Às Vezes

Às
vezes
não é amor.
É só uma pessoa
acariciando suas feridas
sem fingir querer curá-las.

Às
vezes
não é amor.
É só alguém que suporta
o lado pimenta do outro, só pra ter
o direito de saborear o lado chocolate,
que é doce, doce e doce.

Às vezes
não é depressão.
É só a falta de uma
conchinha pra dormir.

Às
vezes
não é amor.
É só um fã de
sorrisos e amante de abraços.

Às
vezes
não é solidão.
É só um silencio
como remédio para
acalmar a alma tempestuosa.

Ei
moça!
Às vezes
não é amor.
Eu só te coloquei
nas coisas que eu
não posso fazer sem.

Às vezes
não são rugas.
É só escavações
a parti de nossas
lágrimas, de nossas
risadas, são o nosso
diário escrito no corpo.

Às vezes
não é cristão.
É só alguém que,
não acredita em ninguém
e pensa que acredita em Deus
e como ele não ama ninguém
Ele também acredita que ama Deus.

Às
vezes
não é amor.
É só um olhar
que nos cega inteiro.

Às
vezes
não é cristão.
É só uma pessoa
seguindo a fila da benção sem
nunca saber o que é ser um mundo no mundo.

Às
vezes
não é depressão.
É só o ouvido sintonizado
sempre para dentro, das tristezas sonoras.

Às
vezes
não é amor.
É só o verbo caber
estreitando o suficiente
para adentramentos passionais.

Às
vezes
não é cristão.
É só uma pessoa que
perdeu as questões do mundo
e vive a resmungar devassas idolatrias.

Às
vezes
não é amor.
É só uma fome de
alma, de pele e de gente.

Às vezes não é loucura.
É só a vida brincando de absurdos.

Às
vezes
não é amor.
É só uma poesia,
que chega sorrindo
quando o mundo todo
te virou as costas.

Às
vezes
não é amor.
É só um exercício
de extrema fantasia.

Às
vezes
não é divórcio
e nem falta de amor.
É só pedras colocadas
onde não há mais desejos.

Às
vezes
não é amor.
É só uma paz de
espírito a preços razoáveis.

Às
vezes
não é amor.
É só uma mentira
colocada no topo da pirâmide social.