Arrancar do meu Peito
TORTURA ...
Aqui – um soneto de amor enrabichado
Torturado, com saudade, cheio de emoção
Lembrando cada olhar e cada beijo dado
Em ti, que fez de teu servo o meu coração
Aqui – um ritmo poético e compassado
De um sentimento tão pleno de paixão
Afeto e promessas dum desejo arrojado
Onde minh’alma teve mais que sensação
Aqui – é um soneto de minha sofrência
De um passado no cerrado de carência:
Da tua atenção, teu abraço, o teu calor
Vai, aqui, a minha poesia falar-te, então,
Do quão de te sinto falta, falta de vazão
Da dor, que sinto no vazio do teu amor! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/03/2021, 05’05” – Araguari, MG
AMOR IDO ...
Pranto e choro depois duma dor dolorida
tenho saudades. Mas, quase sem rancor
no peito onde viveu aquele imenso amor
que foi o mais valedouiro de minha vida
Acatei então, quanta sensação querida
vivida, que se pode haver no dissabor:
a nostálgica lembrança, o cheiro, a flor
dada com carinho, e jamais esquecida
A recordação é o que me restou de ti
ausência do beijo, era aflição, esqueci
afogado na sofrência na beira do cais
Da solidão. Pra ti fui apenas mais um
e, nos votos, o compromisso, nenhum
de um amor que foi e que não é mais! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/03/2021, 05'50" – Araguari, MG
SARAU ...
Ao canto da emoção, o sentimento deserto
ele numa solidão e ela tão cheia de agonia
o senhor amor e a senhora paixão. E vazia
a sensação, tudo assemelhava tão incerto
No ritmo da alma, o desejo estava coberto
de insatisfação. E a cadência de carícia fria
os olhos soluçando e um silêncio ali se via
na escuridão, se ouvia o medo de tão perto
Toca a orquestra da noite, a lua faz serão
balbucia gemidos nas batidas do coração
tal um surdo dando o seu último adeus
E o sarau adentrava o alvor, no compasso
o pranto, as lágrimas, num memo espaço
bailando queixas, sofrência e pesares meus ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/03/2016, 19'33" – Araguari, MG
A vida sem ti seria imperfeita, quase nada.
Forma incompleta, linha reta, maçã mordida.
O mundo sabe que sem você não teria a mesma beleza, posto que faltaria peça principal de seu quebra cabeça.
- “O que que a gente faz agora?” Pergunta ela.
- “Não faço a menor ideia”. Responde ele.
EUFORIA ...
Este contentamento impossível de conter
Que alegra, canta, suspira, chora, aflora
Vive no meu peito, em flores a florescer
Na duração sem fim onde o agrado mora
Sem fim, amplo, é vida, que vive a viver
Certeira e fatal, serena, ao fascínio cora
Que acontece quando tem de acontecer
Embora seja sedução, e sensação afora
Nada mais que um olhar, um itinerário
Tudo assim, mão na mão, querer diário
O sussurro, o beijo, um isto, um aquilo
E neste cenário bucólico de um amador
O desejo, o sim, a cumplicidade de amor
Faz a emoção cada, ter euforia e estilo... ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31/03/2021, 07'33" – Araguari, MG
(segunda dose da vacina da
Dona Maria de Fátima Brasileiro)
PASSANDO ...
Sulca-me as frontes já rugas encanecidas
Olhar embaçado eu vejo o velho cerrado
Torto, “pedregado”, arbusto tão delgado
No tempo vou em velocidades incontidas
Cabelos brancos, vá, não seja tão abusado
O meu espanto, quanto as tuas investidas
Tão fugaz, minhas queixas enfraquecidas:
Lamentos, surpresa, pavor, sem resultado
Tive antipatia, tive inocência, e repulsa
Com a estranheza furiosa da mudança:
No espelho a figura avelhantada pulsa
E, atendo ao inevitável, já, só lembrança
Passou, vai passando, e a história incursa
Ao passado, a temporada de ser criança...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Abril de 2021, 12’45” - Araguari, MG
SENDAS ...
