Arrancar do meu Peito
Estou evocando outra vez, o super homem, o anti-semita-cristão, pois ser complacente com covarde e ingrato é fraqueza moral, incapacidade de amar a si próprio...
A casca, um dia racha, um dia quebra, um dia se apodrece. Mas a essência, permanece. Em constante fluxo, inabalado pelo tempo, e enaltece.
Andando em passos largos,
Sentindo a chuva despedaçar o mundo,
Consigo ouvir o que as trovoadas dizem.
Está chovendo aqui fora.
Está chovendo aqui dentro.
Meu mundo está em tempestade contrárias.
Aperto o agasalho contra meu peito.
Os meus cabelos molhados,
Já cobrem meu rosto.
E meus olhos, já chovem.
Esse céu branco e suas gotas.
Essa neblina e seus ventos gélidos.
Está frio.
Me sinto como um garoto,
Que se molha na chuva,
E se torna,
A própria,
Chuva.
O amor é uma amizade que deu certo
Um silêncio perpétuo cerrou meus lábios,
não falarei mais sobre o espanto do amor
descobri tardiamente, ser a amizade,
de todos os sentimentos o maior.
A amizade está além de qualquer mito
dos que falam que o amor é sem igual
o que é o amor romântico incircunscrito,
pois que dura e não suporta um temporal?
O amor é uma dádiva de amigos a partilhar
quando almas generosas se permitem dividir,
uma cama, uma mesa ou mesmo um lar.
A amizade não se presta a vil conquista
como quer o encantamento dos amantes
não se compra, não se rende a uma bela vista.
TUA MÃO
tua mão,
taça refratária
onde bebo o vinho
e o sangue
da tua imperfeição!
tua mão
poderia ser calma
doce e refrigério
tua mão
é suor e lágrima
angústia e medo
afeto e repúdio.
tua mão
é sonho e pesadelo
paz e desespero
poema improvável
tua mão
taça refratária
onde bebo o vinho
e o sangue
da tua imperfeição!
Evan do Carmo
Se um homem leva toda sua vida lutando contra a mediocridade contemporânea, em busca de se tornar grande, mas a sua grandeza só virá póstuma, que proveito teve este empenho...?
Assim, penso que Van Gogh está para pintura como Fernando Pessoa para poesia.... Gênios ignorados pelos estudiosos do seu tempo...
NOTA DE EDITOR
Sou editor, mas antes de tudo sou poeta. Tenho muito respeito pelos meus pares, poetas e escritores, criaturas inquietas que não aceitam a vulgaridade da vida, por isso escrevem, a razão, contudo, sempre é nobre, mesmo que a obra não tenha ecos de eternidade.
Queria muito encontrar um Rimbaud, como Paul Verlaine, ou como Max Perkins encontrou e eternizou, Thomas Wolfe, Hemingway e Fitzgerald...
Não subestimo nenhum autor, leio todos que edito, leio ao editar e leio depois como estudo necessário da obra, caso seja provocado escrevo, vez por outra, uma nota sobra o autor e sobre a obra...
Escrevo poesia, não com intuito débil de ser eterno, nada é eterno, tudo flui ou passa como o rio de Heráclito. Tudo explode em vaco, somos átomos e abismos de Demócrito... Mas com tudo isso, a alma do poeta ainda insiste na eternidade da poesia e da musa.
DESESPERO E DESESPERANÇA
O mundo se encontra
em desespero
não há expectativa de coisas boas
para o futuro...
Caiu um muro, em Berlim
mesmo assim as divisões persistem
as guerras santas e ideológicas
o terror e o sectarismo
segam a justiça, privam os homens
dos direitos mais elementares.
o homem profana a sua origem e divindade
apodrece o planeta e mata a esperança
dos filhos do presente...
Não podemos esperar o apocalipse
para recomeçar uma nova experiência
as crianças clamam por uma chance
para fazer um mundo melhor
mas a base da humanidade desmorona
a cada gesto de covardia do homem atual
a cada crime cometido por ganancia
dos pais da desesperança
que semeiam medo e desconfiança
no coração dos homens de bem.
O mundo se encontra
em desespero
não há expectativa de coisas boas
para o futuro...
As mulheres não dão mais a luz
não acreditam mais no amor
no amor dos seus amantes
perderam a razão e a fé
em Deus e nos homens.
