Fomenta uma percepção de mundo,
Com a crítica de sua inteligência,
Com a sagacidade do palavreado.

Ana Beatriz, você não toma jeito,
Você coleciona a todos
Com o seu carisma pleno,
E nos faz de servos, choramingos,
Que dependem de um único sorriso
Ou de seus apontamentos
Para que a vida siga em frente.

Pequenina mas que não é pequenina,
A docilidade que não sente medo,
E que sai atrás dos lobos,
E que sobe nos lugares perigosos,
E que ama o vento sobre a motocicleta...
Pequenina corajosa...

Anda a cavalo sem receio do irracional gigante,
Pega os cachorros grandes,
E aperta forte os gatos das unhas afiadas.
Evidente, minha filha: já sabemos que você é mais afiada
do que esses bichos todos.

Briga com o sono,
“Beatriz, por que não dorme?”
Porque Beatriz não perde tempo
E deseja, nesse desespero,
A vivência da comédia da vida,
Descobrindo, assimilando e decolando como um jato,
Gravidade negativa,
Beatriz enfrenta,
E desfaz da física, da química, da lúcida filosofia,
Com o seu sorriso - lindo e indestrutível.
Sou inteiramente seu, filhota.

(André R. Costa Oliveira)

⁠A Filosofia, na verdade, não serve para absolutamente nada.
A propósito: vamos definir o “nada“?

⁠A destruição da fé e das religiões como um todo é assunto corriqueiro entre pseudointelectuais quando se reúnem. Aliás, tem gente que se autointitula ateu apenas para parecer inteligente. Acontece que você seguir uma religião não é um atestado automático de inteligência, e nem mesmo da ausência da inteligência. Deus é um conceito sutil e elegante. E falar de Deus é a mais pura filosofia.

⁠Federico Fellini, na sublime altivez de sua genialidade, muitas vezes utilizava pessoas comuns em cenas de seus filmes. Acho que foram exatamente essas pessoas comuns que inventaram o Federico Fellini. E a fantasia de seus filmes é mais realista do que a própria realidade. Todo o absurdo de Fellini era fidedigno. E o mar é, sim, feito de papel celofane.

⁠É exatamente na situação de crise que o mais audaz e criativo nos propõe a quebra de um paradigma antigo, mas sem necessariamente invalidá-lo. Pois o sábio verdadeiro, ao propor ideias novas, absorve com respeito e devoção o paradigma antigo, utilizando-o de base ao que deve abalar os velhos alicerces e mudar ainda mais o mundo.

⁠Existe uma maneira de fazer alguém parar no tempo: a miséria faz você parar no tempo; a ignorância faz você parar no tempo. E os séculos não passam para aqueles que amargam privações extremas. Pois as privações extremas nos amputam até mesmo o futuro.

⁠Tem gente que ainda confunde gentileza e elegância com o mais ordinário flerte. E de flerte eu entendo. E jamais seria raso.

⁠O regozijo maior de algumas pessoas consiste na mera aparição eventual em alguma foto de coluna social. A lição que fica disso: essas pessoas todas se resumem somente às suas fotos publicadas, nada mais do que apenas isso; eternizadas nas mesmas folhas de jornal que a gente usa para absorver necessidades fisiológicas dos nossos gatos.

⁠Pizza assada em forno a lenha tende a ficar ruim quando esfria. Não hesite em sair com alguém que você ama a fim de comer pizza a lenha. Não peça em casa. Porque a brasa resfriada de um alimento a gente até tolera. Mas a chama que se apaga não restaura aromas e sabores já perdidos.

⁠Vá em frente, companheiro!!! Torça e se desespere por “seu” time de futebol em campo!!! Saia na porrada, bata e apanhe por sua camisa em total catarse. Afinal de contas, todos os seus jogadores lhe conhecem, e estão em campo só por sua causa. Ansiosos pela sua alegria, e leais aos brasões que carregam em seus peitos... panis et circenses.

⁠Você confia no barbeiro que você sequer conhece, e que lhe faz a barba com navalha extremamente afiada. Mas você também confia no político que, da mesma forma, lhe é desconhecido, mas que, além de receber seu voto em uma urna eletrônica, se torna o gestor supremo de seus impostos - da educação, da segurança e da saúde de sua família. A outorga da confiança deve ser minuciosa. Porque a navalha é afiada.

