Amor no Tempo Maduro- Carlos Drumond de Andrade
Às vezes falo sozinho e rio de mim mesmo, crio fatos malucos, digo coisas sem sentido, passo vergonha em alguns momentos, mas me finjo de desentendido, na minha inocência corriqueira, até me acho divertido, sou eu sem máscaras, sincero e descontraído, pois não sou um personagem que vive mentindo, dou valor a lealdade e tenho bons amigos, já passei dos 40 anos, mas conservo o meu espírito de menino... Mesmo triste e aborrecido, quando não estou só, faço questão de manter um largo sorriso, esta é a minha particularidade, é assim que eu vivo...
INOCENTES DO LEBLON
Os inocentes do Leblon não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe emigrantes?
trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.
Às vezes sou tentado a me admirar, e isto me causa a maior admiração.
Não é obrigatório ter motivo para estar alegre; o melhor é dispensá-lo.
Pouco importa o objeto da ambição; ela vale por si, independente do alvo.
Sempre necessitamos ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos faz desambiciosos.
Todas as ambições se parecem, mesmo que se contradigam; só a desambição não tem similar.
A ambição torna os homens audazes; a audácia sem ambição é privilégio de poucos.
A superioridade do animal sobre o homem está, entre outras coisas, na discrição com que sofre.
O animal não aprende nossas virtudes, se as tivermos, porém adquire nossos vícios.
O animal costuma compreender mais e melhor a nossa linguagem do que nós a deles.
Não se sabe por que os irracionais falam tão pouco, e os racionais tanto.
O animal de circo faz prodígios que o domador, se fosse animal, seria incapaz de executar.
O anonimato combina o prazer da vilania com a virtude da discrição.
Às vezes sou silêncio, às vezes barulho, sou sincero demais, desta forma, até eu me assusto, me faço de bobo, mas não se engane, observo tudo... Analiso pessoas e comportamentos, sei distinguir o que é bom e o que nos oferece tormento, poetizo um desconforto, mas é apenas para entender o outro sentimento... A vida nos oferece desafios, o universo conspira conforme seguimos, é Deus moldando a nossa particularidade, testando o nosso poder de superação, ainda estamos aprendendo e todos sabem que é verdade, pois estamos apenas caminhando sentido a eternidade... Por isso não importa quem você é, o que faz ou qual é a sua posição na sociedade, daqui a pouco não estaremos mais aqui, alguns irão mais cedo, outros um pouco mais tarde, mas se pudermos levar o bom sentimento com a gente, com certeza será maravilhosa a nossa passagem...
SEXTO SENTIDO:
Respeitando a família, as leis, as propriedades alheias e a Hierarquia, estaremos vivendo em uma sociedade civilizada.
Quem já teve a grata oportunidade de me ver sem paciência, sabe que não passo pano para gente folgada, não me comovo facilmente com vitimismo e não abaixo a cabeça para gente mal-amada...
Sei diferenciar o joio do trigo, conheço as particularidades de quem é falso, mas também reconheço o valor de um verdadeiro amigo.
Sei observar o que há em cada olhar, consigo ver quem quer e almeja me derrubar, é um dom divino, que prezo e estimo, pois através dele já escapei de muitas armadilhas disfarçadas de destino, é um sexto sentido, algo inusitado, mas que tenho comigo.
Por isso compartilho contigo, pois quem já presenciou a minha falta de paciência um dia, sabe e tem certeza que sempre foi com quem realmente merecia...
Talvez seja porque já conheci muita gente, de culturas e hábitos diferentes, pessoas com grandes posses e outras com miséria aparente...
Enfim, pessoas boas e ruins, cada um com o seu particular pensamento, mas que seguem vivendo, desta forma, aqui vai um oportuno ensinamento:
"Seja bom o tempo todo, o tempo todo seja bom, mas não seja o bondoso útil, aquele que para o oportunista, será apenas um simples instrumento."
A folha
A natureza são duas.
Uma,
tal qual se sabe a si mesma.
Outra, a que vemos. Mas vemos?
Ou a ilusão das coisas?
Quem sou eu para sentir
o leque de uma palmeira?
Quem sou, para ser senhor
de uma fechada, sagrada
arca de vidas autônomas?
A pretensão de ser homem
e não coisa ou caracol
esfacela-me em frente folha
que cai, depois de viver
intensa, caladamente,
e por ordem do Prefeito
vai sumir na varredura
mas continua em outra folha
alheia a meu privilégio
de ser mais forte que as folhas.
Não morres satisfeito.
A vida te viveu
Sem que vivesses nela.
E não te convenceu
Nem deu qualquer motivo
Para haver o ser vivo.
A vida te venceu
Em luta desigual.
Era todo o passado
Presente presidente
Na polpa do futuro
Acuando-te no beco.
Se morres derrotado,
Não morres conformado.
Nem morres informado
Dos termos da sentença
Da tua morte, lida
Antes de redigida.
Deram-te um defensor
Cego surdo estrangeiro
Que ora metia medo
Ora extorquia amor.
Nem sabes se és culpado
De não ter culpa. Sabes
Que morre todo o tempo
No ensaiar errado
Que vai a cada instante
Desensinado a morte
Quanto mais a soletras,
Sem que, nascido, mores
Onde, vivendo, morres.
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