Abriu os olhos, em seguida sentou na cama. Olhou em volta, viu suas vestes, mas não as vestiu. Espreitou o sol e o relógio da consciência, que projeta-se ao meio-dia. Suspirou de enfado, caiu na cama, fechou os olhos, mas não dormiu... Sonhou acordado, ouviu as últimas batidas do seu coração...Desistiu do absurdo de viver.
Enigma lírico
Em seu sorriso melancólico,
vi um fatalismo tácito
seguido de um silêncio morno
incompreensível
Subitamente
revelo-se o crepúsculo de um mito,
o fim da ilusão dolorosa...
A resseca dionísica do um festejo
carnal, onde quase virou apoteose
de um carnaval em Veneza...
Encenamos um ato da tragédia goethiana
a morte do sonho mascarado
que fez do mendico de Fausto
um Rei Lear, em seu apogeu
glorioso de terna insanidade e lucidez
antes da traição lírica da musa
ao poeta da divina comédia
do amor platônico.
FICOU NO PASSADO
Em algum lugar do passado
você ficou,
ou foi o contrário,
fiquei eu,
diante do abismo do não
talvez ficamos ambos
invisíveis naquela foto
que não tiramos juntos
naquele abraço interrompido
pelo receio da consequência
naquela dança ensaiada
na caminhada à noite
sob à lua de setembro
nas pedras centenárias
da cidade morta
naquele beijo imprimível
Em algum lugar do passado
preferimos o silêncio
o acaso escolheu a inércia do corpo
e o calafrio das mãos
o quase sim da alma em desespero,
preferimos a calma e o conforto
a covardia racional
fugimos do mundo de Dante
restou a prosa proustiana
sem ciúmes, sem vida,
sem morte, sem poesia.
Evan do Carmo
A lei, reza a constituição, é igual para todo cidadão. Utopia platônica, como a ideia de democracia que nunca foi praticada de fato, com igualdade de direito do povo para o povo.
Onde uma minoria eleita pela maioria governa e goza de privilégios especiais. Isso nos faz lembrar a fábula dos leões e as lebres.
Seguindo o princípio elementar democrático, dos ditos direitos iguais para todos, em uma reunião, as pobres lebres que representam o povo no estado democrático, questionam o fato de serem deixadas para trás, na divisão da comida e citam a leia que lhes conferem igualdades.
Os leões, enfurecidos as repreendem dizendo: "Cadê as suas garras?"
"Os homens profundos não são compreendidos, contudo, são os mais ouvidos, por isso se tornam autoridades para os demais."
A METAFÍSICA DA FÊNIX
Sobre o mito da fênix, mito que não é grego originalmente, antes fora, como tudo de que os gregos se dizem autores, tem Roma como coautora. Contudo, se cavarmos mais fundo, encontraremos as suas cinzas no oriente, como mito cristão do renascimento espiritual, mito reinventado e adaptado do Egito, como o mito do cordeiro, ambos trazidos ao ocidente por Platão, segundo nos conta Voltaire.
Um mito tosco, que tenta explicar um ato de superação humana. Não pode ser possível que alguma coisa saia voando das suas próprias cinzas. O fogo sempre foi e será o símbolo perfeito e real de destruição, nada pode surgir do fogo com vida.
Todavia, creio que este mito tem muito a ver com a crença numa metafisica universal, a da sobrevivência da alma após a morte. Não nos serve como uma filosofia de vida, resta contudo entender a sua real aplicação.
Para mim tem efeito contrário, das cinzas nada pode surgir, nem mesmo como simples simbologia, é decadente e arcaica esta preposição para se superar, falo sobre o espírito humano, não se faz necessário chegar ao clímax da decadência para se reerguer, podemos reagir para outro estado de espírito e de consciência, do ponto em que nos encontramos, sem ter que descer ao fundo do poço da existência...
A fênix, todavia nos serve como modelo de ato de coragem, pelo fato de ter força moral para mergulhar no abismo, no fogo simbólico, onde intenta buscar algo novo, ou nova vida, outra chance de existência, que no seu caso é a inexistência das cinzas...
"Diante da grandeza os pequenos se apequenam ainda mais, quando deviam se elevar... Por isso são pequenos de espírito, como os vermes que se enrosca aos pés dos troncos resistentes. Assim são os homens do presente, diante dos deuses da arte do passado." #Evandocarmo