⁠Por qual motivo tem gente que sente prazer em compartilhar nas redes sociais cenas horrorosas de pessoas assassinadas, torturadas ou sexualmente violentadas? Qual é o tesão nisso tudo? Eis o meu conselho mais sincero: reavalie com cuidado a conveniência e a viabilidade de manutenção de certas amizades e de seus valores. Sobretudo porque tais divulgações configuram crime. Você quer ser cúmplice de crime?

⁠Algumas pessoas possuem um amor irresistível ao bizarro, ao grotesco e ao escatológico. Quanto mais sangue derramado às portas do passeio público, maior é o “sucesso” da tragédia. Hoje haverá assunto no jantar, enquanto o jornal começa, temperado com mediocridade em estado bruto.

⁠Eu reduzo a velocidade na estrada bruscamente; eu me deparo com um violentíssimo capotamento, e com uma família inteira dilacerada, presa às ferragens do veículo; eu saio do meu carro e tento ajudá-los; outros automóveis também param diante da cena dantesca; eu percebo que, enquanto alguns de nós prestamos socorro às vítimas, diversos outros cidadãos se ocupam em saquear carteiras, bolsas, relógios, bagagens e ainda celulares dos feridos. Pergunto: há alguma esperança para o nosso povo depois disso tudo?

⁠Adrilles e Monark Fazendo Apologia ao Nazismo
(por Andre R. Costa Oliveira)



Tem uns caras meio retardados nos últimos dias fazendo apologia ao Nazismo. Houve um comentarista de jornal chamado Adrilles Jorge demitido pela saudação nazista ao vivo. Teve ainda um “youtubber/blogueiro/influencer/podcaster” (porque agora no Brasil são profissões) de nome Bruno Aiub (Monark) defendendo a legalização de um “partido nazista brasileiro”. Dois idiotas burrinhos. E por que são tão idiotas burrinhos? Vamos aos fatos:

Em primeiro lugar, eu nem acho que ambos se identificam, na prática, como “partidários” ou “simpatizantes” de nazismo algum porque, muito provavelmente, desconhecem (por completo) o que foi o nacional-socialismo alemão e sua história mais do que abominável, desde sempre escrita e narrada com o mais sagrado sangue humano, derramado em meio a covardia e brutalidade.

Penso, em verdade, que os dois apedeutas tentaram defender o que seria “liberdade de expressão” em contraponto à proibição e à vedação do nazismo como ideologia, partido político ou seja lá o que pensaram.
Entretanto, esqueceram-se de pontos importantes:

Todo o embasamento ideológico do nacional-socialismo alemão cinge-se na superioridade de uma determinada “raça” sobre outras “raças”; prega abertamente a eugenia (melhoramento de pessoas pela eliminação sistemática e controlada de espécimes tidas como “inferiores”); advoga a eliminação sumária de várias etnias, a extinção total dos judeus, dos homossexuais, dos opositores políticos, dos negros ou, na “melhor das hipóteses” (se é que é possível uma “melhor hipótese” no caso em comento), a eterna submissão servil de todos eles.

O nazismo implementou algo que jamais havia sido implementado em nossa História: o nazismo implementou a industrialização do assassinato e a banalização do mal (sugiro leitura da obra de Hannah Harendt). “Simples assim”.

Nenhuma das grandes bizarrices assassinas da humanidade - ainda que tenham eliminado mais vidas humanas do que o nazismo, tais como o comunismo na União Soviética de Stálin, o Rei Leopoldo da Bélgica “colonizando” o Congo, os muçulmanos que escravizaram a África, Mao-Tse-Tung e sua “Revolução Culrural”, Gengis Khan na conquista da Ásia entre outros) - planejou, organizou, implementou, cronometrou, catalogou, organizou e aprimorou - a morte tal qual os nazistas fizeram. Nisso eles foram imbatíveis e, por isso mesmo, jamais deverão ser esquecidos, até mesmo para que tamanha infâmia não se repita nunca (sim, leitores, claro que é possível que se repita, ainda que dotada de adornos e contornos diferentes; só que falaremos sobre isso em outra oportunidade).

A mesmíssima Constituição Federal de 1988 que defende, como cláusula pétrea, a liberdade de expressão e pensamento (que, a priori, foi a “razão maior” dos argumentos expendidos pelo Adrilles e pelo Monark) veda enfaticamente a discriminação de qualquer espécie.

Inobstante, a Lei 7.716/89 (que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) prevê no seu artigo 20, in verbis: "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena - Reclusão de um a três anos e multa.”

Já no parágrafo 1º do artigo 20 do supracitado Diploma Legal há o chamado "Crime de Divulgação do Nazismo", assim tipificado: “Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena - reclusão de dois a cinco anos e multa".

