Às Vezes
A vida, às vezes, me atravessa com cortes que não se veem — mas doem fundo.
Ainda assim, há um sussurro suave no meio do caos, dizendo: “isso também vai passar”.
Porque há um Deus que recolhe os meus cacos com ternura…
e vai, delicadamente, me refazendo.
Não de volta ao que eu era.
Mas ao que eu posso ser — depois de tudo.
— Edna de Andrade
Às vezes, uma tristeza tão penetrante
Invade e arrebata minha alma,
Levando-a para um lugar desconhecido,
Onde me perco e não me encontro,
Onde não existem portas nem janelas,
Apenas uma estrada longa rumo ao mistério da vida.
Inseguro, volto minha atenção para trás,
Com os olhos sobre os ombros,
E o peso das minhas decisões sobre as costas,
Tropeço nas minhas incertezas.
Rendido, me entrego ao chão,
Derramo-me sobre a cama e inicio um novo dia nessa velha rotina.
E mesmo quando acordado, eu converso comigo mesmo, tenho o hábito de conversar sozinho.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto.
Eu penso demais, e a minha cabeça pesa toneladas.
Lembro de coisas que gostaria de ter esquecido e imagino coisas que gostaria que não tivessem acontecido.
Deus, com sua ironia, me amaldiçoou com o pensamento, e me fez inquieto, inquisitivo.
Há um certo prazer até no cansaço que isto me dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Fui comer duas batatas e a que estava em minha boca caiu diversas vezes, "Por quê?" você poderia indagar, pois eu busco três.
Às vezes, a vida toma rumos que a gente não entende.
E o coração, inquieto, pergunta baixinho: "Por quê?"
Mas há uma sabedoria mansa nos planos de Deus...
mesmo quando eles não parecem com os nossos.
Confia.
O que hoje confunde, um dia se alinha.
O tempo d’Ele é exato, mesmo quando nos parece silêncio.
No fim, seus passos e os Dele vão se encontrar.
E vai fazer sentido — de um jeito bonito.
— Edna Andrade
Nem tudo o que dói foi Deus quem escreveu.
Ele nos deu escolhas —
e a vida, às vezes, devolve
o que a gente plantou sem perceber.
Deus não castiga.
Ele cuida.
Mesmo quando seguimos por caminhos
que Ele nunca quis que a gente fosse.
Não é sobre culpa.
É sobre consciência.
E sobre saber que, mesmo assim,
Ele continua ali — amando, guiando, esperando.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
Você não precisa fazer grandes coisas para ser importante.
Às vezes, estar é o bastante.
Estar com verdade.
Estar com presença.
Estar com alma.
Tem pessoas que curam só por existirem do lado.
E você é uma dessas.
— Edna de Andrade
Nem todo cansaço é físico.
Às vezes, o que pesa é a entrega.
Mas até nisso você floresce.
— Edna de Andrade
Nem todo fim é queda.
Às vezes, é curva.
Desvio.
Chão fértil pra semente nova.
Recomeçar não é esquecer o que doeu —
é escolher florescer,
com cicatrizes e tudo.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
Tem dia que a gente não sabe por onde recomeçar.
Mas só de tentar… já é começo.
Às vezes, o primeiro passo
é só respirar diferente.
É dizer “hoje vai ser mais leve”.
E, aos poucos, é.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
Silenciar não é fraqueza.
Às vezes, é só o coração pedindo pausa
pra escutar o que o mundo calou.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
Desapegar
Às vezes é preciso largar…
deixar ir o que já foi cais,
mas hoje só âncora pesa.
Romper os laços do ontem,
fechar as portas sem pressa.
Caminhar pela ponte antiga,
mesmo que rota, esquecida
com os pés firmes no presente
e o coração livre da ferida.
O que antes foi abrigo,
agora é muro, é prisão.
O afeto que já curou,
hoje machuca em vão.
Então, agradecer em silêncio,
o que um dia foi abrigo e flor,
mas que agora é folha seca,
sem perfume, sem cor.
Despedir-se com ternura
dos nomes, dos sonhos, da ilusão,
e lançar-se no novo que chama
com verdade e direção.
Sorrir para a luz que nasce,
acolher o que faz sentido,
tornar-se mais leve e inteiro,
mais gentil consigo mesmo,
mais vivo, mais decidido.
Porque viver é, sobretudo,
saber que o tempo transforma,
e que é preciso soltar o velho
para que o novo se forme e se informe
com liberdade, com alma, com forma.
Nem todo recomeço é bonito. Às vezes ele nasce da dor, do cansaço, do quase. Aprender a soltar o controle. Fazer a sua parte e deixar o universo agir. Tem horas que não é sobre fazer mais… é sobre soltar.
Agradeço
Agradeço por ter tido a coragem de me dizer tudo que disse.
Às vezes a gente só se lembra de partes que a gente também é quando alguém aponta.
E eu já tinha me esquecido de algumas versões minhas que gosto de ser.
