Às Vezes
As vezes a ausência de uma pessoa que amamos; é a certeza que precisamos para entender que sem você eu morro de saudades!
As vezes olhamos para uma pessoa e não conseguimos expressar em palavras o amor que sentimos, mas um olhar penetrante e sereno revela com mais clareza do que mil palavras!
Às vezes a vida vai te apresentar acontecimentos que parecem ser o fim, e realmente é, porém é um fim necessário, esse fim chega para dar espaço para um novo e bonito começo. Comece diferente, que esse seu novo começo não se torne aquele fim que já foi embora. Escrever, por exemplo, tornou-se catarse que me mantém vivo, mas sei que esse novo rumo exige vigilância para não se perder no medo do passado.
Às vezes o excesso te faz desistir um pouco a cada dia, quando o peso de medicamentos, de cirurgias e de olhares comissivos se acumula, sinto-me afundar gradualmente, cada nova praga de dor retira uma parte da minha vontade de lutar, essa erosão diária ensina que a resistência não é
um salto heroico, mas uma sucessão de escolhas pequenas para continuar respirando apesar da exaustão acumulada.
Ninguém te entenderá, ninguém pode sentir a dor que você sente, às vezes nada é dito, porque você já desistiu de demonstrar e ninguém vê, às vezes viver cansa, percebo que minhas tentativas de explicar meu sofrimento a quem nunca viveu nada semelhante soam vazias, as palavras se perdem no eco de empatia limitada, quando decido silenciar minha dor, sinto que me torno invisível, mas isso acaba salvando-me de perguntas vazias, ainda assim, esse isolamento agrava o cansaço de simplesmente existir.
Às vezes, a frustração deságua em tempestade, quando o fôlego escapa e a voz se cala, e o corpo, traidor silencioso, trava sua guerra. Mas no fogo da raiva que me consome, arde também a brasa viva da coragem, um tambor que ecoa em meu peito, marca o compasso da luta que não finda, o passo firme no fio frágio entre desistir e persistir. Nesse turbilhão de emoções, nasce a semente da esperança, um suspiro que floresce em silêncio, um canto sutil que insiste em existir.
Mesmo cercado de vozes, às vezes sou só silêncio. Aprendi que a solidão não mora na falta de pessoas, mas no espaço invisível entre o que sinto e o que o mundo enxerga. Há dias em que sou multidão por fora e deserto por dentro, mas ainda assim, sigo procurando um olhar, um gesto simples, que me alcance além das palavras.
Às vezes, desejo sair do meu corpo e ser só sombra, livre da dor que insiste em ficar. Mas este corpo pulsa, me chama a resistir. E mesmo na escuridão, nasce uma luz pequena, promessa de que a aurora sempre pode voltar.
Às vezes, minhas palavras são ventos frios que cruzam sem querer, tocando almas alheias com a pressa da minha dor. Mas nesse sopro partilhado, encontro um laço invisível, um abraço sutil onde não há solidão, apenas a promessa serena de cura em cada respirar compartilhado.
Ansiedade corrói por dentro, êxtase voraz do imediato, não é sempre luz, às vezes, corrente que me amarra, um labirinto sem saída.
Somos fortes, corajosos, resilientes, mas, às vezes, precisamos que alguém
nos aponte essas virtudes, porque nem sempre conseguimos vê-las em nós mesmos. É no olhar do outro, no gesto de cuidado, que redescobrimos nossa luz apagada, o poder que, às vezes, esquecemos ter.
Assim como disse Heráclito, "nenhum homem entra duas vezes no mesmo rio" pois, na segunda vez, nem o rio guarda as mesmas águas, nem o homem conserva o mesmo ser. Tudo é fluxo, impermanência, transformação. A água que escorre já não é a de antes, e aquele que retorna traz no corpo e na alma as marcas do tempo, as cicatrizes do caminho, os ecos do que aprendeu e do que perdeu. A vida é esse eterno vir-a-ser, uma travessia por instantes únicos, que se esvaem como a correnteza, deixando apenas a memória breve do toque, do passo, do olhar. Somos feitos de passagens e nunca mais seremos os mesmos de um momento atrás.
Os animais lutam para sobreviver, eles tem dignidade, já oser humano, muitas vezes nem dignidade tem.
Não se trata de mudança de humor constante, trata-se de, às vezes, eu não conseguir fingir que estou bem. Sem perceber, às vezes sou verdadeiramente eu, e isso incomoda.
Ao não conseguir mascarar a verdade interior, sinto-me exposto à própria fragilidade, como se deixar que meu “eu” verdadeiro apareça fosse admitir que tenho falhas e medos que fogem ao controle. Essa transparência, ainda que
dolorosa, revela que a força que me sustenta vem de aceitar minhas quebras em vez de fingir perfeição.
Às vezes, o destino, a vida, vão te ensinando a ser mais duro. Isso é um ato de sobrevivência. Com o tempo,
descobrimos que não é todo mundo que merecem sua risada, seu abraço, sua atenção. Essa é apenas uma evolução que faz você sobreviver mais um dia. À medida que enfrento olhares de pena e sussurros disfarçados de “preocupação”, tornei-me endurecido, proteger o coração tornou-se instinto de defesa. Essa casca emocional me impede de receber
afeto genuíno, mas me mantém vivo quando tudo ao redor parece conspirar para me derrubar.
A escuridão não é a ausência de luz. É algo muito mais complexo. Eu já estive lá várias vezes, aliás, ela, de vez em
quando, vem ao meu encontro. Mas, mesmo nas sombras, eu sei que Deus está sempre comigo, nunca me
desamparou. Mesmo na escuridão completa, segura a minha mão e me mostra o caminho. A ausência física de claridade simboliza apenas a fração visível do que sinto, há uma densidade sombria que engole sentido e esperança. Porém, a percepção de uma presença divina me faz acreditar que existe, mesmo no ponto mais escuro, uma mão invisível capaz de me guiar quando minhas forças falham.
É preciso utilizar a inteligência às vezes, muita gente não usa porque tem medo de gastar aquilo que não tem.