Portanto, a apologia ao nacional-socialismo alemão - por ser, em sua essência, racista, genocida, etnicida e discriminatório - constitui crime sem direito a fiança, enquadramento dado pelo artigo n. 20, parágrafos 1 e 2 da Lei n. 7716/89 (com redação atualizada pela lei n. 9459, de 15 de maio de 1997). Adrilles e Monark se ferraram. Merecidamente.

Todavia, cabe uma observação importante: o acesso a informações sobre o nazismo não é proibido. Estudar sobre nazismo pode. Palestrar sobre o nazismo pode. Debater sobre o nazismo pode. Só que defendê-lo é, na prática, defender a monstruosidade e o mal absolutos, o assassinato de milhões de pessoas, a perseguição infame a seres humanos, a expropriação do patrimônio, a violência contra os mais fracos, a arrogância suprema, a vileza, a tirania e o totalitarismo (embora, quanto a esse último tópico, a doutrina de esquerda marxista também o faça).

E é isso.”


(Em 02/2022)

⁠Ao Supremo Tribunal Federal cabe o julgamento de questões de Estado, bem como de violações à ordem constitucional e de matérias que lhe são de competência originária. Quando o STF entra em assunto interno do Legislativo e resolve interferir na autonomia das Unidades da Federação Brasileira, duas hipóteses ficam perceptíveis: ou o Poder Público está de pernas para o ar ou é o próprio Supremo que está virando o Poder Público de pernas para o ar, e fomentando intolerável insegurança jurídica.

⁠Não Visitem o Museu da Língua Portuguesa!!! Perigo Iminente de que Saiam de Lá Mais Burros
(por Andre R. Costa Oliveira)



O Museu da Língua Portuguesa era um dos lugares mais legais para se visitar na cidade de São Paulo/SP. Eu pessoalmente o visitei em reiteras oportunidades quando em viagem à Capital Paulista.

Ocorre que, aos 21 dias do mês de dezembro de 2015, o museu foi tomado pelas chamas em decorrência de um incêndio de grandes proporções.
Brasileiros ficaram indignados, assim como também o fizeram em 2 de setembro de 2018 quando o Museu Nacional no Rio de Janeiro/RJ perdeu 95% de seu acervo (embora quase ninguém soubesse de sua existência) em um outro incêndio ainda mais devastador e, em 29 de julho de 2021, na Cinemateca Brasileira, quando o fogo consumiu parte importante da história do cinema brasileiro.

As causas das tragédias históricas/artísticas/estéticas/culturais nas três instituições foram basicamente as mesmas: manutenção precária das edificações e dos sistemas elétricos, descuido, orçamentos pífios, negligência das autoridades públicas (ir)responsáveis e por aí vai.
O Museu da Língua Portuguesa foi reaberto ao público recentemente, em agosto do ano passado.

No Twitter, a administração do Museu assim decretou: “Nesta nova fase do MLP, a vírgula – uma pausa ligeira, respiro – representa o recomeço de um espaço aberto à reflexão, inclusão e um chamamento para todas, todos e todes os falantes, ou não, do nosso idioma: venham, voltamos! #31JulhoMLP”. “

Isso mesmo. A partir de agora o símbolo do Museu da Língua Portuguesa é uma “vírgula”. Até aí nada demais. Que se dane a vírgula. Isso não me importa.

Mas e essa m. de linguagem neutra no texto publicado pelo próprio Museu da Língua Portuguesa? “…inclusão e um chamamento para todas, todos e todes os falantes…”. What the f. is that???

Uma das discussões mais polêmicas atualmente a respeito da Língua Portuguesa é a utilização de vogais temáticas.

Trata-se da proposição de uma terceira forma de escrita e de pronúncia, que vai além do “A” - para o sexo feminino e - do “O” - para o sexo masculino.
A tal da “terceira letra” seria então utilizada referindo-se a todos, sobretudo àqueles que não se identificam com a chamada binariedade (não se sentem confortáveis associando-se ao feminino ou ao masculino). Virou moda até no “inteligente” programa intitulado “Big Brother”, marco supremo da sub-cultura ocidental - e decadente - na atualidade.