Contradições
Sou contraditório.
Às vezes acho que sou um escritor “bom”.
Quando releio o que escrevi e sinto algo real.
Como se as palavras fossem minhas cicatrizes com nome.
Outrora, vejo que sou apenas um iniciante.
Perdido entre ideias soltas,
com medo de nunca ter algo original pra dizer.
Me sinto vazio por dentro.
Como se tivessem me secado aos poucos,
sem que eu percebesse.
Mas transbordo nos meus textos quando ninguém tá olhando.
Textos de puro sentimento.
Intensos demais.
Quase vergonhosos.
Quase como se alguém estivesse me lendo por dentro.
É um excesso disfarçado de ausência,
uma sobrecarga emocional
camuflada de silêncio.
Duvido do meu valor.
Todos os dias.
Nos detalhes, nos silêncios, nas comparações que faço com os outros.
Mas luto pra tentar demonstrar.
Escrevo, continuo, me exponho.
Mesmo com medo de não ser suficiente.
Mesmo tremendo.
Porque cada palavra é
a prova viva de que eu ainda sinto algo.
E enquanto escrevo,
ainda resiste em mim uma parte que sobrevive.
Acredito que ninguém virá me ajudar.
Porque aprendi a não esperar.
Aprendi que ajuda demais decepciona.
Mas escrevo como quem espera ser encontrado.
Como quem joga garrafas no mar.
Esperando, secretamente, que alguém leia as entrelinhas.
Mesmo negando, ainda há em mim um farol aceso.
Me recuso a sonhar.
Como se sonhar fosse um luxo que não me pertence mais.
Como se já tivesse sonhado o suficiente por uma vida inteira.
Mas sonho todos os dias.
Com vidas que não vivi.
Com amores que só existem no papel.
Com finais felizes que nascem só na minha cabeça.
É a forma que encontrei de viver sem me iludir...
mas também de não desistir por completo.
Temo eu não ser mais eu.
Como se, aos poucos, partes de mim tivessem sido arrancadas.
Trocadas.
Desgastadas.
Como o navio de Teseu —
onde já não sei mais quais partes ainda me pertencem.
Mas tento me reconstruir todos os dias.
Com pedaços de ontem.
Com fragmentos de silêncio.
Com a coragem frágil de continuar escrevendo.
Porque escrever ainda é a única maneira que conheço
de tentar voltar pra casa.
Me enxergo em tudo que faço.
Mesmo que não percebam.
Mesmo que ninguém veja.
Mas precisei de uma segunda opinião
pra me ver nas contradições.
Doeu escrever tudo isso.
Mas sinto que essa dor faz parte
da “cura” que nunca virá.
Às vezes, descansar é o ato mais corajoso de fé.
Silenciar por dentro…
também é uma forma de oração.
— Edna de Andrade
Os Leões da Família
Por Aline Caira Gomes
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Muitas vezes, aqueles que são rotulados como as "ovelhas negras" da família são, na verdade, os verdadeiros leões da linhagem. São indivíduos que carregam dentro de si uma força ancestral e uma coragem inata, despertando cedo para a missão de romper ciclos antigos, curar feridas silenciosas e ressignificar o futuro de sua árvore genealógica.
Essas pessoas não se encaixam simplesmente porque vieram para expandir e transformar. Não repetem padrões, pois nasceram para inovar. Apesar de frequentemente serem incompreendidos, rejeitados ou até marginalizados, eles assumem uma responsabilidade profunda e silenciosa: libertar as gerações futuras das amarras invisíveis que restringiram seus antecessores.
Mesmo diante das adversidades e do isolamento, escolhem florescer onde antes havia estagnação. Renovam raízes, fortalecem troncos e abrem novos ramos com amor, coragem e resistência.
Essa postura que pode parecer rebeldia é, na verdade, um processo de cura. A persistência que muitos chamam de teimosia é, na realidade, uma demonstração de força e resiliência. A singularidade desses indivíduos é o elemento que gera renovação e transformação.
Sua rebeldia é um terreno fértil para o crescimento. Sua sensibilidade, um rio que purifica e revitaliza. Sua ousadia, o vento que traz o novo. E sua paixão, o fogo sagrado que reacende o espírito dos ancestrais.
Valorize essa singularidade como quem protege a flor mais rara da sua árvore genealógica. Você representa a resposta a uma prece antiga, o sonho audacioso que seus antepassados não puderam concretizar.
E se algum dia forem chamar você de diferente, rebelde ou incompreendido, respire fundo, mantenha a serenidade e declare com convicção:
“Sou o elo de libertação e transformação da minha linhagem.”
Às vezes, não é o que você tem que incomoda. É quem você é. É a sua luz, o bem que você espalha, o jeito como trata as pessoas. A paz que você leva para os lugares. É esse tipo de coisa que o dinheiro não compra e que ninguém pode tirar de você. 🙏🏻