Enfim, posso partir, já amei
O amor agradável, e quente
No agrado divinal, fremente
E, assim, então me entreguei
Dos sentimentos, nem sei
O mais envolvente, ardente
Só sei que não fui ausente
Enrabichado sempre fiquei
Hei de carregar a recordação
Toda ela no coração vivida
Se bem ou mal, foi sensação
Assim, é o meu amor na lida
De incontida e doce emoção
Versando as sendas da vida! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/04/2021, 18’33” – Araguari, MG
Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
Fica a saudade, e nossas orações em um monólogo de fé. Que se
torna um diálogo com Deus.
Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Triângulo Mineiro, novembro de 2020
CHICOTE
Se punição por vos desejar se merece
Qual desejo está isento? e ao vento?
Na sua razão do ingênuo sentimento
Solto das amarras, e que se esquece
Qual mor amor no fado se oferece
Que dedicar-se a vos todo o tempo
Em glória e tão repleto de fomento
Que no bem e ventura se apetece
Porém se ei de punir a quem, infando
Que seja ao meu coração sofrente
E assim o meu amargar é todo vosso
No meu haver, podeis, até quando
Ordenar nele o ocaso inteiramente?
Se ter-vos enamorado, não posso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/11/2020, 08’34” – Triângulo Mineiro
Mais um Natal
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Na Vida quando me falaram de amizade, aquela que nos acompanham fazendo-se presente até mesmo no silêncio, achei que era somente fantasia de um sonhador. E é real! Os que se tornaram distantes, hoje não me dizem nada, mas também trouxeram uma carga de evolução em minha existência. Os verdadeiros são presentes e pulsam no coração. Como é fantástico como vemos as pessoas de modo diferente com o passar dos anos e aprendemos com elas os significados mais estranhos dos sentimentos que nos tocam... É tão bom saber que amigos fazem parte, e que também a solidão tem sua fração. Neste mais um Natal, quero olhar cada rosto que vai marcar presença, esses sim meus amigos verdadeiramente fraternais, e retribuir com meu sorriso sincero. Pois o tempo galopa mais que o nosso olhar possa perceber, e a maturidade nos faz saudosos dos tempos ingênuos da irresponsabilidade, dos amiguinhos sem interesse, das brincadeiras de adolescentes, do tempo maravilhoso de faculdade. Saudade! Então quero agradecer cada manhã amanhecida, um presente Divino, uma alegria pra ser comemorada, partilhada... E nestes momentos de comemorações, dividir com a vida todo este festejo, aquela música que marcou um segundo, um minuto, um beijo, a poesia escrita com a pluma da alma, a mão que afagou com suas palavras de conforto, olhar que acolheu o meu olhar absorto, o abraço que em meu corpo se fez laço... Afinal, mais um Natal!
A MINHA SORTE
Quis Deus dar-me a sorte dum amor amado
Como o pôr do sol no cerrado, pura poesia
Dar-me uma cumplicidade, ser apaixonado
Um bailado de emoção em boa companhia
Quis Deus dar ao fado fortuna e empatia
Com sensação ardente e olhar enamorado
No prazer ter a sede com volúpia e ousadia
Incrível, como é bom ter o afeto povoado!
Quis Deus mimar-me com áurea dourada
Da satisfação, e então, a graça encantada
Dos carinhos e dos beijos que eu sonhei!
Anda! Depressa! Onde? Eu posso embalar?
Nada mais se esconde, no vão, quero amar
E suspirar o viril sentimento que encontrei!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/11/2020, 20’01” – Triângulo Mineiro
QUANDO FOR AMOR
Não há amor que não tenha um encanto
Todos são cheios de emoção e de magia
O haver, por mais dissonância, tem tanto
Lirismo, que há de ter sensação e poesia
Mas acaso nada tem, temos, no entanto
A quimera que nos dá a ingênua fantasia
A pureza, a companhia, então, portanto
Cada um, um bem, um cheiro e ousadia
E nas surpresas da vida, aquele certo
Amor. Sentimento liberto e sem dor
Pois, no querer o desejo foi desperto
O sonho que se vive, ó curioso valor:
Farto em ventura ou se falto na flor
O amor, se define, quando for amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 19’51“– Triângulo Mineiro
TRISTE MENINA
Chora cá a tua morte pra eternidade
os soluços que assim a memoraram
as lágrimas arrancadas não secaram
nos carecentes campos da saudade
Aflitiva entre as aflitas a tua verdade
molesta por todos faltos que faltaram
as tuas consumições nunca cessaram
na tua meiga e agitada sensibilidade
Então, sonha aí, posta na conciliação
no teu moimento da campa santa
agora pode aquietar o teu coração
Dorme, na graça e na união Divina
dói n’alma o silêncio que agiganta
ide em paz, saudosa, triste menina!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 11’23” – Triângulo Mineiro
Sétimo dia da Páscoa da prima Flávia Magalhães Nogueira
VENDAVAL EM CANTILENA PROSA
Cai no cerrado, ó chuva, e nos beirados
Sussurrando sons que o apavorar fiança
Em pingos d’água numa enfada dança
Purgando áridas angustias e pecados
Temporal no sertão, e tão agitados
Escoam nas planícies numa pujança
Deitando melancolias numa trança
De saudades e suspiros desolados
Do teu copioso gotejar, o luzidio
Relampejar, eriçando em arrepio
Que agita a tempestade tão furiosa
Troa lá fora, em um agravo vitupério
Estrondeando e envolto em mistério
De um vendaval em cantilena prosa...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/11/2020, 20’51” – Triângulo Mineiro
BOM DIA!