Não há possibilidade de que um museu cujo objetivo principal é familiarizar o povo brasileiro (cuja metade, provavelmente, ainda é analfabeta funcional, ou seja, não compreende e não interpreta aquilo que supostamente lê e escuta) com o idioma pátrio, resguardando-o e protegendo o legado de seus maiores expoentes, tenha o descaramento de violentar a própria língua portuguesa por meio de uma idiotice abjeta, coisa de imbecil, de gente obtusa e que tem titica de galinha na cabeça!!! Isso se tiver cabeça…

Ao que tudo indica, o Museu da Língua Portuguesa afastará ainda mais a língua de seu povo porque, muitíssimo em breve, não conseguirá mais promover diálogo entre um visitante e os nossos autores clássicos mais consagrados, e que já estão se revirando em seus túmulos diante de tamanha aberração de supostos “costumes”. Eles não utilizavam a “linguagem neutra”.

Não se trata de “adaptar-se a um novo tempo”. Trata-se de defecar sobre a memória de mulheres e de homens magníficos, e que dedicaram as suas vidas à exposição de ideias e de sentimentos por meio da comunicação, sobretudo a escrita. Tudo isso graças a uma estranha militância de apedeutas, desocupados, mentecaptos infames.

O Museu da Língua Portuguesa agora está aberto novamente ao público. Mas o público talvez esteja ainda mais opaco. E os seus gestores, muito mais opacos do que o próprio público. Ou talvez não mereçamos ter museus, já que os vilipendiamos tanto no que tange à forma quanto ao conteúdo. Brasileiros não visitam os muses. Brasileiros queimam os museus, até mesmo metaforicamente.

O que devo esperar de um Museu da Língua Portuguesa estuprador da própria Língua Portuguesa?
(em 01/2022)

⁠E o lodo que desce da chuva calunia a pedra de topázio, no intuito de ofuscar seu brilho inconfundível. Mas o lodo será sempre o lodo. Sujo, passageiro, lavável. Já o brilho do topázio não se desintegra com maledicências sazonais e torpes.

⁠Quantos de nós já não tivemos superiores hierárquicos impiedosos, e que nos atribuíam tarefas que julgavam impossíveis a fim de nos desestabilizar e de enfraquecer a nossa própria força de trabalho? E ao superarmos tais tarefas ditas “impossíveis”, quantos desses caras se descontrolaram ante a nossa louvável resiliência? Eu seria muito herege ao afirmar que Jó, em sua fé inabalável, conseguiu manipular a Deus, quando na verdade Deus tentava inutilmente manipulá-lo, infringindo-lhe os mais terríveis sofrimentos?

Tudo em mim é a tendência a querer ser algo novo, e ainda para descobrir o diferente. Viciosa impaciência do espírito consigo mesmo, inquietante e desassossegada. Tudo é interessante. Todo desafio ainda não vencido é tentador e único na vida.

⁠Quem são os Verdadeiros Órfãos do Olavo de Carvalho?
(por Andre R. Costa Oliveira)


Olavo de Carvalho faleceu na noite do último dia 24 de janeiro.
O “bruxo” foi de tudo nessa vida: ateu, comunista, astrólogo, muçulmano, cristão, extremista de direita, professor autodidata e por aí vai.

Não, não sou sou um fã do Olavo de Carvalho, muito embora conheça razoavelmente o seu trabalho - tanto o bom quanto o ruim.

Há, contudo, uma pergunta importante a ser formulada: quem são os verdadeiros “órfãos” do Olavo de Carvalho?

Todos nós sabemos que os seguidores e simpatizantes do Olavo (bem como o mercado editorial e jornalístico brasileiro, que lucra absurdos com as suas várias polêmicas) já dispõem de um espólio intelectual consolidado por meio de livros, artigos, ensaios, palestras, seminários, entrevistas e debates. E que certamente agora serão todos amplamente revisitados e reeditados. Muita gente vai ganhar com isso.

Só que o maior legado do Olavo de Carvalho ainda não foi dito: o Olavo deixa órfã toda uma legião de militantes burros de esquerda que o elegeram (não sem alguma razão, muitas vezes) o baluarte do reacionarismo, do excessivo conservadorismo (embora conservadorismo não seja um defeito) e de tudo o que, na visão dessa galera, a direita brasileira representaria de ruim, de sórdido e de execrável, superestimando-o.

O grande problema é o seguinte: sendo agora o Olavo de Carvalho um defunto (assim como todos nós ainda o seremos) quem será o “target” da “elite” pseudo-intelectual da esquerda? Quem será o anti-Cristo? Quem será o boneco de Judas Iscariotes a ser espancado e queimado aos sábados de aleluia??

Eu mesmo respondo: o vilão de toda a esquerda burra*, a partir de hoje, é a própria consciência da esquerda burra. Seus vários pecados que até então vêm sendo convenientemente olvidados, jogados sob o tapete na vã expectativa de que a sociedade os esqueça por completo. As inúmeras contradições, ambiguidades, hipocrisias, dissimulações, vaidades, soberbas e beligerâncias dos que almejam o poder às custas da imposição de medo, de assombro, de um “inimigo invisível mas que vê a tudo e a todos” - inimigo, que conforme profetiza Orwell, é a própria esquerda, com seu Big Brother. Sendo que a História, por seu turno, nos mostrou em várias ocasiões (ao longo de séculos de sangue e de sofrimento impostos e sugados pelo totalitarismo) que esse modelo é utópico, escatológico, anti-civilizacional e ineficiente, além de extremamente violento porque tende a sufocar, acima da liberdade de agir, a liberdade de Pensar; liberdade de Querer; liberdade de Ser e de Existir na qualidade de seres humanos plenos.

Já está na hora da esquerda burra aceitar o fato de que não existe um “ditador se estimação” guiado por um “Rasputim tupiniquim” atrás do armário ou embaixo de sua cama, à espreita para lhe roubar o sono.
O que realmente existe são 15 longos anos de atraso, estagnação econômica, corrupção e várias outras iniquidades que instituíram, por meio de um certo partido político, umas das maiores organizações criminosas da história do mundo. Coisa de fazer inveja às grandes “famílias” da máfia italiana, aos cartéis combinamos dos anos 80, às FARC e à Yakuza japonesa.

“Inventar” adversários, agredi-los e demoniza-los a fim de dispersar debates na ausência de argumentos plausíveis é medida já ultrapassada, pueril, tática “batida” dos livrinhos do Antonio Gramsci (um escroto sobre o qual eu não estou a fim de falar hoje).

Quero ver agora quem é “homem” o suficiente para admitir os erros do passado recentíssimo, reconstruir a narrativa, extirpar de uma vez por todas a neoplasia da esquerda burra.

Olavo de Carvalho agora é falecido. Fez muita bobagem. Indicou ministros idiotas ao governo Bolsonaro. Bradou, atacou, insultou e difamou ao longo de sua vida. Mas Olavo argumentava. Queiram ou não aceitar tal fato. O Olavo argumentava e, assim argumentando, ajudou a despertar o senso crítico de milhões de brasileiros menos obtusos para a mastodôntica estupidez e malignidade do discurso “politicamente correto”; para a decrepitude da educação e das academias brasileiras; o projeto de poder infame, “cleptocrata” da esquerda brasileira.

Meus pêsames àqueles que, de hoje em diante, não terão mais o Olavo de Carvalho para atribuírem culpa por mazelas e por dissabores que vivemos.
Eu sugiro que encontrem logo outro “inimigo”. É mais fácil (e mais rápido, mais cômodo) do que reconhecer as merdas que fizeram em quase duas décadas de roubalheira e de manipulação de massas.

Os que hoje comemoram o falecimento do Olavo de Carvalho são os mesmos que não fazem bosta nenhuma por quem quer que seja, exceto para eles mesmos. São os parasitas, são os vermes, puxa-sacos escolados na “arte” de aproveitarem-se de um governo de esquerda, para assim ganharem uma “boquinha” no serviço público. Seja um contrato, uma função comissionada ou uma cerveja de graça no churrasco do partido.

Ah, mais uma coisa: aos que crêem em Deus de verdade, não se comemora a morte de um ser humano. Não é cristão.
Se na história do homem, a partir de Paulo, houve um Enviado - “messias” em hebraico e “Cristo” em grego - e tendo sido Ele efetivamente visto e estudado ao longo dos dois últimos milênios (e até mesmo antes), a questão recai sobre a fidelidade ao que se viu em uma nova crença; portanto, a fé (o que implica em esperança, uma vez que, pela fé, existe a esperança) há o conceito de “ação” na fé (busca constante da esperança), o que Paulo chama de Amor: daí a tripla paulina que mudará o mundo: fé, esperança caridade.

Portanto, deixem os mortos descansarem. Sobretudo aqueles mortos que para vocês, da esquerda burra, são tão odiosos (a menos que não sejam assim tão odiosos, haja vista a importância que recebem).
Boa semana a todos.
(Em 01/2022)

*esquerda burra não é pleonasmo, embora o seja para muitos. Há pessoas de ideologia de esquerda com poder de argumentação satisfatório - tudo bem, vá lá, não são tantas assim. Mas existem.