Acordo cedo com a passarada
D’alvorada vejo toda a magia
Sacode-me com jeito, a poesia
E abre-me a manhã iluminada
Estremunhado pela madrugada
Vou, louvando a todos mais valia
Afagando meus votos de alegria
Com voz torpor do sono deixada
Senhor! Gratidão por mais este
Avidar! Que seja sem abrolhos
Dá-me amor e agrado por guia
E reserva também, ó Pai Celeste
Ventura, sonhos aos bons olhos
E aos aqui ledores: - o bom dia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/12/2020, 08’58” – Triângulo Mineiro
A UMA SAUDADE
Entre as custosas saudades, pobrezinha
Que eu velo, no sentimento, uma existi
Que dói, corrói, inquieta, deveras triste
Que suspira quando a solidão avizinha
E nesta sorte da sensação tão sozinha
Uma carência na poética ainda insiste
Que no trovejar um desalento persiste
De tu, paixão, que não mais convinha
Sabe a lembrança velha abandonada
Que espanca, que não mais acontece
E ainda atucana na emoção acordada
E assim para, a olhar com nostalgia
Faminta de saudade, tal se quisesse
Tê-la vivente na ruminada poesia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/12/2020, 15’17” – Triângulo Mineiro
FASE
Cisma a dor n’alma descrente e fria
De uma emoção solitária e calada
Em sua fronte tristonha e chorada
Pesadas rugas duma sorte sombria
A luz da paixão, vazia de alegria
Carrega a saudade amargurada
Suspira sofrência na madrugada
A solidão, companheira da agonia
Ao pé da lua prateada. Pendente
A boa dita, o bem amigo da gente
Parece que dos céus nada realiza
Geme a brisa no cerrado, agrado
Qualquer, só o penar imaculado
É ventura, fase, o tolerar divisa!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/12/2020. 08’22” – Triângulo Mineiro
PRIMAVERA SEQUIOSA
Ó como a primavera caducou
Olha o cerrado, de letarga vida
- Ó chuvada, Vê! a triste ferida
No sertão, que a sorte faltou...
Tudo dorme, a ilusão perdida
Chora em derredor, chorou
A dor doída, que não rematou
E a forração que se fez abatida
Sequioso, que desdém o teu
Ó tempo, sem encanto seu
Sem canto, cor, sem graças
Quão desbotada a primavera
Sem hora, ó chuva em espera!
Ela que floresce quando passas...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 dezembro de 2020 – Triângulo Mineiro
CERTEZA
Este – o soneto da felicidade completa
Em que, poetando as horas de emoção
Sorri nas delineies, desfastio do poeta
Em um coração fiel e cheio de paixão
Este – o conteúdo de sensação, direta
Festeja, alucina, traz ventura na razão
Pondo a alma na completude, quieta
Cheios de harmonia e boa adoração
Este – o soneto da exaltação maior
Em que a frase terá aquele melhor
De tudo, pois é desprovido de dor
Este – poema dos poemas nascente
Que nos faz enamorados realmente
Este – é o verídico soneto de amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 dezembro de 2020 – Triângulo Mineiro
paráfrase a João de Barros
8
[...]uma rosa
ser como a rosa
viver em quimera
bela, toda a primavera
da fragrância prosa
de pétala formosa
de ser especial
afinal,
uma rosa é uma rosa...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08 dezembro de 2020 – Triângulo Mineiro
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